Te Irrito porque te Amo

76

"Segredos..."

"Grito no meu silêncio, mas tem quem está disposta a me ouvir."

Stella ♥️

Vinte e cinco segundos. É o bastante para as estações mudarem? Ou melhor e mais interessante para mim: é o bastante para sermos felizes, correr sem rumo e não deixar a xícara cair?

Meu coração está eufórico, correndo sem rumo feito uma criança no parque. A minha xícara de capuccino está cheia mesmo depois de eu ter passado por todas as estações.

Faz pouco tempo que eu me sentia uma perdedora e frustrada por simplesmente não conseguir me sentir cem por cento feliz. Sempre fiquei a procura da minha felicidade,

Eu sempre procurei esses vinte e cinco segundos de felicidade. Nunca me senti feliz por completo e isso é bem frustrante. Procurar e procurar. Nas caixas de achados e perdidos não está o que eu procuro. Quando me centralizo nisso, sinto como se o inverno sempre me acompanhou. O dia de sol não aqueceu a geladeira em mim, e a cada vez que penso nesses vinte e cinco segundos que poderiam serem meus e não da garota do anúncio, o inverno fica mais forte. As rajadas de vento e a neve subindo a cada instante é um transporte para eu me desesperar.

E se eu encher a minha xícara, mas deixá-la cair por um descuido meu e não ter como consertá-la? Isso quer dizer que é para eu esquecer dos segundos em que posso tornar eles um segundo a mais?, é nisso que estou pensando enquanto o elevador está prestes a me deixar no próximo andar.

As sacolas das compras que fiz no shopping com minhas amigas, são muitas e tenho dificuldade para passar pela porta do apartamento. Há um alívio em meus braços quando deixo as sacolas no sofá e fecho a porta empurrando com o pé.

A minha primeira ação é ir até o quarto. Se Josh saiu mais cedo do treino por dores, ele deve estar precisando de uma massagem. A que fiz ontem foi boa o suficiente para ele não precisar de analgésicos, então já posso me considerar uma ótima massagista profissional.

Arrasto comigo a minha presunção exagerada de um segundo. Fico confusa. Não escutei vozes finas de torcedores ou cheiro de panquecas sendo queimadas. Josh não ronca. Para ser mais sincera, as vezes ele dorme como um bebê sem preocupações. Nesses últimos dias não está sendo bem assim, mas dormir tarde da noite por ter ficado horas sentado na cadeira, pensativo de uma forma que me preocupa, ainda não afetou a garganta dele. Então o nosso quarto é o primeiro cômodo que tenho acesso real.

A massagista aqui não tem em quem fazer massagem, o que é um pouco estranho. Checo o celular. Fui demitida sem ser avisada por mensagens ou email. A porta é de repente aberta por alguém. Viro o corpo e vejo Josh retirando o casaco para pendurar. A respiração pesada que sai de seus pulmões para chegarem aos meus ouvidos, me deixa tonta.

— Stella?

Ele pergunta, meio indiferente. Demonstra estar surpreso e as pernas hesitantes. Após segundos, ele finalmente deixa a sala e atravessa o balcão.

— Quando chegou?

— Não tem muito tempo. Onde você estava?

— Como foi a culinária, fizeram uma receita diferente?

Balanço a cabeça. Estamos de frente para o outro. Josh aproxima para segurar minha cintura e beijar meus lábios. Ele afasta e bebe água. Josh está com dificuldade para levantar o braço, e isso acende mais a minha desconfiança a respeito do braço dele estar tranquilo quando pergunto pela dor e desconforto.

— E como o seu braço está, Josh? — Dou um passo e pego o braço dele. Já de frente, me permito levantar a manga cumprida e tentar encontrar alguma marca. Aperto o bíceps e Josh faz careta, aposto que está reclamando mentalmente pela dor. — Ele está melhor? Está doendo muito? — Faço o braço dele de uma gelatina, movimentando para eu ver todos os lados. Ele não me responde e a minha preocupação aumenta. — Não esconde nada de mim, por favor!