Anime imagine e preferences

Tsuchigomori

A pedido de Zumbid0 espero que goste.
Palavras: 734

— Sério, S/n isso não existe — minha amiga bufou — seu futuro está escrito, em alguma biblioteca estranha? Como você consegue acreditar nisso?

      Virei os olhos, a história da biblioteca que guarda os livros que contém o futuro e o passado. Me atiça a curiosidade, além do mais acho que acreditar em histórias de crianças, e melhor do que fumar os mesmos cigarros que ela.

      — Da mesma forma que você acredita, que fumar tanto não vai te matar — retruquei, pegando o cigarro — sério, amanhã é capaz de você nem acordar.
  
      Ela deu de ombros, e pegou outro cigarro. Ela começou a voltar a fumar, e eu joguei o cigarro no lixo.
   
      — Você acreditando ou não na biblioteca eu vou — anunciei, indo para a sala dos professores.

      Eu estava esperando para ficar de noite, mas acabei pegando no sono. Acordei e já era de noite, já deveria ter saído da escola a muito tempo, mas queria ficar ali até mais tarde mesmo. Dava minhas aulas de manhã, então tenho a tarde inteira para andar pela escola. Olhei o relógio às 15:44, pouco tempo para as 16:00 em ponto.

       Cheguei na biblioteca e esperei, não sei o que irei esperar. Mas tenho todos os requisitos, ser aluna da escola e estar à espera às 16:00 em ponto. Já fui aluna da escola a não muito tempo, e acredito que a lenda ainda se aplique a mim. De qualquer forma, se nada ocorrer, irei seguir minha vida.

       O que eu fiz dentro da escola, o que irei fazer. Tudo escrito em um livro fantasmagórico. Tentador, para ser o mínimo. Me perdi em meus pensamentos, e quando me dei por mim estava em uma grande biblioteca, livros brancos e pretos, rodeavam a sala. E alguns vermelhos, como manchas de sangue em um campo xadrez. Conheço a lenda perfeitamente, branco para os vivos, pretos para os mortos. Vermelhos são livros que não  se devem ler.
  
     Os vermelhos, apenas pela restrição, se tornam tentadores. Eles estão lá a uma mão de distância. Sorri e procurei pelo meu nome, e quando achei. Mal consegui me aguentar, toquei o livro. A possibilidade de saber o futuro, mesmo que um pouco. Não abri, o devolvi a prateleira. Me agachei e só consegui chorar. Eu esperava encontrar meu livro, lá perfeito, branco. Mas o que eu vi irá me perseguir, até em meus sonhos.

     Meu livro era preto, um livro para os mortos. Eu tinha que saber, o que ocorreu comigo? Peguei meu livro, e folheei. E lá estava, uma página inteira escrita com minha morte, nos mínimos detalhes.

     "S/n, foi morta pela sua melhor amiga. Ela foi movida pelos ciúmes, sua melhor amiga a invejava, o homem que sua amiga amava. Amava S/n, mas mesmo ela não o amando de volta, sua amiga a atraiu até o banheiro e a matou. Cortando sua garganta, e deixando-a sufocar até a morte.

        Seu corpo foi enterrado na horta da escola, nunca foi encontrado. Morta sua alma, procurou a vida que lhe foi roubada. Teve alucinações sobre estudar em uma faculdade, e virar professora. Se encontrou com outras almas perdidas, e encenou sua vida."

       Fechei o livro, e não pude acreditar em meus olhos. Minha vida foi roubada, por alguma vaca com ciúmes, eu não era uma pessoa ruim. Era boa, talvez tivesse me casado, tido filhos. Provavelmente iria me domar em medicina, minha carreira dos sonhos, tudo. Queria ter envelhecido, e morrido de velhice.

        Uma vida inteira, roubada por uma vadia, tudo era mentira. As amizades, a faculdade.
 
      — Percebeu agora? Você tá morta — o bibliotecário, anunciou — eu sei, deve doer saber que seus planos foram roubados. Especialmente quando você confiava tanto nela.
   
      — Só espero que meu corpo esteja de baixo, de algumas tulipas — lamentei — odeio cenouras, não quero passar a eternidade debaixo delas.

     — Rosas, se te alegra um pouco, muito mais sorte que muitos aqui — ele falou alegremente — seus ossos estão bem encerrados, e juntos. Os alunos acham que seu corpo é de algum animal.

      Sorri, gosto de rosas. Ao menos tenho algo para honrar meu túmulo. Melhor só que estar debaixo de cenouras, odeio aqueles vegetais estúpidos.

      — Um abraço? Qual é, acabei de descobrir que estou morta — perguntei, estendendo os braços.

      Ele se abaixou e me abraçou, vai ser um dos últimos abraços que vou receber. Ao menos um verdadeiro.