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Josh 🍻

Abro a porta do apartamento e espero elas passarem primeiro. Depois de fechar, dou alguns passos e jogo as chaves da moto na pequena mesa de vidro, que fica entre o par de sofá e a televisão.

Com as mãos nos bolsos da calça, passo pelo balcão e chego na cozinha. Me escoro na pia, grudada no balcão e fito o chão, esperando elas conversarem.

Tem menos de seis horas que tudo aconteceu. Depois que o efeito do calmante passou, ir embora lá da casa, foi a primeira coisa que a Stella falou com a mãe. Mal consegui ver o jeito que ela ficou, quando olhou para o próprio quarto.

Vim para o meu apê, pareceu ser a melhor solução naquele momento. Ela estava com tanto medo e vontade de sair de lá o mais rápido, que nem deu tempo de pegar suas coisas.

Bruscamente, levanto a cabeça quando vejo Stella passar por mim como um raio, entrar no quarto espaçoso e fechar a porta logo em seguida.

Ainda com os bolsos sendo preenchidos por minhas mãos, saio de perto do móvel e cruzo o piso, chegando na dona Maria Victória. Ela está com os dedos na têmpora, sendo sustentado pelo outro braço.

Suspiro forte, olhando para o solo. Ela ergue o pescoço e conserta os óculos escuro. Olho pra ela.

— Desmarquei todas as reuniões na Decoradora — me informa, com a voz doce e falha. — Pode me ligar direto e a qualquer horário. Vou ficar ao lado do celular, não precisa ligar pra casa.

A mãe de Stella olha para todos os lados, como se fosse para visualizar o apartamento.

— Ela vai gostar daqui, não tem nada cor-de-rosa. — Também viro o pescoço e olho rápido para a decoração dos móveis e para a cor das paredes. Volto o meu olhar; ela está assentindo. Agora, está balançando a cabeça em negativo, também com muita calma. — A minha filha só não pode querer pintar tudo de preto.

— Seria a cara dela — completo, erguendo as sombrancelhas.

— Sim. Seria.

Ela ri pelo o fundo da garganta e eu rio também, negando e apertando os lábios.

— Ela amava o rosa. — Toca meu braço uma única vez. — Até chegar na pré adolescência. Depois disso, o preto foi a sua única paleta de cor.

— Alguém tem que dizer para ela que aquele guarda-roupa precisa de uma luz.

A mulher cai na gargalhada e eu a acompanho, sendo sincero.

— Ela me disse o por quê ama o preto... — Seu semblante cai, junto com os ombros. — Mas ainda prefiro pensar que é por causa da sua rebeldia como a maioria das adolescentes. — Volto a tocar meu braço. — Sei que também, essa fase influencia muito. Você, por exemplo, não dava sossego. Saía todas as noites. Noção? Não tinha. A Madalena que sofria para te encobrir.

Rio. Agora uso as mãos para passarem nos fios e deixo elas atrás do pescoço, suspendendo o peso para trás.

— Me ligue, Josh, por favor...

A voz dela volta ao que era antes. Assinto e ela abre a porta e passa o corpo pela metade dela.

— Não deixe ela sem comida.

— Ela me mataria se eu trancasse a dispensa.

— A Stella não faria isso. — Para e parece pensar por breves segundos. — Ela faria.

Lança um sorriso bem fraco, vira o corpo e gira nos calcanhares.

— Ainda não consigo acreditar que isso aconteceu com a minha filha. — Pelo o seu tom, está chorando.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora