Capítulo 113

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NATALIE NARRANDO...

Dor... Eu sentia muita dor. Eu tinha medo de me mexer e quando cheguei no hospital eu só queria ouvir que apesar de tudo meus filhos estavam bem. Mas não... Meus filhos não estavam bem, meus filhos não estavam mais vivos. Um choro da alma saiu de mim, eu queria meus filhos de volta, eu sentia um ódio sobrenatural daquela mulher que se diz minha mãe e me causou tudo isso. Além da dor física, dos dedos quebrados, do pé torcido, das costelas fraturadas, do nariz quebrado, várias escoriações no rosto e pelo corpo, a dor na alma era insuportável. Eu perdi meus filhos, meus sonhados, amados e desejados filhos. Aqueles dias no hospital não passavam, eu queria ir pra casa logo. Meu pai me procurou. Eu queria ouvi-lo, mas não ali no hospital. Quando fui pra casa depois de alguns dias o recebi.

Pai: Como você está?

Eu: Triste, com raiva, dolorida, enfim...

Pai: Pergunta boba a minha né... Deixa te ajudar - me ajudou a sentar no sofá.

Eu: Obrigada.

Pai: Deborah vai ficar presa 90 dias até a decisão se responde em liberdade ou em prisão domiciliar.

Eu: Espero que fique presa até o julgamento, ela merece.

Pai: Sim, ela merece. A gente não estava bem desde aquela ridícula viagem pra Goiânia.

Eu: Põe ridícula nisso pai. Você é melhor que ela em muitas coisas e se deixou contaminar por ela. Perdeu a oportunidade de entrar comigo no meu casamento, de entrar com a Emilly na igreja de ver seus netos nascerem por causa dela. - falava com mágoa.

Pai: Eu sei e eu me arrependo amargamente disso todos os dias. Sua mãe me arrastou pra amargura dela lentamente e eu me deixei levar. Eu magoei meus filhos e isso eu não vou me perdoar nunca. Não estávamos bem mais, e vender a empresa foi parte da libertação pra mim. Eu procurei seu irmão, sua mãe se sentiu traída e me esfaqueou. Eu já queria o divórcio e para não denunciá-la ela foi obrigada a assinar e finalmente eu voltei a respirar... - me contou tudo que contou pra Priscilla só que com mais detalhes. - Eu estou triste com o que aconteceu com você, eu nunca pensei que sua mãe fosse capaz de algo desse tipo filha. Se eu soubesse que ela faria algo assim, nem que eu precisasse mata-la antes disso acontecer eu teria feito. Eu jamais deixaria sua mãe fazer isso com você ou com um dos seus irmãos. Me chamaram para depor a favor dela para uma possível internação psiquiátrica e eu a joguei mais no fogo ainda, de que ela não fez isso por problemas psiquiátricos, porque ela tem muita consciência do que faz, ela não tem problemas mentais e ela não vai se safar disso com um laudo médico. - eu desabei em lágrimas.

Eu: Eu perdi meus bebês pai... Eles eram tudo que eu mais amava e queria. - ele se sentou do meu lado e me abraçou. Quanto tempo não sentia o abraço do meu pai. Ele falou com a voz embargada.

Pai: Eu sei filha e eu sinto muito por isso. - me deu um beijo na testa. - Eu sinto tanto, eu queria poder fazer alguma coisa, mas não posso.

Eu: Por que ela tinha que ser tão má pai? Qual o problema dela? Por que ela é tão ruim? Por que ela é tão cruel desse jeito?

Pai: Eu não sei filha. Eu queria ter todas essas respostas pra você, mas não tenho. Mas sei de uma coisa. Você é forte, a Priscilla é forte. Vocês vão se refazer, e vão tentar de novo e ter um bebezinho. Nunca substituirá os filhos que perderam, esses dois vão ficar pra sempre no coração, mas vocês serão felizes como nunca pensaram ser um dia.

Eu: Eu senti sua falta pai...

Pai: Eu também filha... Me perdoa por não ter sido seu pai quando precisou. - me abraçou mais forte. Eu sentia falta disso. Meu pai, quando éramos crianças até tentava ser um pai presente. Ele se importava minimamente mas com o tempo ele foi engolido pela minha mãe e se tornou um fantoche dela. Logo a Pri interrompeu nossa conversa sobre a vida, sobre nós...

Pri: Desculpa interromper - sorriu - Vamos jantar?

Eu: Você cozinhou todo o jantar amor?

Pri: Sim. Eu sei cozinhar.

Pai: Devo me preocupar?

Eu: Estava me fazendo essa pergunta agora mesmo pai.

Pri: Engraçadinhos. Eu como tudo sozinha e vocês dois que peçam um MC Donald's. - fez bico.

Eu: Bicuda... Me ajuda pai. - ele me ajudou a levantar e fomos pra mesa. O jantar estava gostoso. Depois disso meu pai ficou mais uma hora e foi embora.

Pri: Foi bom o papo né?

Eu: Sim, foi - sorri de leve.

Pri: Fico feliz que tenha perdoado.

Eu: Perdemos muito tempo amor.

Pri: Eu te amo.

Eu: Eu te amo.

Pri: A gente vai ficar bem.

Eu: Espero que sim - suspirei.

Pri: Quero te mostrar uma coisa. - pegou o celular, colocou numa foto e me mostrou.

Eu: Nossa... Amor, desculpa eu te amo, e você é linda e gostosa, mas esse agroboy é um deus grego. - ela riu.

Pri: Adivinha só? Namorado da Luíza.

Eu: Mentira... Por isso ela vai quase todo final de semana pra cidade e deixa a Alicia com o Rodrigo.

Pri: Sim. Escuta o áudio...

Luiza: Pri, por Deus do céu, que homem gostoso. Quando ele abaixou as calças, meu queixo caiu no chão junto com o pau dele.

Eu: Meu Deus - dei risada e senti meu corpo todo doer. - Ai meu corpo, meu nariz... E porque ela não contou nada pra gente?

Pri: Ela queria esperar dar certo. Estavam ficando a alguns meses e agora firmaram namoro. Ele conheceu a Alícia e é super atencioso com ela.

Eu: E o que o Rodrigo tá achando disso?

Pri: Diz ela que ele não tá curtindo muito não. Fica cobrando que a Alícia tá ficando sem ela muito tempo. Mas que ela não se importa com o que ele diz.

Eu: Isso vai dar briga.

Pri: Vai... - suspirou.

Eu: Está com raiva de mim? - ela me encarou.

Pri: Por que eu estaria com raiva de você amor?

Eu: Por causa dos bebês.

Pri:Natalie, foi uma fatalidade. Não podíamos prever isso, não sabíamos que isso iaacontecer. Não deveria ter acontecido na verdade, mas aconteceu. Dói, eu lembrofico triste porque quisemos muito isso, estávamos muito felizes, mas o quepodemos fazer agora? -eu deixei cair uma lágrima. - Nada dissofoi culpa sua, não fica com esse sentimento não. - me deu um selinho. - É claro que eu estou triste, como vocêestá. Mas não é culpa sua, nem minha, nem de Deus. Os culpados estão presos, agente se ama, vamos ter nossos filhos quando pudermos. Você fez as pazes comseu pai, vocês vão tentar uma convivência saudável agora com a sua mãe fora davida de vocês, e vamos viver a vida. - eu comecei a chorar e me deitei nopeito dela. Ela só me fez carinho, mas senti que ela estava chorando também.Não dissemos nada. Só choramos. Alguns dias se passaram, eu fui ao médico,tinha que ver o meu nariz, minhas fraturas novamente. Meu nariz já tinhadesinchado, mas ainda estava roxo. Meu rosto estava bem roxo, bem ferido. Meucorpo todo estava. Era um problema olhar no espelho as vezes. A obstetra meliberou, todos os médicos me liberaram pra viajar e indicaram médicos emGoiânia para acompanhar meu caso. Era dia 25 de novembro quando arrumamos tudopara viajar. Eu não volto no Rio mais esse ano. Não virei para o desfile que éno dia 05 e eu vou estar muito inchada ainda então não estarei presente. Meuirmão já tinha ido embora, meu pai ia me ver todos os dias e era bom tê-lo porperto. O convidamos para passar o natal conosco na fazenda. Meu irmão virá aoBrasil com a esposa e as crianças, minha irmã com o marido também vão então meupai vai também será nosso grande natal. Uma pena eu não estar mais com meusfilhinhos na barriga. Nos despedimos de todo mundo num jantar na casa do meupai. Ele nos levou ao aeroporto. 

NATIESE EM: A FAZENDEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora