Capítulo 12

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PRISCILLA NARRANDO...

Meus cavalos fugiram e eu fiquei louca de raiva. Como uma pessoa não pode ter o mínimo de responsabilidade? Eu sentia raiva, muita raiva dela. No dia seguinte o Trovão voltou sozinho pela manhã e quase me atacou. Fiquei a manhã toda fazendo atividade com ele para ele se acalmar. Logo ele estava bem. O Vilão apareceu perto do haras e estava machucado no pescoço. Deve ter se ferido em alguma cerca. Meu pessoal estava cuidando dele eu estava sem veterinário próprio a dois meses e ainda não tinha contratado um novo. Quando cheguei perto dele ele me mordeu. Eu já esperava por isso, ele era muito agressivo. Vilão também é um cavalo resgatado, mas ao contrário da Maya, ele não ficou dócil com os cuidados. Conseguimos um veterinário para vê-lo e a Luíza foi ver meu braço. Luíza foi técnica de enfermagem antes de fazer faculdade de administração. Tínhamos um ambulatório na fazenda e estávamos sem médico de família também, o que eu também precisava contratar já que temos uma pequena vila na fazenda onde alguns funcionários moram e atendemos fazendas vizinhas em casos de emergência e temos já o planejamento de uma pequena clinica para pequenos procedimentos de emergência. Eu ia precisar de pontos, mas ia cuidar disso no dia seguinte. Eu dormi muito mal, estava com dor. De manhã tomei banho me troquei e sai bem cedo para a cidade. Tomei café com a senhorita Smith e mal olhei pra ela, mas não pude resistir de manda-la para o inferno antes de sair. Fui para a cidade parei no pronto socorro preenchi os papeis do meu plano de saúde e logo fui chamada.

XX: Priscilla Pugliese quanto tempo.

Eu: Oi doutor Renato – sorri de leve.

XX: Uma mordida de cavalo?

Eu: É... – expliquei a ele e ele cortou a faixa.

XX: Nossa, ficou feio hein. Não inflamou ainda, deveria ter vindo ontem. Vou aplicar um anti inflamatório e um antibiótico de amplo espectro esperar 15 minutos, anestesiar te dar uma injeção também para evitar infecções e dar os pontos.

Eu: Tá... – ele aplicou as medicações no local da mordida e doeu bastante. Logo ele me anestesiou foi feito a lavagem total do ferimento ainda bem que eu estava anestesiada porque aquilo ia doer muito se não estivesse. Ele deu os pontos, foram 16 pontos. Me passou o que era preciso tomar e passar no local para limpar e manter protegido, me deu uma injeção na bunda bem doída e eu fui embora. Passei na floricultura comprei um belo arranjo de flores e fui ao cemitério. O túmulo estava bem cuidado, tinham flores lá recentes, com certeza a Valéria quem deixou. Eu coloquei as flores num vaso que tinha lá. – Oi Laura... Como você está? Já se passaram 3 anos. O Trovão está bem, ele está ótimo aliás. Fugiu, mas apareceu e está bem. Ele é um grande amigo como você sempre disse. Eu sinto sua falta. Sinto falta da sua risada, de ouvir você dizer o quanto a vida é linda e as pequenas coisas são perfeitas e que a paciência é uma virtude. – suspirei – Eu consegui mais cavalos para as equoterapias. – sorri – Tem bastante procura. A maioria são crianças, e são tão fofas, e tem tanta força de vontade, força de viver. É incrível. A primeira criança que apareceu lá quando você também fazia as equoterapias, lembra? Sophia, ela tinha 2 aninhos. A mãe dela ligou ontem. A Luíza me falou a noite. Ela ficou um ano fazendo ai ela mudou para outra cidade e eu recomendei um outro lugar para ela continuar e a mãe dela está aqui na cidade e vai lá na fazenda amanhã para uma visita. É bom saber que a gente mudou a vida de alguém. Eu queria que você tivesse ficado bem, mas você tinha que ir.

XX: Você fez tudo por ela Priscilla. E eu sou tão grata todos os dias por isso – eu olhei pra trás, era a Valéria.

Eu: Valéria? – sequei rapidamente meu rosto e ela sorriu.

Valéria: Oi querida... Eu venho aqui todos os dias. – colocou uma rosa. – Oi filha... Você fez tudo por ela, meu Deus, você moveu o mundo por ela. Mas ela tinha que ir. E ela foi feliz o tempo todo que esteve ao seu lado, ela apreciou todos os momentos e todos os cuidados que você teve com ela desde que ela caiu do cavalo até as milhares de tentativas de recuperação. Você fez tudo.

Eu: As vezes eu penso se eu poderia ter feito mais alguma coisa, as vezes me sinto mal de ter seguido minha vida um ano depois dela ter partido.

Valéria:Não sinta isso, nunca. Você é nova, e ela não ficaria feliz se você deixasse deviver por causa dela, se você deixasse sua vida por causa dela. Você fez tudoPriscilla, tudo para que ela se recuperasse coloca isso no seu coração. – me abraçou. A gente foi tomar um café aliperto, conversamos bastante e eu fui a igreja um pouco, conversei com o padreque era meu amigo depois fui resolver coisas de banco, algumas pendências. Pedia Valéria que me indicasse um médico de família para a vila da fazenda e umveterinário também, ela disse que pensaria em alguém e me avisaria. Eu fiqueina cidade o dia todo fui embora no fim da tarde. Cheguei em casa fui diretopara o meu quarto avisando que não jantaria. Tomei um banho fiz o curativo e medeitei. Fui invadida por uma vontade absurda de chorar e eu desabei. Eu sentiatanta saudade da Laura, ela era além de minha noiva, a minha amiga mais queespecial. Ela me fazia ver todas as coisas simples com outros olhos e depoisque ela morreu, eu não me permitia ser sensível para não desabar, mas hoje foium dia difícil. Eu chorei copiosamente até dormir. 

NATIESE EM: A FAZENDEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora