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“Fazendo amigos na Semana da Amizade”

Stella ♥️

Abro os olhos junto com uma das portas.

— Stella?

— Oi.

— Quer que eu chame o Josh?

Balanço a cabeça.

— Não, quero entrar aí — digo, com a voz meio trêmula. — É que... — Seguro a ecobag pelas mãos, com ela quase tocando o chão. Aperto um pequeno sorriso. — Tenho que fazer uma coisa.

Ele fica permanecendo os olhos em mim, como se estivesse investigando. Enrugo as sombrancelhas. O que ele está fazendo? Bruscamente, ele inclina as mãos em minha frente e depois entra no vestiário de costas.

— Antes vou fazer uma coisa aqui — João diz e corre para dentro novamente. Bato os pés, esperando. Não sei se estou impaciente ou ansiosa. Mesmo abafado, a voz do melhor amigo de Josh está diferente por estar baixa. E com o tom fora do seu normal,  escuto os murmúrios dele dizendo: “Veste logo a camisa do time, cara.” e “Senta direito. E você fica alí”, isso me faz usar tanta a minha atenção, que até consigo escutar alguns jogadores reclamando da atitude do João Harris. A porta é destrancada e a metade do corpo dele é exposta. — Agora você pode entrar.

Me dá um espaço e começa acontecer o que vim determinada a fazer. “É a namorada do Kavill”, essa é a primeira coisa que ouço quando entro por completo. Todos os integrantes dos Dragões estão alinhados e sentados nos enormes bancos retos e de ferro, e Josh sentado num banco independente e no meio dos outros dois bem maiores.

A mesma postura resistente e o olhar verde penetrado em mim. Ele sabe o que vim fazer, não quer ficar ao meu lado por um motivo e o sorriso que desenha seus lábios médios me motiva ainda mais. Porque é meio estranho estar num vestiário masculino com muitos rostos masculinos.

— Oi... — Todos respondem o meu cumprimento, atentos. Aperto os olhos, me repreendendo. — Não vou usar alguma palavra firme, não sou como o antigo quarteback de vocês. — Presto atenção também na risada discreta de Josh. Aposto que ele está se lembrando das reuniões dois dias antes dos jogos, na sala da casa dos nossos pais. Tiro o pote retangular da ecobag e seguro em minha frente. Olho para todos os “garotos do quarteback”. Tirando ele, João é o que está literalmente cem por cento concentrado no que estou falando. Curvo os lábios. Balanço o pote. — Fiz cookies com cinco gotas de chocolates e muito recheio no interior. Sei que vocês não podem comer muito antes do jogo, mas os cookies ficaram bem leves. — Termino minha fala com uma risadinha.

— Leve com um quilo de chocolate como recheio? Não é contraditório?

Não sei quem falou isso, as únicas vozes que consigo identificar são as de João Harris, Paulo Parking e de Gabriel Scott. Quando encontro o responsável por agora ter algumas risadas contra mim, olho diretamente para ele. Não sei quem estão sentados nos lados dele.

— Já fabricaram pó de chocolate e cacau com uma porcentagem bem menor. Assim fica fácil de fazer um equilíbrio entre a massa e o recheio. Ficando, assim, um produto leve de ser consumido.

O incômodo que fico quando ele ri mais alto, faz-me fechar as mãos apertando o recipiente. Alguém dirige um sermão e uma agressão física contra o jogador idiota de verdade.

— Qual é o peso que um jogador tem que ter?

— Cento e trinta e cinco quilos — responde, com sarcasmo.

— E a bola de futebol americano, qual é o peso dela?

— Trezentos e setenta e uma gramas.

Conserto minha postura. Deixo os ombros enrijecidos e meus dentes batem um contra o outro. Solto uma enorme lufada de ar.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora