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“Intrigada. Mas não ao ponto de eu deixar isso tomar conta das minhas sombrancelhas no dia depois da terça.”

Maratona Terapia: 4/4

Stella ♥️

Fazer exercícios físicos não foi a melhor coisa que a dra. Cole poderia ter me feito concordar em aceitar. Desabafar para uma pessoa confiável como ela me disse na segunda sessão foi óbvio, mas necessário. As vezes eu simplesmente esqueço de que tenho pessoas para contar, em meus momentos difíceis. Então quando eu tiver precisando, vou ligar para a minha mãe ou dar passos para sentir o calor do abraço de Josh. O abraço dele me acalma.

Ela também me disse que me sentir bem em minha própria companhia, é uma das coisas que tenho que sempre levar para a vida. Quero poder sorrir quando isso de fato acontecer. Ela é legal. Os poucos conselhos que já me falou, como procurar algo para fazer que ocupa a mente, é importante. Ela não sabe o que aconteceu comigo, mas é fácil de se presumir já que procurei ajuda, a dra. Cole é uma profissional.

Fiz um acordo com ela, que se eu fizesse exercícios físicos, ela me daria mais tempo para pensar em não desistir de fazer terapia. O acordo foi bom somente para mim, eu sei, mas meio que o fato de outra pessoa ter escolhido isso por mim, torna tudo mais chato. Como se eu estivesse fazendo por obrigação e não por eu gostar como Josh gosta, ou como quando faço comida, estudo, leio ou quando eu dançava com as meninas.

E mesmo que a terapeuta seja tão legal, profissional e que decidi ir para a academia por respeito a ela também, as perguntas que faz são íntimas demais. Meus sintomas que desencadeiam minhas crises, como na primeira vez que entrei em sua sala. Oferecer as balinhas, para mim, é tão desconfortável quanto me perguntar se aconteceu algo comigo.

As rugas que formam na testa dele e os passos que dirigem até mim, são calmos e ele parece querer prestar atenção. Os ombros dele são chacoalhados.

— Como assim?

Minha garganta está coçando para continuar com o que comecei a dizer. A minha terapeuta me disse algo que me deixou intrigada. Na verdade, muito intrigada. Foi como dizer a uma pessoa que está recebendo atendimento dentro da sala de um hospital, que ela está mal. Não achei que fez sentido algum ela ter me dito aquilo.

Falar com Josh para tentar me ajudar a entender o que ela quis falar me pareceu uma ótima idéia. Mas sei que se eu começar com essa conversa, vou terminar em lágrimas como hoje no consultório dela. Minhas bochechas molhadas foram um dos empecilhos para eu não perguntar a dra. Cole o que ela quis dizer. Pedi desculpas por ter usado mais de três lenços do seu estoque. Acho que ele não vai ser suficiente para mim. Não com tudo o que preciso falar para aliviar a minha mente.

De qualquer maneira, hoje, agora, mesmo depois da sessão de terapia, não estou me sentindo uma fracassada por não ter conseguido formular uma frase inteira para ela. O jeito em que fiquei intrigada, deve ter anulado a minha privacidade obscura, isso foi bom.

Sorrio e balanço a cabeça: perfeito jeito de deixar para lá o que quis dizer, para não ter que fazer ele se embarcar em mais um dos meus problemas, que não é tão problema assim. Tem coisas que eu não consigo lidar estando sozinha, mas tem outras, como esta, que eu posso tentar resolver comigo mesma. Essa foi uma das táticas que a dra. Cole pretendeu me ensinar na terceira sessão, antes de fazer a minha cabeça ser alugada por um emaranhado de intrigas e confusões.

Ou seja, estou conseguindo usar um dos conselhos dela, logo no início. Mais um ponto positivo neste meu processo de terapia. E para não me perder, vou tentar deixar de lado o que ela me disse. E se isso for concluído com aplausos, vou poder pensar com calma e tirar as minhas próprias conclusões, e perguntar ela na próxima sessão.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora