Letícia 🎭
Suguei pela primeira vez sentindo a sensação de calma e meu ouvido fez aquele barulho que significava que tava na onda certa, mas o lança foi arrancado da minha mão com um tapa.
Ryan: Eu te falei, não faz isso.- Segurou meus ombros contra parede e eu encarei ele.- Para de agir na emoção, tu sabe que não precisa disso.
Letícia: Me solta, Ryan. Eu tô falando sério.- Me debati buscando pegar de volta mas ele me segurou.
Patrão: O que tu tá fazendo aqui, Letícia? - A voz dele foi o suficiente pra eu parar de me mexer e me encolher no braço dos Ryan.
O beco era de pouco iluminação, mas era suficiente pra ele ver o lança no chão e minha cara de susto.
Ryan: Ela não chegou a usar, Patrão.- Murmurou soltando meu braço e eu olhei de lado.
Minha boca chega secou, senti vontade imensa de pegar aquilo e baforar até acabar e mais e mais, fiquei agoniada sentindo meu olho arder e comecei a ficar inquieta, coçando minha cabeça.
Patrão: Olha como tu tá ficando, Letícia.- Falou alto, me puxando por um braço só.- Tu acha isso bonito? Tu acha que isso é vida?
Letícia: É só um pouquinho Bruno, eu sei quando parar...- Falei me soltando.
Patrão: Desde que eu sentei naquela mesa que eu te observo, tu acha que eu sou cego? Que eu não percebo as coisas? Eu sei muito mais do que tu pensa.- Falou olhando no fundo dos meus olhos e eu tremi na base.- Eu te dei a confiança de vim sozinha porque eu achava que tu iria conseguir aguentar, mas eu tô vendo que tua situação tá foda.
Letícia: Eu só vi e fiquei na vontade, só por isso.- Falei desviando o olhar.
Patrão: Sobe pra casa, agora.- Apontou.
Puxei a mão do Ryan vendo o Ryan olhar pro Bruno, mas ele não teve nenhuma reação então o Ryan veio sendo puxado por mim, fiquei mexendo com a mão dele o tempo todo porque não conseguia controlar a vontade e precisava me distrair e ficava inquieta.
Ryan: Bruno decretou desde o último baile que se alguém te vendesse lança, ia pagar com a vida.- Falou me soltando.- E tu sabe que ele não brinca.
Letícia: Ele não cai matar os homens dele por causa de mim, no máximo vai gritar...- Ryan me encarou e quando eu terminei de falar, escutei o barulho do tiro ecoando pelo morro.
Ryan balançou a cabeça pra mim e eu parei de andar olhando pra trás, não vi meu pai ali, mas em poucos segundos após vi ele de moto passando pra casa, respirei fundo e entrei em casa, deixando o Ryan lá fora.
Letícia: Você não pode matar pessoas assim.- Gritei indo pra frente dele.
Patrão: Sai daqui pra eu não me estressar de verdade contigo, Letícia. Eu já tô de cabeça cheia contigo por hoje.- Falou bebendo água.
Letícia: É uma pessoa, Bruno. Ele deveria ter família, você não pode fazer isso achando que é simples.- Bati no peito dele.- Tu não tem o direito de destruir as famílias assim.
Patrão: Então para de ser inconsequente, para de agir feito a porra de uma criança.- Gritou segurou minha mão e eu parei de me mexer.- Porque cada vez que tu fizer algum bagulho errado, eu vou matar alguém por isso. E tu, Letícia, tu vai carregar todas as mortes na tua costas.
Letícia: Você não pode fazer isso.- Neguei.
Patrão: Se eu te ver usando algum bagulho de novo, eu vou te colocar numa clínica, eu não me importo! - Me soltou e me encarou, respirou fundo e falou com a voz falhada.- Não faz isso comigo, não entra nesse mundo de droga, por favor...
Letícia: Então sai desse mundo de tráfico, se quer ser justo.- Debochei dando as costas.
Patrão: Para de agir feito a porra de uma criança.- Gritou com raiva.- Caralho, para com isso.
Letícia: Minha infância foi tirada de mim, eu tinha uma adolescência horrível por culpa sua, então talvez, seja tudo culpa sua.- Gritei no mesmo tom e virei pra ele.
Patrão: Eu não sei mais o que tu quer que eu faça, de verdade.- Baixou a guarda negando com a cabeça e me olhou com decepção.- Eu não sei mais o que eu posso fazer, Letícia. Se num tá sendo suficiente o que eu tô tentando, não sei mais, papo reto!
Encarei ele e ele saiu colocando um boné na cabeça, fechei meus olhos com força quando ele bateu a porta e meu corpo formigava, minha boca estava seca e eu só pensava em lança, a única coisa que passava pela minha mente era usar.
Eu só precisava de um pouco, andei de um lado pro outro e na raiva peguei a primeira coisa que vi jogando no chão e gritei, quando fui sair a porta abriu e eu me bati com alguém. Ryan me olhou assustado e segurou minha cabeça contra seu peito, enquanto eu comecei a chorar, que nem uma real criança.

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Todo amor do mundo
Teen FictionPerdas são sempre dolorosas, ainda mais quando perdemos alguém só pela ausência, pela falta de amor. Uma história complicada entre um pai perdido é uma filha que não sabe qual caminho deve seguir, entre duas pessoas complicadas, se envolve mais um...