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"Estou cansada..."

Stella 😠

Voltar para Boston é como voltar para os meus problemas. É como voltar para tudo o que me incomoda. É como me esquecer de tudo de bom que os dias na viagem foram para mim e focar nas coisas que o meu passado me causa. Não é porque quero simplesmente lembrar das minhas dores latejantes pelo o corpo ou do meu medo excessivo que somente o nome dele me causa.

A verdade é que eu já estou quase cheia dele. Do que me causa. Estou cheia da minha falta de apetite e das tonturas e náuseas. Estou cheia da escola de samba que fica na minha mente, e que apito nenhum é resistente o bastante para ordenar que pare com os choques nos tambores que são as cenas.

Realmente não fiz questão de contar, mas teve vários dias que praticamente não tive nenhuma emoção negativa. Aproveitei essa viagem da melhor maneira possível. Ontem, antes da gente pegar no sono, eu e Josh assistimos reprises do jogo dos Dragões com potes de salgadinhos e latinhas de refrigerante. Depois eu fui ler um pouco e ele ficou fazendo massagem em meus pés enquanto conversava só para atrapalhar a minha leitura, me irritando.

Não tinha como acontecer o que aconteceu. Era quase impossível até. Mas o meu subconsciente não foi o meu aliado na hora de me fazer ter um sonho tranquilo e legal. Pelo contrário, ele quis se tornar um mar de porcarias e me inundar em um pesadelo ridículo e desprezível tanto quanto o próprio autor dele. O meu obscuro e algumas palavras que falei com Josh sobre a viagem estar acabando, foi o culpado.

Pelo menos as horas não foram capazes de ocultar tudo de perfeito que aconteceu nas nossas férias. Mas foi o suficiente para sugar a minha energia ao ponto de eu acordar extremamente cansada e desanimada. É como se tentar viver com esses problemas, fosse mais difícil do que tentar acabar com eles. E fica ainda mais complicado porque as vezes tento realizar as duas opções, o que me desgasta o triplo.

O suspiro extenso que sai dos meus lábios, soa como se eu tivesse trabalhado durante toda a noite e ainda sem tempo para descansar. Sei que é quase isso. Porque eu realmente corri de medo dele por todo o longo pesadelo.

— Uma porção para mim e a minha namorada, por favor.

Josh faz o pedido que iremos dividir como disse a ele, e a funcionária do fast food parece ter saído já que não escuto mais a sua voz. Descanso a cabeça no banco do táxi. Outro carro parando na janela do lado oposto e alguns automóveis fazendo fila para serem atendidos também, é o meu escape no momento. Focar em tudo, menos no meu obscuro. É, esse é o melhor a se fazer.

Só consigo perceber que estou apertando forte a mão de Josh, quando o carro treme embaixo dos meus pés, tirando minha concentração e grudando meus pensamentos em outras coisas. Empurro meu braço esquerdo para longe e guardo no colo, onde se encontra com a outra mão e juntas, ficam quietas. Murmuro um pedido de desculpa e ele ameniza a feição, me dando um sorriso com os lábios apertados.

Josh pega minha mão e leva de volta pra ele, entrelaçando na dele e deixando elas pousadas no nosso meio. E sem dizer uma palavra. Deixo a boca em uma linha, com um pouco de curva no lado e retorno o olhar para as árvores que passam rápido diante dos meus olhos.

Saindo do táxi, mastigo a última batata frita. Puxo a mala e Josh ajeita a bolsa dele nas costas no mesmo momento em que estamos entrando nas portas do aeroporto. O lugar está literalmente lotado e bem barulhento. Nossas mãos ainda juntas e minha calça moletom preta se escorrega livremente por minhas pernas até chegarmos num balcão enorme. Não gosto de fazer o check in, então é ele que está responsável por isso.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora