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"Porque eu e a dor, nos damos bem."

Stella 😠

Está sendo consumidor a forma como tento carregar os meus pedaços para algum lugar que eu consiga me sentir minimamente bem, ou quando tento acender a luz na minha escuridão pra me sentir pelo menos em paz, por alguns minutos.

Eu tentei esconder a minha ferida com outras coisas que pudessem encher a minha mente, como ter fugido de mim por quase duas semanas. Eu pensei que se eu deixasse ir a parte que abria sempre que resquícios de medo me abraçava, eu estaria um pouco menos fraca, minhas lágrimas eu conseguiria evitar.

A dor pulsa em meu peito, como ondas latejantes de uma possível morte de olhos abertos, me questionando se ainda posso sobreviver mesmo com as lembranças vindo tudo a tona agora. A minha tentativa de fuga se perde no meio da minha desorientada memória, que agora volta a viver intensamente na minha respiração que se pressiona no meu tórax.

A minha procrastinação se encerra aqui, o meu trabalho árduo de manter longe a cena que se repetiu por duas vezes agora volta, como uma tempestade violenta de desistir de tudo. Estou me arrastando para o lugar da minha própria dor, o meu dolorido e fiel gatilho, onde eu me sinto confortável, porque a dor e eu nos damos bem.

O alicerce que construir durante quase duas semanas, que achei que fosse resistente o suficiente para sobreviver a mim e a uma conversa específica, se desmorona diante dos meus olhos castanhos.

- Eu... - Aperto o colchão, sem olhar para ele. Ouço seus passos. - Não, Josh. Deixe para outra hora.

Levanto e ele entra na minha frente. Fito seus olhos, mas depois deixo eles em qualquer lugar que não seja um dos meus pontos fracos no momento.

- Vamos conversar agora. Por favor...

A sua voz é rouca, mas aveludada. Calma, como sempre é quando está falando comigo. Meus olhos fazem uma viagem longa, até encontrar os dele. Essa permanência está sendo algo bom para mim. Está sendo reconfortante. E estou numa linha dividida entre dar a volta e focar no meu passado recente, ou continuar aqui olhando para suas íris verdes, mesmo sabendo que eu posso me acabar aos soluços ridículos.

Todo o meu ser escolhe a linha direita. Ele acha que é a mais certa. E, sinceramente, pode até ficar mais fácil.

Separo meus lábios finos e um suspiro de certeza, sai no meio deles. Olhei por tempo demais no fundo de seus olhos. Aperto as pálpebras e faço minhas sombrancelhas se juntarem, junto com minhas mãos.

- Eu estou com vergonha de você.

A minha confissão totalmente direta, faz um certo peso sair da minha garganta. Mas outra pedra que já estava em meus pensamentos, sobre o que poderia acontecer se eu dissesse isso, junta com a pergunta que ainda tem que sair da minha boca. É essa indagação que está me fazendo dar passos, me recuando e me deixando de costas. Meus olhos estão abertos, fitando a porta de madeira do banheiro grande.

O silêncio de Josh está me deixando louca. Penso que se eu falar tudo logo, de uma só vez, vai ser melhor para mim. Porque se ter alguma interrupção, a pedra vai ficar maior e prender a minha respiração ainda mais.

- Você viu tudo... Tudo! Você me viu em um momento em que ninguém deveria ter visto. Eu estava praticamente nua e ele por cima de mim! -- Meu rosto todo dói, quando aperto os olhos, mas não o suficiente para fazer as imagens saírem da minha cabeça.

Foi algumas horas depois, que realmente caiu a ficha de como que ele tinha me visto. Senti a sensação da vergonha queimar toda a minha pele. Eu fiquei extremamente exposta, e foi por isso que resolvi não ficar mais cara a cara com ele.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora