“Copos cheios acabam transbordando.”
Stella 😠
Sei que na maior parte do tempo eu ajudo a tornar as coisas ao meu redor mais complicado. Algo que poderia ser resolvido com uma conversa ou apenas um assentir de cabeça de um milésimo de segundo. Mas não, sem querer, acabo fazendo esse pequeno problema se tornar uma rocha gigantesca em cima de meus ombros, diante de meus olhos e de frente para a minha vida.
É frustrante por eu simplesmente não conseguir firmar isso em minhas mãos e, as vezes, isso acaba saindo do meu controle. Como quando eu não tive maturidade o suficiente para sentar e dialogar com a minha mãe sobre o novo casamento dela. Se isso tivesse acontecido, não teria aquele clima ruim. E quando eu não cheguei em Josh para conversarmos e, por causa de tudo o que aconteceu e da minha morbidez por conta dos meus problemas psicológicos, preferi ficar calada.
Teve outras situações em que compliquei as coisas. Como recentemente. Eu poderia apenas ter visto aqueles borrões brancos, escutado a água caindo e os murmúrios repugnantes do infeliz, e ter deixado pra lá. Fingir que não estava me vendo nua em um vídeo e sem o meu consentimento. E o pior, para atos que me odeio só em imaginar para quê o vídeo foi usado.
Já tentei enganar a mim mesma outras vezes, e quase sempre deu certo. Mas passar uma rasteira em minha mente, é quase igual se autodestruir. Neste caso, sou eu que levo a rasteira. E o tombo é milhões de vezes mais doído. E ele foi milhões de vezes cruelmente mais doído.
A verdade é que eu nunca consegui me adaptar a nova vida que ganhei no meu aniversário de treze anos. Mas não posso me julgar, dizendo que não tentei de todas as formas que estavam ao meu alcance. Mudei da casa em que eu estava aprendendo a gostar, para não me sentir culpada e suja quando entrasse em meu quarto. Me inscrevi nas aulas de Culinária não só porque meio que gosto de cozinhar, e sim porque eu queria cobrir a minha mente com coisas que não eram as imagens sujas daquele maldito dia e as que vieram se arrastando depois disso.
Desta vez eu poderia, poderia ter apertado o botão de tanto faz e desconectado o pendrive da televisão. Mas para mim nunca é tão simples. Como sempre, deixei as piores sensações tomarem conta de mim. Como sempre, deixei o meu medo e meu gatilho fiel puxarem as cordas e me instruir a ter a minha falência de olhos abertos e me trancar dentro do banheiro enquanto eu me cortava com canivetes.
Eu odeio isso. Odeio o fato de que essas lembranças sempre conseguem tirar o melhor de mim que ainda me resta. E odeio mais ainda por deixar pessoas fazerem isso comigo. Como a Kate que me mandou a embalagem com o pendrive, estava escrito no papel marrom até eu rasgar em pedacinhos e deixar tudo descer pelo o ralo. Tem pessoas que sentem o prazer de estragar a vida dos outros.
Não sei o que há de errado comigo. Não é novidade para mim que estou extremamente exausta e acabada, com a sensação de que fui moída por várias vezes. Todas as partículas do meu corpo estão mortas, nem a metade de uma escapa.
Meu cérebro grita argumentos para o vazio. É tão difícil assim voltar a como eu era antes? É tão difícil acabar com as lembranças patéticas? É tão difícil manter meus olhos abertos enquanto quero continuar viva por dentro, sem correr o risco de morrer definitivamente se eu fechar eles? É tão difícil acabar com o meu choro alto e agudo e os murmúrios de que vai ficar tudo bem, mesmo não acreditando cem por cento no momento? É tão difícil ser feliz? Quando isso foi tão difícil antes?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Te Irrito porque te Amo
Teen Fiction⚠️ALERTA DE CLICHÊ ⚠️ O casal mais fofo do Wattpad. O bad boy mais fofo do Wattpad. Dois jovens, uma única história. Stella: Uma adolescente marrenta, que não gosta nada da idéia de sua mãe se casar de novo, e com o seu padrinho. E para piorar, ela...