Letícia 🎭
Tava quase indo atrás deles naquele morro, não parava de bater o pé e morder minha unha, tinha até arrumado a casa toda pra vê se passava a ansiedade, mas parecia que só piorava.
Bruno havia saído daqui de uma e pouca, estava quase dando duas horas e eu não aguentava mais.
Acabei agindo por impulso, tomando atitude que sabia que não era do orgulho do meu pai, mas precisei porque eu não iria sossegar enquanto não escutasse minha mente, e ela me dizia pra ir atrás deles.
Peguei a moto e fui, só a entrada do morro tinha vários homens mortos no chão e eu deixei a moto e subi correndo, os tiros eram bem poucos e eu escutava mais gritos.
Não sabia pra onde ia ou por onde andava nesse morro, mas sabia que precisava achar, eu precisava achar eles de uma maneira ou outra.
Quando achei um menino entre a vida e a morte fui até ele e segurei meu rosto, não fazia ideia de era amigo ou inimigo.
Letícia: Cadê o Patrão? Onde eles tão? - Falei tirando a arma da mão dele e pegando o pente pra carregar.
— Perto da casa do Babu, é só subir direto.- Falou revirando os olhos quase sem ar.- Me ajuda, eu tenho duas filhas pequenas.
Olhei pro pescoço dele vendo que o tiro havia sido de raspão, mas provavelmente fazia muito tempo que ele tava aqui porque tava na beira da morte.
Tirei a blusa dele colocando o fuzil que tava em suas mãos de lado e pressionei com o pano o ferimento, ele gemeu de dor quando apertei e ele segurou minha mão com força.
Letícia: Pra onde te levo? - Falei sem saber, não sabia sem se era amigo ou inimigo.
— Não sei cara, não sou daqui. Eu sou da tropa do Patrão porra.- Falou nervoso.
Letícia: Então senta aí e fica quieto, pressiona isso que eu vou atrás de ajuda, eu não demoro.- Falei olhando pra trás.
— Se eu não ficar vivo, da uma assistência às minhas filhas, a Amanda e a Cássia.
Letícia: Pois você que cuide em ficar vivo.- Falei me levantando e pegando o fuzil dele que riu fraco.
Vi que a marcação era realmente do morro do patrão, então coloquei nas suas mãos e sai correndo, fui como ele disse e parei quando vi meu pai com uma arma apontada pra cabeça do babu, Preto estava em seu lado apontando fuzil para os lados e eu fui caminhando até eles, até uma uma mulher aparecer gritando com uma criança do lado.
— Não mata ele, meu filho precisa do pai.- Gritou chorando.
Patrão: Esse filho da puta aqui matou a minha mulher na frente da minha filha, se pá ela era menor que esse moleque.- Falou batendo com a arma na cara do Babu e eu olhei pra criança que esperneava e chorava.
Me vi ali, me vi como a criança que implorou pra mãe não ser morta, me vi como a criança que levou vários traumas pra vida, vi como uma criança triste e sozinha.
Letícia: Pai você não é igual a ele, você não precisa ser igual a ele em nada.- Bruno se assustou com minha presença e Preto me olhou sem entender.
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Todo amor do mundo
Teen FictionPerdas são sempre dolorosas, ainda mais quando perdemos alguém só pela ausência, pela falta de amor. Uma história complicada entre um pai perdido é uma filha que não sabe qual caminho deve seguir, entre duas pessoas complicadas, se envolve mais um...