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Letícia 🎭

Eu consegui dormir bem pela primeira vez, acho que a sensação de ter alguém do meu lado me abraçando me acalmou, mas eu consegui dormir como se não houvesse amanhã, mesmo me acordando a cada movimento do Preto, sempre encarava ele pedindo pra ele ficar aqui.

E assim meu gatinho fez, ficou comigo até eu finalmente tirar a preguiça do corpo, quando me levantei eram duas da tarde e tava morta de fome. Ele falou que ia comprar comida e eu fui tomar banho, fui catucar o guarda roupa pra encontrar minhas roupas e achei bonito a forma que estava organizado.

Preto: Ta tudo na mesa.- Falou entrando no quarto, enquanto eu olhava minhas maquiagens.

Letícia: Foi você que arrumou também? - Ele negou.

Preto: Aí paguei alguém né, tá querendo demais de mim já.-  Eu ri.

Abri o lado dele no guarda roupa pra olhar e ele ficou me encarando. Acabei que a gente foi comer porque eu tava morrendo de fome, depois de almoçar juntos ele acabou me deixando sozinha pra ir resolver alguma coisa no boca.

Eu lavei a louça, tomei meus remédios e fui pro quarto novamente. Senti algo me incomodando e fui mexer no lado do Preto do guarda roupa, talvez seja só a bagunça que ele conseguia fazer em menos de 10 minutos quando ia procurar roupa.

Então eu peguei as blusas e fui dobrar pra deixar arrumado, quando peguei a bermuda que ele tava ontem, assim que puxei ela algo caiu no chão, eu dobrei ela e me agachei pra pegar.

Letícia: Ta de sacanagem? - Sussurrei quando minha mão entrou em contato com um pino de cocaína e a única coisa que tinha era resíduos do pó branco.

Meti a mão no bolso da bermuda e vi que tinha mais um pino na metade, joguei em cima da cama e comecei a revirar aquele guarda roupa atrás de mais droga enquanto eu sentia lágrima descer por todo meu rosto.

Escutei a porta batendo e continuei procurando, não havia encontrado mais nada além daquilo. Quando o Andrey entrou no quarto me encarando sem entender, eu encarei ele enquanto chorava e ele continuou me olhando.

Preto: O que aconteceu? - Falou apontando pra bagunça.

Letícia: Você mentiu pra mim, você tinha me prometido que nunca mais.- Gritei jogando os pinos que eu havia achado no chão na frente dele.

Preto: Eu só quis aliviar.- Falou tentando chegar perto de mim.

Letícia: Essa é a única forma? - Continuei gritando, eu estava estressada, decepcionada e com medo por isso.- A gente conversou tanto, você me prometeu, você olhou nos meus olhos.

Preto: Foi só uma vez, para com isso...- Falou tentando entrar na minha frente.

Letícia: Não vou ficar aqui, eu não preciso de mais uma confusão na minha vida.- Falei procurando meu celular e quando ia sair do quarto ele entrou na minha frente.

Preto: Para.- Gritou tão alto a ponto do meu ouvido doer, enquanto segurou meus braços.

Letícia: Me solta.- Falei sem olhar pra ele.

Preto: Eu tô falando sério, me escuta. Eu não fiz nada demais, eu tô aqui sem nada, não tô? - Falou me balançando.

Letícia: Você tá me machucando.- Gritei e ele se afastou.- Você tá agitado, você acha que eu não tô percebendo?

Preto: Não tô...- Falou balançando a cabeça freneticamente.

Coloquei a mão nos bolsos dele sentindo ele tentar se afastar e quando achei levantei pra olhar. Era mais um pino vazio, joguei no chão e fui passar por ele mas ele puxou meu braço.

Letícia: Se você não me soltar agora, quando eu passar por aquela porta eu não vou voltar nunca mais.- Falei sem olhar pra ele.

Preto: Por favor, não faz esse bagulho comigo.- Pediu com voz de choro.- Desculpa cara, desculpa.

Letícia: Foi isso que eu te pedi, pra não fazer isso comigo...- Puxei meu braço e fui em direção a porta.

Bati a porta tão no ódio que por um milagre não quebrou, tentei limpar meu rosto e peguei meu celular procurando o número do cabeça. Ele demorou pra caraca pra me atender, eu já tava descendo o morro andando devagarzinho mas tava doendo.

"Cabeça: Oi, Letícia? - Falou com voz de bolado.- Vou nem te contar o que tu atrapalhou, papo reto.

Letícia: Amigo, eu preciso da sua ajuda...- Falei tentando segurar o choro.- Eu tô no beco descendo a casa do Preto, minha perna tá doendo. Vem aqui, por favor.

Cabeça: Tá, calma. Eu tô indo, se afoba não."

Ele desligou e eu me encostei no beco, algumas pessoas passavam me olhavam e eu coloquei a mão no rosto limpando as lágrimas. Fiquei ali por uns cinco minutos até o Cabeça chegar com cara feia mas me olhou preocupado.

Todo amor do mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora