Capítulo 72

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Apresentei um projeto que a Zuleica tinha pedido e depois de 30 minutos de apresentação todo mundo estava em silêncio.

Eu: Ok... Alguém fala alguma coisa por que eu fiquei preocupada agora - ri nervosa.

XX: Ficou incrível.

XXX: Você está em 2050 garota. - falou outra sócia.

Zuleica: É sensacional. Tem ideia que isso pode nos colocar a frente da empresa dos seus pais não tem?

Eu: Tenho. Por que eu os colocava a frente de todas as outras empresas... - não fui modesta.

Zuleica: Está aprovado por mim. - todos aprovaram. Eu estava feliz. Recebi uma ligação na hora do almoço o número era de Goiânia.

Eu: Alô?

XX: Natalie? É a Vicky.

Eu: Oi Vicky tudo bem?

Vicky: Bem e você?

Eu: Tudo bem.

Vicky: Natalie eu estou no Rio a gente pode se ver?

Eu: Claro. Onde está hospedada?

Vicky: Em Copacabana. Podemos jantar hoje no meu hotel?

Eu: Sim podemos, em que hotel está? - ela me deu o endereço e desligamos. Almocei e trabalhei o resto do dia. A noite fui jantar com a Vicky. Ela ia pedir o jantar no quarto então me anunciaram e eu subi. - Oi... - sorri.

Vicky: Oi - me abraçou. - Entra.

Eu: O que te trás no Rio?

Vicky: Negócios. Tenho uma reunião com a Zuleica Kimura amanhã.

Eu: Eu trabalho pra ela.

Vicky: Sério? Então é você a estilista e empresária espetacular que a Zuleica passou meia hora elogiando no telefone.

Eu: Acho que sim, ela está um pouco deslumbrada, mas acho que é por causa da minha mãe. Vencer a minha mãe é o sonho dela. - rimos. Pedimos o jantar.

Vicky: Como você está? Com relação a Priscilla. Não finja que não dói, que você não se preocupa, porque eu sei que está sofrendo assim como ela está sofrendo e muito. - eu suspirei.

Eu: Eu amo a Priscilla Vicky, e não tem um dia que e não sinta falta dela, do cheiro dela, do toque, do sorriso, do carinho, da voz dela. Eu a amo demais e por amá-la demais, eu não posso vê-la negligenciar a saúde dia e noite assim. Eu estava sofrendo demais com isso. Eu deixei tudo, a minha vida toda aqui no Rio pra ir atrás dela e ela não se importou com nada, por puro ego idiota de ser a valentona, a pessoa que faz tudo sozinha, que não precisa de ninguém que não precisa de tempo para se recuperar. Eu não podia ficar ali sendo enfermeira dela e vendo-a se matar aos poucos, por não se cuidar.

Vicky: E achou que vir embora seria a melhor opção?

Eu: Sim. Por mais que tenha doído cada segundo fazer isso, foi o melhor a se fazer por mim. Eu não queria vê-la morrer e me levar junto. Não foi pra isso que eu fui atrás dela - já chorava. - Pode achar que estou sendo egoísta...

Vicky: Eu não acho. Eu te entendo perfeitamente Natalie, porque eu já fiz isso também. - suspirou. - Eu já fui você um dia, mas não acabou bem. Quando eu marquei essa reunião com a Zuleica eu já vim com um objetivo além de fechar a parceria com ela, que era de me encontrar com você e dizer que eu entendo o que você fez, a atitude que você tomou, porque eu já fui você um dia e eu senti uma dor absurda.

Eu: O que aconteceu?

