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Música do capítulo:
My Mind & Me
— Selena Gomez.

"Vou me livrar dessas lembranças, porque eu jamais permitiria que elas se livrasse de mim."

Stella 😠

É cruel firmarmos em uma incerteza. Mas é mais cruel quando temos a certeza e mesmo assim nos deixamos flutuar no campo aberto e sem atrativos do medo e da dúvida. Se apegar a isso é o mesmo que se atirar num mar com ondas revoltas, e que a qualquer momento podemos nos afogar com a força das curvas por não termos usado uma bóia, como uma certeza firme para não ficarmos submersos em nossas próprias formas ridículas de hesitação.

É cruel ter que viver com um "e se..." constante e para todo lugar que for dado um passo. Viver com um E se não der certo? E se eu pisar nos meus próprios pés e acabar tropeçando na minha dor na hora que eu for dizer? E se a minha respiração acabar definitivamente e eu não conseguir nem ao menos dar um suspiro fraco por entre meus lábios ressecados e sem cor? E se o meu medo fiel me impedir de realizar o que eu mais quero? E se o meu medo for maior que eu em todos os aspectos? E se eu parar de ter medo de viver e eu acabar vivendo com medo de morrer? E se isso acontecer a qualquer momento por causa das lembranças?

Sempre fui estruturada por ilusões de um momento bom se tornar para sempre, e, por conta disso, não ter coragem de procurar uma ajuda que sempre precisei. E se eu não precisar mais de ajuda, por ter finalmente ficado bem? As mesmas incertezas que me fizeram ficar de pé, me derrubaram e deixaram hematomas. É como parar a cabine no topo da roda gigante e achar que nada vai fazer destravar. Porém, com um descuido que deveria ser bem cuidadoso para não se enganar, a cabine se estremesse e roda cento e oitenta graus, ficando no térreo. Bem assim que eu me senti há muito tempo. E, na verdade, ainda sinto porque não é tão fácil sair de mim todos os meus poréns.

Prometi a mim mesma que eu não iria escavar a confusão na minha cabeça e pegar o meu baú secreto com as respostas das minhas incertezas. E o mais importante, prometi também que eu não iria fazer a combinação da senha e abrir para eu, finalmente, ceder ao fato de fazer o que eu ainda tenho receio. Mas depois que eu conversei com a minha mãe logo quando fiquei um pouco mais calma, me fez pegar a caneta e marcar um v na minha lista imaginária, e juntar com todos os outros motivos e afirmações que já tenho guardado no fundo secreto da minha mente.

Estou parcialmente deitada, ainda pensando com calma há mais de uma hora. A pequena onda com espuma que se forma ao redor do meu dedo indicador, me faz ficar mais concentrada. A marca dos ossos dos meus joelhos estão a mostra. Meu braço direito abraça minhas pernas cobertas pela água morna. Enquanto uso a parede com cerâmica branca para apoiar a lateral direita da cabeça, um suspiro mais sólido e não tão fraco como estava quando entrei na banheira para pensar, sai diretamente dos meus pulmões, entrando nos ouvidos e meio que concordando mentalmente com as perguntas ácidas que desferir a mim mesma.

O último círculo que faço com o dedo e a água para de se movimentar. Isso também para meus pensamentos em duas coisas que Josh disse para mim quando estava sendo a pessoa mais incrível que tenho. "Você é forte e sei que confia nisso." e "Eu te amo e estou aqui."

A minha mente ainda não está com todas as peças de roupas dobradas perfeitamente. Algumas gavetas do guarda-roupa estão quebradas, por causa de várias roupas amontoadas, esforçando-as. Mas as que estão arrumadas fazem clarear a minha mente e meus olhos, com isso, iniciando o dobramento de outras peças.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora