PRISCILLA NARRANDO...
Leucemia linfoide aguda. Meu mundo veio a baixo. Agora meu cansaço, minhas dores de cabeça, dores nas juntas e os sangramentos nasais tinham uma explicação. Eu estou com leucemia. Fiz diversos exames e foi confirmado o tipo e minha quimioterapia começa em uma semana. Eu tenho grandes chances de me recuperar com quimioterapia, e caso não resolva, o transplante de medula será necessário. Eu estava com medo e ao mesmo tempo tinha a certeza que eu ficaria bem. Fui para a minha consulta com o oncologista no dia seguinte que tive o diagnóstico fechado. Eu fiquei em Goiânia no meu apartamento pra não ter que ir e voltar para a fazenda já que a consulta era de manhã. Meu oncologista se chama Guilherme Ruiz, ele era jovem fez especialização em Boston e era um dos melhores do estado. Ele me explicou como funcionaria, e o tratamento que eu faria junto com a quimioterapia para evitar a perda do meu cabelo também. Eu faria um tratamento moderado, foi descoberto no começo e deve durar em média um ano de acordo com a resposta do meu corpo. Diorio voltou para a fazenda porque ela tinha consultas marcadas no ambulatório naquele dia, mas voltaria de manhã. Meu celular tocou era a Natalie, meu coração disparou, mas eu não a colocaria no meio disso. Pouco depois tocou de novo e era Vicky.
Eu: Oi Vicky.
Vicky: Oi minha linda como você está?
Eu: Bem na medida do possível e você?
Vicky: Estou bem, estou exausta, muita correria com a nova empresa, vamos inaugurar semana que vem logo chega o convite para você. Meu pai vai operar em dois dias.
Eu: Que bom fico feliz pelas duas notícias.
Vicky: Não seria possível se não fosse por você né? Vou ser grata até a minha próxima vida – riu e eu ri também.
Eu: Imagina.
Vicky: Parece triste, o que foi?
Eu: Ai Vicky... Minha vida vai mudar muito na próxima semana. – suspirei.
Vicky: O que houve?
Eu: Estou na cidade, pode vir aqui?
Vicky: Claro. Vou tomar um banho e vou.
Eu: Vou pedir um jantarzinho pra gente.
Vicky: Tá bom. Chego em 40 minutos. – desligamos. Eu tomei um banho rápido, pedi nosso jantar e logo ela chegou. – Oi – sorriu e me abraçou.
Eu: Oi... Entra... – ela entrou. – A comida chega em vinte minutos.
Vicky: Ok. Mas me diz e essa carinha triste o que foi?
Eu: Ai Vicky... Eu estou com LLA... Leucemia Linfoide Aguda – ela me olhou assustada. – Descobri semana passada e hoje eu confirmei o tipo. Amanhã tenho uma consulta com o oncologista para traçar meu tratamento. – contei tudo a ela.
Vicky: Eu vou com você amanhã nessa consulta. Quero ficar por dentro de tudo.
Eu: Não precisa Vicky, a Diorio vai comigo...
Vicky: Eu faço questão Pri, eu não vou sair do seu lado. – me abraçou e eu chorei.
Eu: Eu estou com medo e ao mesmo tempo confiante, eu estou muito confusa. – solucei.
Vicky: Eu sei. Mas você é forte e vai passar por isso. – logo a comida chegou, a gente jantou, eu contei a ela sobre a Natalie e ela disse que eu deveria contar a ela o que estava acontecendo. – Ela gosta de você e você gosta dela. Imagina só se ela aparece aqui sem mais nem menos, sem avisar e descobre tudo isso Priscilla? Vocês estão se gostando.
Eu: Prefiro deixa-la de fora. E ela já voltou pra vidinha dela no Rio, logo estará em festas e bebedeiras como antes. – terminamos o jantar e conversamos por um bom tempo e ela foi embora. De manhã Diorio chegou lá em casa e fomos para o hospital a Vicky nos encontrou lá e nós três entramos. O médico nos explicou tudo como funcionaria. Eu começaria ainda nesse dia uma medicação oral para me preparar para o primeiro ciclo de quimioterapia. Ele me perguntou se eu tinha interesse em ter filhos e que se eu tivesse seria bom eu retirar óvulos e congelá-los porque a quimioterapia pode acabar com a minha produção de óvulos no futuro. Eu quis retirar e ele me deu a opção de congelá-los já fertilizados e me deu uma pasta com todos os dados dos doadores para que eu escolhesse. Levamos a pasta pra casa e Diorio, Vicky e eu passamos a tarde toda escolhendo uma pessoa para isso. Era meio bizarro escolher um numero como pai do meu filho. Selecionamos alguns e no fim do dia chegamos a conclusão de um doador. Ele tinha características muito semelhantes a mim, queria que meu futuro bebê se parecesse mais comigo. Ele só tinha olhos claros e era mais alto. Em três dias eu fiz a retirada dos óvulos e a fertilização deles e voltei para a fazenda. Alguns dias depois fui para a minha primeira quimioterapia. Luíza foi comigo e ficou lá o tempo todo. Foi explicado como eu me sentiria. O primeiro ciclo seria o pior, eu me sentiria cansada, enjoada, com dores de cabeça, boca seca, tontura e poderia desmaiar. O acesso foi colocado em mim, doeu para colocar, mas logo não incomodava mais. Foi bem protegido para não precisar retirar para o próximo ciclo. Eu faria por 1 mês toda semana e depois seria a cada 15 dias. Em todos os ciclos eu faria a crioterapia que era um tratamento para não cair o meu cabelo. Após o primeiro ciclo eu fiquei duas horas em observação e pude ir para casa. Cheguei na fazenda almocei coloquei um pijama e me deitei. O primeiro dia eu estava cansada, mas estava bem. No segundo dia eu me sentia péssima, eu mal conseguia ficar de pé e desmaiei no corredor do quarto pela manhã. Quando acordei estava na cama com a Diorio e a Luíza do meu lado. As duas me ajudaram a tomar um banho, depois eu tomei café da manhã mas vomitei todo o café meia hora depois. Eu não sai da cama mais nos próximos dias. As meninas revezavam para me vigiar. Elas não queriam que eu ficasse sozinha por nada no mundo. Numa madrugada eu acordei agitada, suando muito eu estava com febre. Isso poderia acontecer, a minha imunidade caiu muito rápido. Estava frio também, e chovendo bastante. Diorio me medicou e eu demorei um pouco a dormir. Ela disse que eu falei na Laura e na Natalie a madrugada toda. Na semana seguinte o novo ciclo e eu pensei que iria morrer. Era muita dor no corpo, muita secura na boca, um cansaço sem fim, eu estava exausta e com muita dor cabeça. Eu chamei as meninas para conversar.
Eu: Eu pedi que viessem aqui, porque eu não consigo trabalhar, eu não consigo ficar de pé nesses dias e eu preciso de ajuda com a fazenda. Cada uma tem sua função aqui, eu vou pensar em mais alguém para ajudar nas funções da fazenda, porque eu estou me sentindo uma completa inútil por não poder cuidar das minhas terras.
Luíza: Pri, você está fazendo um tratamento muito agressivo, precisa se cuidar e a gente se vira, a gente dá um jeito.
Dani: Sim, está tudo sob controle Pri.
Eu: Não posso sobrecarregar vocês. Vocês também precisam descansar. Minha mãe não entende nada disso e ela não viria pra cá e ela nem sabe que eu estou doente. Meu irmão é muito novo, tem 20 anos está na faculdade começando a vida agora. – suspirei – Enfim... Eu preciso pensar em alguém para ajudar, já que não temos o Rodrigo aqui mais.
Luíza: Eu cuido disso eu vou encontrar alguém para nos ajudar, fica tranquila.
Diorio: E sua família precisa saber que está doente Priscilla. Não pode esconder isso da sua mãe e do seu irmão.
Eu: Como se minha mãe se importasse com alguma coisa além da empresa dela, de sair em revistas de moda e com os sapatos caros dela né Nathalia.
Diorio: Mas ela é sua mãe, ela tem que saber.
Eu:Quando eu falar com ela eu conto. –acertamos mais algumas coisas sobre a fazenda e eu dormi um pouco.
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NATIESE EM: A FAZENDEIRA
FanfictionMeu nome é Priscilla Álvares Pugliese, tenho 31 anos, sou formada em Administração e Zootecnia. Moro em Goiânia na Fazenda Pugliese. Sou dona de uma das maiores fazendas cafeeiras, frutíferas, de gados e cavalos do país atualmente, herança de famíli...