Rui parte 2

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A pedido de todos que pediram por parte 2
Palavras: 838

Encarei o teto, como fiz a noite inteira. Imitar humanos, quando você precisa de carne humana, para se alimentar não é muito divertido. Eu não faço a menor ideia, de como imitar um casal humano. Por mais que fosse uma um dia, mal me lembro se tinha realmente 5 dedos em cada mão.

        Quando me alimentava, não observava o comportamento deles, eu só como. E não posso sair de casa, como vou observar os casais humanos? Eu aceitei ser a "namorada" do Rui. Por proteção, por que a última coisa...

        A última coisa que lembro da minha vida humana, e alguém que era supostamente, "meu namorado" me protegendo de alguém. Eu não lembro de nada depois disso... o Rui, e o único que supostamente sabe sobre isso.

        Enquanto pensava, sobre o problema que me coloquei. A porta foi aberta, abruptamente. E Rui segurava um garoto humano, ele jogou ele no chão. O garoto estava, fisicamente, machucado. O rosto dele estava, sangrando e inchado. Conseguia escutar meu coração, como se estivesse do lado dos meus ouvidos. Quando notei estava, com a as mãos no braço do garoto. Minha boca salivava, com a necessidade de mordê-lo.

        — Se acalme, não o devore agora — Rui ordenou, esbanjando autoridade na voz — ele é nossa fonte de estudo.

      Me afastei dele, mesmo com cada célula do meu corpo. Gritando pela carne do garoto. Me sentei no colchão, designado a mim.

         — Explique para a gente, o que são "namorados"?, e talvez você saia dessa casa — ele mandou para o garoto.

          Ele se afugentou, se encostando na parede. Acharia patético, se não tivesse a mesma reação, quando vi o Rui na primeira vez.

          — "Namorados" são pessoas que se gostam, e fazem coisas românticas juntos — ele disse, tremendo — às vezes eles se casam depois, e tem filhos.

         — Mas se eles virarem os novos "pai" e "mãe", o que aconteceria com os antigos "pai" e "mãe"? — ele levantou a dúvida.

         — Se tornam avós — o garoto explicou  (ainda tremendo).

         Por mais que meu coração estivesse pulsando nos meus ouvidos. Eu escutava atentamente, a forma que o garoto falava com simplicidade, me assustava. Para ele parecia algo tão básico, que criaturas que pareciam humanos, deveriam ter essa consciência. O que me magoou, por me lembrar da minha falta de humanidade. Algo que eu não tive a oportunidade, de escolher se a manteria ou não. Apenas me roubaram a humanidade que um dia tive, roubaram minha vida. Às vezes me pergunto, se os devorei.

         — O que são coisas românticas? O que eu tenho que fazer pra ser romântica? — perguntei com a cabeça baixa.

         Ele se esgueirou, para perto de mim. Talvez ele me visse, como algo mais fraco, que estava submetida à vontade do Rui. E ele estava certo. Limpei minha saliva, e esperei pela resposta.

          — Ser romântica, e acho que cuidar do cônjuge, ou agradar. Eu acho que é isso, ao menos era o que minha namorada fazia para mim. — Ele parou entre mim e o Rui — coisas românticas que se pode fazer é jantar juntos, saírem juntos.

          Assim que ele terminou de falar. Rui o matou. Olhei para o rosto dele, inexpressivo.

           — Pode comer, não precisa descer hoje — ele disse, saindo — amanhã vamos jantar.

           Assim que ele foi embora, fechei a porta. E avancei no corpo. Levei o braço do garoto a minha boca, e arranquei um pedaço de carne. Quando olhei de novo para o corpo, só havia sobrado os ossos. Só percebi o quão faminta estava, quando vi o garoto. A última coisa que havia comido foi, talvez quando me transformei.
    
           Olhei para fora (o que havia sido incrivelmente difícil, a janela estava tampada. Talvez para previnir o suicídio com o sol). Noite, totalmente escuro. Coloquei meus dedos para fora, tentei sentir o vento nos meus dedos.

         Sentei no chão , e tentei quebrar o que quer, que tampasse a janela. Minha tentativa foi falha, sentei no chão e chorei. Em alguns dias perdi minha vida, provavelmente devorei as pessoas que gostavam de mim. Perdi meu senso de humanidade, e capacidade de sentir culpa, e sabia disso pôs se sentisse. Não gostaria de lamber os ossos.

           Olhei para o teto, e fiquei assim. Até amanhecer, e anoitecer de novo. A porta se abriu e o Rui se sentou do meu lado. Ele me deu um prato. Provavelmente havia algum tipo de órgão, que eu não sabia qual era ali. Joguei o prato nele, peguei o órgão com a mão. E devorei. Ele deitou a cabeça no meu ombro, e eu estranhei.

            — Isso faz parte do que é ser "namorados"? — perguntei.

            — Acho que sim, vi várias pessoas fazendo isso — ele explicou — e depois fizeram isso.

            Ele juntou os lábios nos meus, em um ato que me parecia familiar. Ele voltou a deitar a cabeça no meu ombro, e deu entrelaçou a minha mão a dele. E novamente, aquela sensação familiar, me invadiu.

             — Acho que estamos fazendo certo, sinto que já fiz isso antes — falei, tentando me lembrar.

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