Todo amor do mundo

27

Letícia 🎭

Bruno chegou em casa e eu tava fazendo brigadeiro pra pôr por cima do bolo, ele passou direto e escutei o chuveiro, mas logo ele voltou pra cozinha, se sentando na mesa enquanto eu ainda mexia.

Patrão: A gente pode trocar uma ideia? - Concordei com a cabeça e mudei a posição, eu estava de costas e fiquei tendo um pouco mais de visão dele.- Eu sei que nem de longe eu sou um pai, mas eu queria começar a ocupar esse bagulho.

Letícia: Por que agora? - Olhei pro brigadeiro.

Patrão: Pra ser sincero num sei, mas esses últimos dias nossos tão fodas. Num consigo me concentrar em nada toda vez que tu sai pra trabalhar, minha mente fica a mil, fico maior bolado de acontecer alguma coisa.

Letícia: É só por isso?

Patrão: Eu num quero continuar te tratando como uma estranha, não quero ter que te manter longe achando que se acontecer algo vai doer menos, não vai, eu me liguei.- Balancei a cabeça.- Eu quero te conhecer, bagulho que eu deveria ter feito há anos atrás, tá ligada? Quero que tu confie em mim, que eu te confie minhas paradas, esses bagulhos.

Letícia: Você não confia em mim, sempre precisa escutar da boca dos outros algo pra acreditar, mesmo que eu jure.

Patrão: Bolava contigo porque sempre te via um dia com o moleque o no outro surgia boato, não foi atoa também... Mas desde o dia que tu falou que não tinha ficado com o Ryan, eu acreditei. Ele levou um esporro não foi atoa.- Revirei os olhos.- Eu não curto tu andando com ele.

Letícia: Ele é o mais próximo que eu tenho de amigo.- Falei desligando o brigadeiro e ele limpou a garganta.

Patrão: Tá, jae.- Falou contragosto e eu caminhei até a mesa, colocando a calda no bolo.- Tu realmente ficou com algum desses moleques?

Letícia: Não Bruno, eu realmente sou virgem.- Murmurei.

Patrão: Ué, por que "realmente"? Tu nunca tinha falado.- Eu dei os ombros.- Uhm...

Letícia: E essa garota que tu fica andando pra cima e pra baixo? - Falei sem olhar pra ele.

Patrão: A Gabriela, que morre de medo de tu.- Riu e eu sorri fraco.- Eu acho ela uma mulher maneira, boto fé que é um lance que eu quero levar pra frente.

Letícia: Entendi.- Me sentei na cadeira de lado dele comendo o que sobrou na panela.

Patrão: E tu, tem algum moleque que realmente existe alguma coisa? - Me olhou de lado e eu fiz cara feia.

Letícia: Eu não.- Dei os ombros.- Não tenho tempo pra isso.

Patrão: Jae então.- Falou pegando um pedaço do bolo.- Rh me falou dos teus desenhos, posso ver?

Leticia: Aham.- Falei de boca cheia.- Tá lá na bancada do quarto.

Ele se levantou colocando o bolo na boca e reclamou que tava quente. Ignorei ele comendo minhas coisas e logo ele voltou com meu caderninho em mãos, se sentou novamente a abriu, ele foi folheado enquanto eu raspava a panela e ele me deu um susto chamando minha atenção.

Patrão: Caralho, Letícia. Isso aqui é foda.- Falou batendo no meu braço e eu fiz cara feia.- Tu deveria tá na faculdade desses bagulhos, deveria tá levando pra frente.

Letícia: São só rascunhos, eu só faço quando eu tô estressada.- Falei olhando.

Patrão: Por isso que o caderno tá cheio.- Eu olhei pra ele rindo e revirei os olhos.- Eu queria que tu voltasse a estudar.

Letícia: Não tenho tempo pra isso.- Ele me olhou de lado e ficou calado.

Achei que ele iria ficar assim mas ele ficou falando sobre as roupas, sobre os desenhos, cores, bagulhos que eu nem sabia que ele se interessava, e talvez não soubesse de absolutamente nada. Mas esse momento foi algo tão legal que eu nem reclamei de nada, apenas achei importante viver isso.