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“Futebol americano e academia com ela.”

Maratona Terapia: 3/4

Josh 🏈

Estico os músculos do braço ao preencher os bolsos da calça jeans preta com minhas mãos. Envergo o pescoço, virando ele para o lado. Estou esperando a professora terminar de organizar os trabalhos que Stella tem que fazer. Mas ela está demorando mais do que o esperado, a minha namorada não deve ter tantos trabalhos já que está fazendo pelo notebook. Tenho alguns compromissos. E um deles inclui terminar o dia com ela.

Umedeço os lábios, massageando o pescoço. Berenice, a professora de alguma matéria, não parece que vai demorar mais.

— Ela está acidentada? — Franzo a testa. — Me refiro a senhorita Cooper. — Afundo mais as mãos nos bolsos, olho para o teto. — Há vários dias em que ela não tem presença nas chamadas das minhas aulas. Vou conversar com os professores a respeito disso. Era somente quatro dias, o que aconteceu com ela?

Ela me olha, querendo a resposta que não vou dar. Seu suspiro é de chateação. Também estou, não aguento esperar. Tenho que sair e ligar para a Stella pra saber se está tudo bem.

Seguro duas pastas, jogo a mochila nas costas, colocando o braço direito na alça e saio da sala.

— O diretor está de brincadeira!

Janjão reclama alto, saindo da sala no lado oposto do meu.

— Algum problema?

— Vou ter que enfiar a cara nos estudos! — Ele reclama mais, enfiando pastas na mochila. — Agora que o meu pai não está mais pagando a minha mensalidade, ele não vai ficar encarregado das coisas que faço aqui. — Olho para ele. — Das coisas que não faço aqui.

Enfio a mão direita no bolso, segurando as pastas de atividades da minha namorada na outra. Aqui dentro tem o passaporte para o sonho dela de talvez ser uma advogada, é o que ela me disse em uma de nossas conversas em nossos tempos juntos. A escola não disponibiliza outras folhas e se eu de algum jeito dar um sumiço nelas, estou ferrado.

— A verdade é que de alguma maneira eu tinha que me tornar independente — meu amigo diz, ao sairmos das portas da escola. Ergue uma das sombrancelhas em minha direção. Atravessamos até a estacionamento. — O trabalho como bar men está dando certo, estou pagando tudo aqui na escola e os custos do futebol.

Sorrio de lado. Meus vários concelhos para ele ser finalmente independente, deram certo. Ele não podia ficar dependendo do pai, não com ele expulsando-o de casa sempre quando tinha vontade, não estava correto. Fiquei um pouco, talvez alguns dias, sem falar direito com o meu amigo e agora vejo que já tem algumas coisas resolvidas em sua vida.

E a sua menção ao futebol americano também me faz sorrir. Ter sido um quarteback durante anos e ter tido a oportunidade de fazer parte disso, é uma das coisas que é capaz de tirar um sorriso do meu rosto.

Estamos nos aproximando da minha Harley. As vezes ainda costumo chamar a minha moto de filho.

— É certo? — Seus olhos me olha quando faço a pergunta. — O esporte. Estar na mira de mais um treinador não está em meus planos, João.

— Vai dar certo, fique relaxado. — Lhe entrego o capacete. — Não me acostumei com o quarteback feito de balão de tecido poliéster de posto de gasolina. — Nego com a cabeça. Chamar a atenção do meu amigo para falar que dizer assim é errado, não condiz com a risada que quero soltar.  — Sem brincadeira, o cara não consegue nem ser líder. Eu que sou o Runnick back tenho que planejar até às reuniões pré-jogo para ele. — Coloco também o capacete, consertando as alças da mochila nas costas. Janjão aperta meu ombro. — Você que é o meu irmão. — Me empurra, jogando meu corpo para o lado. — Não posso fazer isso com ele.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora