02

3.3K 295 164
                                    


Stella 😡

— Hum... — Ele descruza os braços, coloca as mãos enormes nos bolsos e vem até mim, arrastando o tênis, fazendo um barulho totalmente irritante. — Não vai dar para eu voltar do mesmo buraco que eu sair. — Se encurva aproximando seu rosto do meu. Mantendo uma certa distância. — Acho que não vai caber um homem com mais de um metro e oitenta, dentro da minha mãe.

Homem, pivete!

— Eu estou pouco me lixando para onde você entra, ou sai. — Me levanto, vou até a porta, seguro a maçaneta e olho pra ele, que já está ereto. — Eu só quero que você some do meu quarto. Sai daqui! — grito.

— Você está muito nervosa, costela... — me contraria com a voz arrastada. Se ele soubesse a vontade que eu fico de matar ele, quando me chama assim. Pensaria um milhão de vezes antes de falar. Ele deita na cama com as duas mãos atrás da cabeça, e cruza os pés olhando pro teto. — Por que está me tratando assim? — ele ainda pergunta? — Mais amor, por favor.

— O amor acabou quando você jogou a maldita bola de futebol no meu rosto, na sétima série.

Era terça-feira, dia de educação física na quadra. E infelizmente, o professor da turma do Josh ficou manco, e os alunos tiveram que descer pra quadra, mesmo não sendo da mesma turma que a minha.
 
Eu estava com a Letícia andando pela arquibancada, quando a porra da bola acertou a parte esquerda do meu rosto, e eu quase fiquei surda. E para completar, quando eu me virei pra saber quem foi, para eu poder começar a xingar o imbecil de todos os insultos existentes no mundo. A mão torta estava rindo de mim, e foi aí que a raiva invadiu o meu corpo. Eu esperava no mínimo que o quase assassino iria se humilhar, para que eu o desculpasse. Mas não, ele ficou rindo da minha cara amassada pela bola. Indignada com a situação, fui lá e briguei com ele. Mas o professor bonitão nos levou para a diretoria, chamou os nossos pais e ele conversou com todos nós — e não adiantou nada.

Foi aí que os nossos pais se conheceram,  e viraram grandes amigos, e o seu Jorge se tornou o meu padrinho. Até que essa parte era boa, mas depois de conviver com o Josh, e perceber o quanto ele é chato. Daí foi só ladeira abaixo.

— Foi o pior dia da minha vida — completo.

— Não fala assim do dia em que nos conhecemos — fez voz de ofendido. — Aquele dia foi um marco na minha vida.

Argh!

Chega! Esse idiota já me irritou demais. Vou até ele, e começo a desferir vários murros nas suas pernas.

— Vai! Tira essa ripa que você chama de pé de cima da minha cama, e vaza do meu quarto! Não quero que o ar que eu respiro aqui dentro, se polua com esse seu perfume fraco.

Ele se levanta, e vai até a porta. Se vira para mim, sustentando o seu típico sorriso de canto, que realça a sua covinha.

— Quer dizer, que a senhorita Stella andou reparando no meu cheiro.

— Sai! — esforço a minha garganta ao máximo para gritar, e ele sai correndo.

Vou até a porta, e fecho com brutalidade, ou melhor dizendo, bato com brutalidade.

Inferno! — murmuro.

Fecho os olhos e respiro fundo umas dez vezes para tentar me acalmar.

Vou até o meu closet gigante, e abro a gaveta de toalhas, e pego uma. O bom desse closet é que eu posso colocar todas as minhas roupas aqui, e ainda sobra espaço. Como eu só trazia algumas peças de roupas quando eu vinha dormir aqui, só uma gaveta dava.

Eu sempre achei esse quarto sem vida, é tudo muito branco. Mas eu nunca fiz questão de mudar a cor das paredes, porque de fato, eu não morava aqui, só passava alguns dias, e outras vezes algumas semanas. Mas agora eu posso mudar o que eu quiser, porque eu moro aqui — infelizmente.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora