Te Irrito porque te Amo

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“Esconder algo de quem ama, também tem suas consequências...”

Josh 🏈

Eu estava afogado de gasolina e aquelas palavras dela me incendiaram. Como um passo mal executado, eu perdi o jogo e fui tabelado para o último da lista. O último onde estão classificados os piores da liga.

Agora me encontro perdido, sem foco. A minha bússola está quebrada e preciso concertá-la o mais depressa possível, o problema é que eu não conheço as ferramentas certas para remendar o que partir. Isso é uma droga! Nunca fomos um casal que discute nem por besteiras, isso sempre foi um território irreconhecível para nós dois.

Eu não estava a fim de construir algo, e tive uma cena de ciúmes com ela. Na terça-feira, após a nossa conversa tensa, Stella saiu depois de ver as mensagens do Marco Alexandder. Perguntei o motivo de sair tarde da noite e tão preocupada, logo depois da mensagem do guarda volumes. Ela só falou que precisava ver a Letícia. Cavei a minha própria cova quando perguntei:

— Aquele cara vai estar lá?

Stella ficou em silêncio, mas a expressão rígida e decepcionada em seu rosto, me falaram que eu estava sendo um idiota mais uma vez. Fui um babaca por duas vezes na mesma noite. Tenho ciúmes. Não posso negar isso, mas eu poderia tentar esconder de alguma forma, afinal, é exatamente isso que estou fazendo há semanas.

Stella está com raiva de mim, penso nisso desde o momento em que ela se afastou e me disse para parar de chamá-la de meu amor. A verdade é que não sei a dimensão do sentimento ruim que Stella está tendo até agora, ou se já diminuiu. Mas ela saiu às seis da manhã para ir a casa da Letícia outra vez, isso pode indicar que continuo ferrado.

Pensar no semblante da Stella se contorcendo de decepção ao lembrar de quando eu quase contei para ela, mas voltei atrás como um covarde, não me faz concentrar muito no que a fisioterapeuta está me falando para fazer. Esticar o braço ou tensionar os músculos? Isso está sendo chato e há uma confusão no meu cérebro.

A tela do meu celular acende há alguns centímetros de mim. Com certeza isso instiga a minha curiosidade.

— Pode dobrar o braço, por favor? — Estico o pescoço, mas sem sucesso na minha tentativa de ver de quem são as mensagens que chegam uma atrás da outra. — Senhor Kavill.
Dobre o braço, tenho que sentir a estrutura óssea dele.

Faço isso. A minha sessão com a fisioterapeuta do colégio acabou há alguns minutos. Cheguei no apê e não encontrei Stella, ela deve ter chegado na terapia, foi o que me falou nas mensagens que respondi quase cinquenta minutos depois.

Tomo um banho rápido e coloco um sobretudo para enfrentar a metade do inverno de Boston. Checo o celular e não tenho nenhuma mensagem da Stella. A caixa de e-mails também está vazia, sem reuniões hoje. Significa que vou ter tempo livre para organizar meus pensamentos e suposições que estão prestes a afundar no mar de gasolina, e a Stella vai ser a responsável por decidir se vai riscar um fósforo. Não faço ideia de qual será o próximo passo da reação dela.

Rodo a chave e ligo o motor do carro. Meus braços não doem como antes, e estou pronto para pegar estrada até a clínica da dra. Cole. Passo pela catraca, entro no elevador, ando pelo corredor e sento em uma das cadeiras juntas, grudadas na parede da sala. Esse meu percurso de alguns minutos, serviram para eu meter a minha cabeça em pensamentos afogados de raiva e complicações que estou colocando em toda essa história.

Através do vidro da janela, Stella está sentada. É por alguns segundos, mas noto como ela aparenta estar confortável. As mãos não estão inquietas e a cadeira próxima a mesa revela que não está tendo medo agora. Volto a me sentar. Com a postura reta, espero-a.