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“Pessoas são passageiras.”

Stella 😠

Eu estava muito contente. Afinal, não era todos os dias que via o homem mais importante da minha vida, ir para uma reunião extremamente indispensável e que, se tivesse saído como o esperado, aumentaria pontos em seu nome, que é de grande notoriedade na área em que ele estava.

Vê-lo desenhar seus lábios em um sorriso alegre e que é capaz de contagiar qualquer pessoa, está no topo da lista das coisas de que eu nunca esquecerei — e também, não moverei esforço algum, para que isso aconteça. É tão bonito e genuíno a forma em que ele sorria, deixando sua barba um pouco grisalha e por fazer, pinicarem minha têmpora, beijando-a — depois de eu ter descido os degraus as pressas, para lhe abraçar —, e me permitindo relaxar e ficar em um conforto tão caloroso, que seria muito trabalhoso se alguém ousasse em me arrastar dali.

— Costela anda tão carinhosa ultimamente. — A voz e o apelido que o poste ambulante usou para fazer-me irritar, começou a surgir efeito em meu corpo magro.

Mas, deixei aquilo de lado, para aproveitar os poucos momentos que ainda tive com o meu pai. Sempre tentava aproveitar o máximo quando estava com ele. E mesmo isso sendo cumprido, nunca seria o suficiente.

— Vamos descer até a portaria, papai? — pedi e ele logo me entendeu. Saímos do nosso apartamento e entramos no elevador, comigo agarrada em seu braço. — Por que o idiota do filho do meu padrinho está aqui?

— Nos damos bem, filha — me diz, e sorriu. Sorri um pouco. — Também queria conversar com ele, antes de viajar. O Josh é um rapaz legal, Stella. — Bufei. — E ele daria um ótimo genro...

— Morto! Ele daria um ótimo genro, morto!

Tentei enfatizar o máximo que pude e pelo nosso olhar pessoal, meu pai entendeu. E... nossa! Eu também entendi o que ele queria me dizer com aquelas suas íris verdes acinzentadas, sendo levemente pequenas pelas pálpebras cerradas e uma das sombrancelhas arquiada.

Que nojo! Eca! — Meu corpo todo se gesticulou. — Esse foi o maior insulto que o senhor já me disse, pai. Pelo o amor de Deus!

Fiz uma careta e o homem de terno preto e bem passado, soltou uma risada discreta, consertando os óculos logo em seguida.

As portas se abriram e ele iniciou passos, com a sua postura bem ereta, profissional e até invejável. A minha mãe também é assim — sempre fingi que tenho essa genética quando ia para o escritório ter reuniões, como a capitã das líderes de torcida.

Em poucos minutos, já estávamos na frente do prédio, no bairro próximo em que os Gonsales moravam e onde o primogênito que me atormentava, morava com seu corpo musculoso e sem necessidade daquilo tudo.

Fiquei de frente para o meu pai e segurei suas mãos. Ergui as pálpebras para lhe encarar; suas sombrancelhas grossas, íris um tanto esverdeadas. Os cantos de seus olhos, enrugadas pelo sorriso gigantesco. A barba com alguns fios brancos, com pelos que já está ficando visíveis — e fui com ele até o barbeiro, havia menos de uma semana. Os fios de seu cabelo, estão grisalhos. Meu pai pinta o cabelo dessa cor, e isso dá um charme nele, tornando-o ainda mais o... meu pai.

— Me promete que vai estudar e tirar as melhores notas, continuar sendo uma capitã excelente, entender a sua mãe... — Fiquei estática. Prestando atenção em cada detalhe que ele me dizia. —, e sorrir em todos os momentos? — A voz dele nessa última frase, ficou indiferente. Parecendo um pouco... triste?

Juntei as sombrancelhas e separei os lábios.

— Não estou entendendo...

Meu pai respirou, fundo e um tanto quanto atordoado. O ar estava um pouco frenético e seus lábios se entreabriram algumas vezes, como se estivesse pronto para me dizer algo de extrema importância. Mas, algo estava dificultando essa sua vontade. Suas pálpebras vacilaram e não estava funcionando, como objetivo principal, mantê-las firmes. Estava errando miseravelmente.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora