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Letícia 🎭

Apesar de eu apenas querer a presença do meu pai, a do Preto não foi tão ruim assim, a gente meio que conversou sobre algumas coisas mas eu quase subi na mesa e pedi pra ele me comer em alguns momentos. 

Letícia: Eu tenho uma pergunta.- Falei tomando minha coca e ela me olhou.- Quem é a garota que tá andando com o Bruno?

Preto: Uma mulher que ele tá ficando, pelo visto quer levar pra frente...- Neguei com a cabeça devagar.

Letícia: É tão engraçado, muito engraçado mesmo.- Suspirei cansada.

Preto: Pô, esquece isso! Deixa o cara viver em paz, fica ao batendo cabeça e arrumando confusão.

Letícia: Posso te fazer outra pergunta? - Ele concordou, colocando mais um pedaço da lasanha e eu sorri fraco.- Você ficaria comigo?

Preto: Eu não, tá maluca? Patrão tem um ódio bolado de todos os moleques que tu ficou, a maioria perdeu os cargos.

Letícia: Ele só descobriu os outros porque a maioria encheu a boca pra falar que me comeu.- Neguei olhando minha comida e voltando a comer.

Preto: Qualquer um desse morro já te comeu.- Quando ele terminou de falar isso eu olhei pra ele, ele pareceu não se importar nem um pouquinho com a sua fala.- Até Ryan, que tu diz ser o único que tu confia, sai espalhando pra todo mundo que te come sempre.

Letícia: Melhor tu ir embora.- Encarei ele, que balançou a cabeça.- Achei que pelo menos você me conhecesse ao ponto de saber que isso não é verdade.

Preto: O que eu tô te falando ninguém mais ia te falar não.- Se levantou.- Não chega nos teus ouvidos, mas teu pai escuta tanto bagulho teu que se tu soubesse parava de contrariar tudo que ele diz, não é por mal.

Ele saiu pegando as coisas dele e eu continuei sentada na mesa encarando o nada, quando a porta se abriu, quase uma hora depois eu permanecia naquela mesma posição. Bruno me olhou e eu passei a mão no cabelo soltando o ar pela boca, vendo ele me encarar.

Nada do que o Preto falou saia da minha mente, cada palavra ecoava e machucava de uma forma horrível.

Patrão: Ainda tem algum bagulho pra comer? - Me olhou e eu engoli meu choro confirmando com a cabeça.

Letícia: Achei que tivesse saído pra comer.- Falei limpando meus olhos.

Patrão: Bagulho é deixar tu e a Ana longe uma da outra. Achei que tivesse me esperando pra comer contigo a parada.- Me olhou.

Letícia: Já agradou às exemplares, agora tem que agradar a menos querida pra ela não se sentir excluída né.- Me levantei da mesa.- É só esquentar se quiser comer.

Patrão: Tu não tá livre pelo que fez hoje de manhã, muito menos por tá puxando o cabelo da Ana.- Ignorei a fala dele.- Cada dia que se passa tu me decepciona mais, papo reto.

Letícia: Nada que eu já não soubesse. Mas se você soubesse o quão cansada eu tô disso tudo ao menos iria abrir a boca pra me falar isso, se você parasse pra ver todo esforço que eu já fiz só pra te ter por perto, só pra entender o porquê do meu próprio pai não gostar de mim. Se eu fosse você parava de tentar cobrar algo de mim, só porque você não me orientou em nada.

O silêncio pairou naquela sala, eu abri a porta do meu quarto, entrei e tranquei em seguida. Ajeitei minha bagunça, separei e arrumei minha roupa do trabalho e peguei meus cadernos. Uma coisa que eu amava e me acalmava era desenhar roupas, meu caderno era lotado de desenhos assim porque eu sempre me sentia em paz quando me concentrava pra fazer aquilo.

Todo amor do mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora