Te Irrito porque te Amo

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"Uma pessoa despedaçada consegue perceber pedaços soltos nos olhos de outras pessoas, até naqueles que mais costumam brilhar. "

Stella ♥️

A qualidade é melhor do que a quantidade. Foi o que a minha professora de Culinária me disse quando viu o meu prato com mais molho do que sabor.

Ela se prontifica a ficar no centro, com várias mesas grandes ao redor. Seus braços cruzados atrás do corpo, o peito estufado e o queixo arribado, quase tocando o teto, mostra seriedade até na forma em que dar os passos para lados certos - se aproxima em quem errou em fazer três pratos seguidos com um sabor nada agradável ao paladar.

- O que é melhor para vocês? - Eu já estava com a minha atenção nela, pronta para ouvir um sermão. - Comer pouco de um prato delicioso, ou comer muito de um prato ruim?

Ninguém murmura alguma resposta. Ela espera, com o seu único semblante sério e desafiador. Levanto a mão. A professora estreita os olhos e sinto o meu corpo diminuir de tamanho a cada vez que o olhar dela fica pequeno.

- Um pouco de uma comida boa - respondo, certa no que estou dizendo.

- Então caprichem.

A sombrancelha levantada, me mostra que eu fui a que mais possui tentativas fracassadas. Ela está certa, o molho da minha costela realmente ficou intragável. O segredo é continuar tentando até dar certo. Uma coisa não fica excelente se não darmos a devida dedicação. Então, é preciso recomeçar sempre que sentir a necessidade e quando aquilo de fato não está indo bem.

Cometer o mesmo erro por várias vezes, significa que temos que parar um pouco e prestar atenção no que estamos fazendo de errado. É necessário, para assim, termos uma melhora naquilo que queremos dar o nosso melhor.

Limpo o prato e começo a receita do zero. Primeiro o tempero para deixar conservar. Vou ao fogão que divido com o Enrico Bianchi e preparo o corte da costela. Tempero a minha carne após usar, uma nova mistura. Fiquei um tempo olhando para o meu molho e até ele ficou frustrado, não me dei bem nas misturas então mudei todo o meu cardápio, começando pelo o tempero. Enquanto coloco a costela para assar, na minha mente já estou fazendo uma combinação de sabores que pode fazer com que o meu novo molho dê certo. Deixo o forno em cento e oitenta graus.

Eu vou fazer dar certo, depois de várias tentativas, é o que penso, assentindo para mim mesma.

Tiro as luvas térmicas e coloco as de plástico. Pico pimentões vermelhos e tomates em cubos pequenos. Corto duas cebolas, amasso e cubro a tigelinha com papel filme. Os ingredientes escolhidos passam pela lâmina da faca e uma música do Shawn Mendes fico imaginando. Não pode usar fones de ouvido enquanto estivermos manipulando os alimentos.

De acordo com um conselho de uma pessoa que estou aprendendo a gostar, ouvir músicas enquanto fazemos algo que gostamos, como no meu caso que é cozinhar, ajuda a ficar calma. Não estou ouvindo música, mas sei que a minha mente é capaz de ficar pensando em coisas boas.

A minha Mise en place está feita. As tigelinhas com ingredientes neutros e coloridos. A professora fiscaliza a minha bancada mais uma vez; está limpa e organizada. Não toco em nada enquanto espero o momento certo para preparar o molho. É, talvez eu realmente esteja sendo uma chefe com eficiência neste momento.

Cantarolo um pouquinho. A cor do meu molho está pegando a tonalidade para a certa. Coloco uma pequena quantidade na palma da mão e experimento. Sinto o sabor de todos os ingredientes que adicionei em comparação a minha primeira receita. Mexo mais, em fogo baixo. Em três minutos a consistência está ideal. Rosinha e um pouco mais líquido, como imaginei.