Vicky: Julia era tudo pra mim. Eu me apaixonei por ela totalmente ao acaso. Ela era o tipo de pessoa que ninguém se apaixonaria e que eu criticava e gritava aos quatro ventos que jamais me envolveria com ela. E eu me apaixonei - deu uma risada anasalada. - Estávamos juntas a 1 ano e meio quando ela desenvolveu diabetes e precisou fazer uso de insulina. Só que a Julia nunca aceitou o diagnostico dela e com isso ela foi piorando. Ela comia o que não podia e sempre exagerando, até que os rins dela começaram a falhar e ela precisou fazer hemodiálise e ir para a fila de transplante. Eu me dividia entre a faculdade e ela. A gente passava mais tempo juntas que tudo. Eu amava muito e eu sofria muito vendo-a sofrer como ela estava. Depois de dois meses de hemodiálise ela se entregou e parou de fazer, parou de tomar todos os remédios. Ela virou outra pessoa. Ela fazia tudo que ela não podia. Ela não tinha nem forças para nada e ela insistia. Ela parecia fazer força para morrer até que eu não aguentei mais. Eu não conseguia fazer mais nada com medo dela morrer. Eu achava que ela ia morrer todos os dias e eu parei de viver por ter esse medo dentro de mim. Eu fazia tudo para tornar a vida dela mais confortável enquanto ela se autodestruía e me levava junto nessa autodestruição dela. Eu me acabei aos poucos até que eu vi que eu não vivia mais pra mim, eu não vivia mais minha vida porque estava tentando mantê-la viva. Manter viva uma pessoa que já tinha desistido por birra, por manha. Então eu terminei com ela, e ela me chamou de egoísta.

Eu: A Pri fez o mesmo comigo me chamou de egoísta.

Vicky: Ela disse que eu não a entendia. Eu não entendia porque ela queria tanto morrer e fazia isso aos poucos e porque ela me levava aos poucos, e que aquilo pra mim não era amor. Nem amor por mim e nem amor próprio. Então eu fui embora da vida dela, e eu sofri demais, eu entrei em depressão. Cinco meses depois o rim para ela chegou eu fiquei feliz quando eu soube e quem sabe assim ela poderia voltar a viver de novo. Dois dias após o transplante o corpo dela rejeitou o rim porque ele estava tão debilitado por ela não ter se cuidado todo esse tempo que o corpo dela não estava nada saudável para sustentar o rim novo. Ela morreu no dia seguinte. Foi uma das maiores dores da minha vida. Eu comecei a me sentir culpada por tê-la deixado ir e a mãe dela disse que foi a melhor coisa que eu fiz, porque se eu continuasse do lado dela vendo-a se maltratar daquela forma, sendo teimosa, fazendo esforços que ela não podia, eu morreria primeiro que ela. Natalie, por mais que a gente ame muito algumas pessoas, a gente tem que se amar primeiro. Eu não julgo sua atitude, e acho sim que você fez bem e dar um basta. Mas eu digo para não desistir do que sente por ela, porque ela te ama muito e você a ama muito e soube que ela tem feito tudo certinho desde que você foi embora. A contra gosto mas está fazendo. Ela te quer de volta, ela sente muito sua falta.

Eu: Eu sinto tanto a falta dela, mas no momento eu prefiro ficar longe, ocupar minha cabeça e ver no que vai dar.

Vicky: Tome seu tempo, mas não demore muito. - o jantar chegou, ficamos falando de outras coisas. Conversamos até tarde e eu fui embora. Não parava de pensar na Priscilla. Já era mais de meia noite quando coloquei meu celular no privado e liguei pra ela. Depois de algumas chamadas ela atendeu sonolenta.

Pri: Alô? - eu não falei nada - Alô? - eu queria falar mais não conseguia - Natalie, é você? - eu não respondi mas suspirei - Amor, se for você, saiba que eu sinto sua falta o tempo todo. Eu não queria magoar você eu não queria descuidar de mim - suspirou - Você sabe que eu odeio ficar parada, que eu odeio me sentir incapaz. Eu te amo muito e eu sinto sua falta. Fala alguma coisa? - eu desliguei e comecei a chorar.

Eu:Eu também te amo, muito. -soluçava. Eu queria voltar pra ela, mas ao mesmo tempo eu tinha medo. Eu tinhatanto medo de perde-la que eu preferia me torturar ficando longe do que verisso acontecendo de perto.

NATIESE EM: A FAZENDEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora