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Preto 💰

Tinha bagulho que era foda, papo reto. Eu queria pra caralho pegar a Letícia, sabia que eu não ia me arrepender, mas era o mesmo bagulho de se entregar pra morte.

Primeiro que eu nem podia ficar saindo do morro pra ficar de bobeira, depois, nada passa batido, pode demorar, mas uma hora chega no ouvido de quem não deveria.

Se eu não fosse braço direito do Patrão, era mais fácil, porém, eu era. Além de tudo tenho maior gratidão pelo que ele já fez por mim, segurou minha barra quando eu era um viciado e me ajudou a sair, coisa que ninguém fez por mim.

Quando eu vejo a Letícia eu vejo a cara dela pra mim, vejo a curiosidade, a vontade. Mas aí é foda, tinha que ter muita mente pra ficar com ela sabendo que não ia demorar muito pra todo mundo se fuder.

Depois que eu tirei a prova que ela entrou em casa, fui pra minha e fumei um prensado. Depois dormir sem caô e de manhã fui fazer meus bagulhos, quase dez horas quando o Patrão chegou de cara fechada e me chamou pra salinha.

Patrão: Ai parceiro, papo reto mermo. Mulher é um bagulho que não foi feito pra ser entendido, papo reto cara, tem outra não. Se eu trato mal, com diferença, nem olho na cara, fica reclamando. Se eu faço um esforço a mais, merma coisa, se fuder.

Preto: Claro pô, tu vive pouco se fudendo ai do nada quer mudar? Vida num tá um morango ainda não, noiado.

Patrão: Eu vou largar de mão de geral, tô ficando bolado já.

Preto: Conversa com tua filha, carai. Ontem troquei maior papo maneiro com ela, se tu escutasse ia entender altas paradas.- Ele me encarou.

Patrão: Ela tava por onde ontem?

Preto: Lá na lanchonete da Vânia, troquei uma ideia maneira pra caralho com ela.- Falei me me balançando na cadeira.

Patrão: Pelo menos tu trocou ideia com ela, ela confia em tu. Tu é quase um tio dela.- Eu olhei pra ele rindo.

Preto: Tio um caralho, sou tio dela não, se manca! - Ele riu.- Minha amiga no máximo.

Ele riu e ficou me gastando, mas eu quase falei que se ele vacilasse iria colocar ela no meu nome, mas como hoje o dia num tava muito bonito pra morrer de graça assim, fiquei calado viajando nos bagulhos da boca que tinha que resolver.

Todo amor do mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora