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“Estudos, ajuda, matemática e olhar materno...”

Stella ❤️

— A senhorita Jhonson já me respondeu, dizendo que a base do triângulo é igual ao maior lado do retângulo — o professor repete as palavras dela, com a perna direita no descanso da mesa enquanto está sentado nela. — Mais alguém consegue me dar outro exemplo?

Eu certamente saberia, se essa matéria fosse a que sei fazer de melhor. Mas para mim, a matemática sempre foi algo intocável. Poderia até tirar um A em política se eu tivesse escolhido ela para ser uma das minhas matérias durante o ano. Ou seja, posso conhecer a vida pessoal de cada integrante da Casa Branca, mas nunca fazer uma soma básica na matemática.

Viro o rosto discretamente para o fundo. Por movimentos nas sombrancelhas, os aumentos na forma dos meus olhos e a subtração nas outras duas pálpebras que o dono está quase se fundindo com a parede, conversamos por olhares e semblantes. Eu disse ao Josh para responder a pergunta do professor, ele sabe tudo sobre matemática. Maya Abigail, a mãe dele, era uma médica excelente e super dotada em relação aos números. Josh ganhou isso dela, mas não usa nunca.

Pelo o amor de Deus!

Reviro os olhos e viro a cabeça para frente. O professor já está no meio da sala desenhando um triângulo retângulo. A tinta azul da caneta desliza pelo o branco liso, os números com letras e setas só fazem confundir a minha cabeça. Descanso meus olhos. Apertar eles para entender e responder a outra pergunta do professor, não foi algo legal. Parece que fiquei um pouco tonta com isso.

— Para calcular a área do triângulo, multiplicamos a sua base pela a altura e depois é só dividir por dois — minha amiga dá a resposta pela terceira vez.

Isso orgulha o professor, que vira o rosto só para olhar pra ela. Ele nunca olha diretamente para o aluno, mesmo quando responde. Ou eu fiquei muito tempo sem vim e ele já mudou o seu jeito de dar a sua matéria.

— Acho que agora todos estão me olhando, amiga — estando de dupla comigo, fica mais fácil dela se comunicar com um sussurro perto do meu rosto. — Passei vergonha?

A risada fraca e quase inaudível que deixo soltar também em forma de sussurro, puxa o olhar dela para mim. Trato de balançar logo a cabeça antes que a Letícia crie algo que não está acontecendo.

— Você só está sendo você mesma. — Sorrio e levanto as sombrancelhas, meio que animada. — Tenho uma melhor amiga inteligente e que pode facilmente ir para a faculdade que tanto quer!

Ela tira a insegurança que estava rondando a expressão doce dela e alivia as bochechas. Letícia descansa as costas na cadeira.

— Obrigada — balbucia. Vozes de alguns alunos do fundo ecoam pela a sala quando o professor pede licença antes de passar pela porta. — Ainda pensa em ser advogada como era o tio Steven?

Chacoalho a cabeça, franzindo a testa ao colocar os olhos nela. Letícia fica despercebida, sem notar na minha quase falta de atenção ao que ela falou.

— Advogada... O quê?

— Faculdade — responde com as íris azuis magnetizadas nas respostas das perguntas que o Sr. Plim deixou antes de sair. Ela para e conserta os óculos, me olhando. — Meu primo as vezes menciona sobre aquela conversa que tivemos sobre o nosso futuro.

As rugas em minha testa se contorcem mais dez por cento. Tentar me lembrar quando que houve isso, é torturante. E me forçar a descobrir quando a minha memória se tornou tão fraca e dependente de outra pessoa, também é torturante. Junto as palavras dela aqui no presente e rasgo a minha mente. Com isso, até que enfim consigo resgatar um pouco do dia depois em que machuquei mais o meu pé quebrado.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora