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“Temos que saber aproveitar os momentos.”

Stella 😠

Mesmo no zero, o brilho do meu celular parece ser quatro faróis de dois carros ligados, em baixo de um acento e dentro de uma sala enorme e escura. Eu poderia esperar terminar para ler as notificações. Mas o fato de que são essas mensagens das Semanas Motivacionais Da Escola que também está juntando com os resquícios da minha vontade de ficar cem por cento melhorada, está me ajudando a pensar positivo. Isso me faz parar e ler sempre quando ela chega para mim.

Essa semana, a qual não estou participando presencialmente, veio no momento em que eu mais precisava; há seis dias, quando tive uma crise poucas horas antes de eu e Josh irmos na Cafeteria. Foi leve, mas horrível tanto quanto as outras. Consegui controlar uma no dia em que minha mãe me ligou. Fiquei super feliz, mas foi super cansativo segurar com a minha pouca força, a trava das minhas emoções.

“Não importa o quanto cuidamos de nós mesmos. Nunca poderá ser o suficiente.”

Corro os olhos para o lado. Isso me faz lembrar de como estou falhando em cuidar de mim mesma; do meu corpo e da minha mente. Era quase uma obrigação eu me arrumar para simplesmente ficar em meu quarto. Assistindo um filme semelhante aos meus livros, ou apenas lendo. Era realmente leve aproveitar esses momentos comigo.

Sendo extremamente sincera. Essa minha rotina corriqueira com a oscilação dos meus sentimentos bagunçados, ruins e desagradáveis, está sendo uma caminhada tão exaustiva. Que, bem no fundo do meu coração, eu desejaria não ter deixado tanto o meu bem-estar em segundo, terceiro ou quarto plano e destacado as outras coisas que estão em cada esquina.

“Temos que saber aproveitar os momentos.”

Meu peito logo suspira de uma forma boa e meus pensamentos do meu arrependimento se desliga, me deixando focar no que posso fazer.

Bloqueio o celular e deixo as costas no banco confortável e guardando o aparelho na minha bolsa preta. Olho para Josh e sorrio, com ele totalmente alheio ao que estou transmitindo com meu sorriso. Ele não está olhando também, mas do mesmo jeito ainda continuo com meus lábios curvados nos cantos.

Toda minha atenção vai para a enorme tela a nossa frente. Dois baldes de pipoca e três copos grandes de refrigerante do mesmo sabor, foram o suficiente para assistirmos ao filme que escolhi: Uma comédia romântica.

Minha cintura é ainda mais esquentada quando os braços dele, cobertos pelo casaco preto, rodeia por ela. Isso dificulta um pouco nossos passos quando queremos sair da sala do cinema. Mas não me importo. Principalmente quando ele, por trás, vira a cabeça e beija algumas vezes minha bochecha. Aperto seus pulsos e dou mais uns dois passos.

Freio as pernas. Viro o corpo, colocando os braços no pescoço de Josh e ele continua com os dele no mesmo lugar. Beijo seus lábios médios várias e várias vezes, como ele fez em mim.

Acho que estávamos bloqueando a passagem, como um tronco enorme de uma árvore caída no meio de uma avenida que costuma ser movimentada, e que foi parar lá depois de uma tempestade com rajadas de ventos de cem quilômetros. Porque em menos de três segundos, já estamos sendo quase linchados por outras pessoas que querem passar. Saímos das portas ouvindo frases como: Licença, por favor.” e “Saiam da frente!”

Com certeza nossas risadas podem ser ouvidas por alguns metros de distância. Foi estranho e engraçado a forma como que algumas pessoas estavam nos olhando.

Meu pulso é pressionado com leveza.

— Para onde você tá me levando?

Faço a pergunta entre risos, com o acontecimento de minutos atrás. Descemos correndo os degraus que faltavam da escada rolante, e Josh me arrasta até o painel gigante do filme afastado um metro da parede e perto da praça de alimentação.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora