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Stella 😠

Terça feira/ noite...

Minha mão direita na porta de correr do closet. E o meu olhar atento, olhando para as minhas roupas que eu ia para o Boston College. As roupas que eu usava há praticamente um mês; minhas saias plissadas, as meia rastão, as blusas sociais femininas e as minhas botas que amava usar, para completar o meu look.

Tudo seria tão diferente se o Leonardo não existisse. Ou, se pelo menos ele tivesse nascido em outra família. Bom, mas aí, a vítima não seria eu, porém, poderia ser outra menina. E para mim, se tornaria praticamente a mesma coisa.

Então, é melhor eu pensar em como seria se a minha mãe não tivesse se casado outra vez. Assim, não teria festa, e o infeliz não teria motivo para vim aqui. E eu estaria finalizando a minha missão de tentar esquecer tudo o que ele me fez.

Mas não, ele veio. E trouxe nas suas malas, o meu medo profundo de festas — principalmente as de aniversário, com o som muito alto, porque me faz lembrar de quando eu gritei e ninguém me ouviu. Ele trouxe nos bolsos de suas malas também, a minha insegurança de usar as roupas que eu gosto, e também, o meu desânimo de me arrumar adequadamente; como usar maquiagem, me pentear e ficar bonita para mim mesma.

Ele já foi chegando, deslizando o zíper dos bolsos e deixando escapar tudo isso e grudar em mim, de uma forma bem violenta e nada sútil.

Agora não faço mais o que eu fazia antes. Me esqueço as vezes de até lavar o cabelo. Eu tenho medo. Acabo pensando que se eu me arrumar demais para ficar em casa, usar minhas roupas e passar maquiagem, ele pode começar a pensar que estou fazendo isso, me arrumando desse jeito, para ele. E não quero que isso seja motivo para ele tentar fazer algo comigo. Não quero que seja culpa minha, por ele ter me violentado outra vez. Acho que já me sinto culpada o suficiente.

E se acontecer de novo. Juro! Eu não vou conseguir suportar... Então, reforçando, é exatamente pelo o meu medo, é para me prevenir, deixei de vestir o que sempre gostei, principalmente quando ele está aqui — é por isso que prefiro ficar trancada no quarto, quando o Leonardo está aqui, as vezes, até quando não está também. Agora uso mais calças e blusas moletom. Principalmente para ir ao colégio. Lá é outro lugar; onde tem idiotas que não respeitam mulheres.

E sobre o meu sorriso. Ele nunca vai voltar... Por mais que eu possa tentar de todas as formas em ir em anos atrás e fazer ele dar meia volta e voltar para mim do jeito que era antes. Não adianta. Eu posso fazer de tudo, mas eu nunca mais terei vontade de sorrir outra vez. E a morte do meu pai completou o cem por cento de certeza de que eu não vou ser feliz como eu era: Antes de conhecer o Leonardo e do meu pai falecer.

A maioria dos sorrisos são o efeito de uma felicidade. E como eu posso sorrir sendo uma pessoa tão triste? Chega até ser doloroso em pensar que os meus lábios já se esqueceram como que se curvam em apenas um simples sorriso. Por mais triste que ele seja. Por motivos sombrios, deixei de ser quem eu sempre fui.

— Stella! Já escolheu a roupa? — ouço o estalar dos dedos da Letícia, fazendo-me chacoalhar a cabeça.

— É... acho que vou com esse. — Pego os dois cabides com a roupa escolhida e jogo no puff ao lado dela.

— Por que você está chorando? Do nada... — Ela se levanta e vem até mim.

Eu estou chorando? Como assim?

Vou até o espelho da penteadeira e olho meu reflexo. É... eu realmente estou chorando. Limpo essas lágrimas involuntárias. Nossa! Estou tão acostumada em chorar, que isso acontece e eu nem se quer percebo. Igual hoje de manhã. Acordei triste, e quando me dei por mim... já estava com minhas bochechas molhadas. E isso não é a primeira vez. É sério. Estou cansada de acordar chorando.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora