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Letícia 🎭

Deu a hora de enterrar a Gabriela e eu me neguei a ir, não conseguia ver esse tipo de cena, parecia que me faltava o ar e eu não me sentia bem, por isso até hoje nunca consegui ao menos pisar no cemitério que a minha mãe se encontrava, simplesmente não conseguia, e o Bruno me cobrava muito essa visita.

Preto: Tá na hora de deixar isso de lado, cara.- Falou saindo do banheiro e me olhou, eu estava encolhida com a coberta e bem acolhida.- Bruno precisa de você lá.

Letícia: Vou estar esperando ele aqui! - Andrey me encarou.

Preto: Tu sabe que não é a mesma coisa, faz esse esforço! Não sou de te cobrar nada cara, mas dessa vez não dá, tu precisa fazer esse bagulho.- Falou e eu me cobri mais.

Letícia: Eu não consigo.- Cobri meu rosto, fechando os olhos e ele continuou sentado.

Preto: Tem certeza, Letícia? - Fiz bico, mesmo sabendo que ele não estava vendo, mas se estivesse, quem sabe sentiria pena.

Letícia: Sim, desculpa.- Andrey se levantou da cama.

Preto: Jae.- Falou e eu escutei seus passos se distanciando cada vez mais.

Tirei o lençol do rosto e vi que ele já não estava aqui, e como a porta do meu quarto tava aberta, vi que ele já tinha ido embora. Me sentei na cama e fiquei olhando pro nada, até achar o álbum que minha mãe tinha feito e meu pai me entregado de presente. Eu me levantei folheando e sentindo as lágrimas caindo, quando vi minha foto no colo dela e o Bruno com um sorrisão ao seu lado, sorri respirando fundo.

"Te criando como a princesinha do papai e a joia mais preciosa e forte da mamãe."

Mas eu não estava sendo forte e nem se quer uma boa filha, por que que tipo de filha sou se não visito ela, por medo?

Resolvi me levantar e abri meu guarda roupa, calcei minha calça preta e uma regata preta, porque tava um calor enorme lá fora, toda de preto no sol iria me matar. Amarrei meu cabelo enquanto me encarava através do espelho e terminei de me arrumar, indo andando ao topo do morro e no caminho, roubando uma flor de alguma das moradoras.

Quando cheguei, tinha poucas pessoas, poucos seguranças do Patrão, o Peixe que tava ajoelhado do lado do caixão fechado, que já estava dentro do buraco e só faltava jogar areia em cima.

O Patrão olhando aquilo e o Preto ao lado do seu melhor amigo. Ryan de cabeça baixa balançando os pés e ninguém havia nem me visto, eu caminhei em passos curtos e parei do lado do caixão, Peixe me olhou e eu tentei não deixar meu ar ir embora.

Letícia: Ela foi uma mãezona e tanto.- Sorri sem graça olhando pro caixão.- Ainda me apoiou mesmo quando eu nem merecia.

Peixe: Ela amava você, mesmo você olhando pra ela as vezes parecendo que vai matar.- Eu ri fraco.- Palavras dela.

Letícia: No começo queria, e o engraçado que agora eu só queria ela aqui.- Dei os ombros e me ajoelhei, coloquei a flor em cima do caixão e sorri, dando os ombros.- Obrigada, eu amei viver com você mesmo implicando. Você me deu novas coisas incríveis pra explorar, amo você pra sempre, mãedrasta chatinha.

Sorri ao falar e me senti leve, limpei meu rosto coberto por lágrimas e me levantei, Peixe me abraçou assim que eu me ajeitei e eu não neguei, vendo ele chorar em meus braços.

Procurei pela reação do Preto tanto a isso e encontrei seu rosto, ele tava com uma cara normal e piscou ao me ver encarando, sorri pra ele e peixe me soltou minutos depois de desabar novamente.

Letícia: Quando precisar de uma amiga, não pensa duas vezes antes de me procurar.- Beijei sua cabeça, ficando de ponta de pés.

Ele sorriu ao me olhar e eu saí de perto, fui ao lado do meu pai que me olhou feliz e peixe falou que podiam jogar areia, abracei Bruno de lado mas só consegui ver aquilo por mais uns minutos, me senti enjoada e me afastei, indo me sentar bem longe daquilo.

Em passos rápidos, o Andrey apareceu me cercando uns cinco minutos depois, olhei pra ele bem sentada graças aos seguranças e ele me encarou, se agachando ao meu lado.

Preto: Quer namorar comigo? - Falou me encarando e eu ri.

Letícia: Assim, do nada? Que que deu? - Falei rindo.

Preto: É, tá rejeitando? - Coçou o rosto e eu ri.

Letícia: Aceito, obrigada.- Brinquei e ele abriu um sorriso.

Preto: Nem tô brincando cara, se liga! - Eu concordei sorrindo de lado.- Patrão tá querendo ir jantar com a gente, bora.

Letícia: Te amo.- Fiz bico esperando seu beijo.

E assim se fez, ele se levantou me beijando e eu abracei ele, que agarrou minha cintura despejando um beijo na minha cabeça.

Preto: Tô orgulhoso de você, Bruno tava precisando pra caralho dessa atitude tua.- Eu sorri ao escutar aquilo.

Andei de mãos dadas com ele até o Bruno que não esperou nada pra começar uma briga besta com o Preto, que também não ficou pra trás e começou a implicar, enquanto as duas crianças se divertiam, eu pensava no que iria comer.

Todo amor do mundo Onde histórias criam vida. Descubra agora