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“Deixar em segundo plano as minhas perguntas pessoais, sobre o meu bem-estar. E focar em não destruir a minha relação com a pessoa que amo: Josh.”

Stella 😠

Uma semana e meia que eu estou com os olhos abertos e fixados um pouco ao lado da cortina escura do quarto do Josh, em seu apartamento. Uma semana e meia que estou com um vazio em meu estômago. Uma semana e meia que lembranças indesejáveis me atormenta a todo segundo. Uma semana e meia que estou petrificada no mesmo lugar, sem me mover em instante algum, apenas vivendo no modo automático. 

E essa é a primeira vez em uma semana e meia, que pressiono as pálpebras superiores nas inferiores, para descer as lágrimas que juntei ao longo desses dias, junto com os pensamentos vulneráveis.

Não está sendo fácil. O fato de eu ter quase sido estuprada pela segunda vez, me machuca muito. E não é somente as dores físicas que estão presentes em meu corpo e sendo doloridas, não. As emocionais são as que mais estão me deixando a beira da morte, tirando meu suspiro bem gradativamente, até, por fim, um dia ser o último.

Hoje eu estou um por cento melhor que ontem. Pode parecer que isso não é nada. Mas do jeito que os meus sentimentos se oscilaram e ficaram paradas na morte, durante esses dias, essa única porcentagem significa uma imensa melhora para mim.

Respiro fundo e engulo a saliva e o restante do meu choro. Descalço, vou até a porta do quarto e abro a mesma. Com os braços cruzados e parecendo uma turista que está perdida numa cidade desconhecida, e ainda está querendo saber para qual lado vai, arrasto as pernas até bater meu corpo em algo sólido. Me sento em algo que acho que é a cadeira.

Diferente da turista, eu sei bem em qual território estou. Mas o fato de eu ter ficado em um único cômodo durante vários e vários dias, faz-me esquecer falhamente onde cada coisa está.

Abro mais os olhos e fecho na mesma hora; até eles já se acostumaram com a escuridão. Ver uma luz depois de tanto tempo, não foi muito bom para eles. Acho que nem para mim está sendo.

Ameaço levantar da cadeira, mas uma dor forte nas costas e uma tontura que faz tudo rodar diante dos meus olhos semicerrados, me devolve novamente para o estofado.

Levo as mãos até às têmporas e esfrego o local, franzindo os olhos. Depois de aliviado, tombo a cabeça para trás e encho meus pulmões, esvaziando eles logo em seguida.

— Eu tenho que comer... — murmuro e deixo essa sugestão beirada na afirmação, presa no ar.

Já um pouco melhor, levanto e vou até a pia. Passo a mão com água na testa e seco as mãos no pano.

Olho as horas antes de abrir o armário e pegar uma frigideira.

Preparo um ovo mexido com mussarela, pego o pacote de pão de forma e coloco na torradeira.

Coloco tudo o que fiz na mesa e dois pratos. Sirvo-me com o chá gelado. Olho para a comida por tempo demais.

“Eu vou comer”, mentalizo isso várias vezes na minha mente.

Há três dias quando o Marco veio aqui com a Letícia, de alguma forma, soube que eu não estava comendo direito e ele me aconselhou, para que toda vez que eu fosse comer, mentalizasse isso.

O Josh não sabe que eu não estou comendo quase nada. Toda vez que ele leva comida para mim no quarto, eu dou umas duas garfadas, jogo fora o restante e finjo que como tudo. Sei que ele ficaria bravo se soubesse que não estou comendo o suficiente para se formar pelo menos um grão de bico.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora