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Josh 🍻

Não contei, mas já faz mais de cinco minutos que ela saiu da mesa toda delicada; tentando manter a coluna reta e com um guardanapo na mão.

Bebo todo o café. Tempo suficiente para ela voltar. Stella senta e puxa a cadeira para frente, bebendo um pouco do seu pedido. O sorriso contido que lança pra mim, me faz suspirar.

Posiciono os músculos no vidro da mesa na cafeteria e deixo tensos os ombros, fixando os olhos nela que me olha com uma forma de que já sabe qual será a minha pergunta, que não foi respondida há quase dois dias.

— Por que não quis me dizer que estava vomitando?

Ela conserta os fios nas laterais do rosto. Solta um grunhido e chacoalha a cabeça, me olhando.

— Não senti tanto enjôo.

Deixo os olhos firmes e tento me inclinar mais na sua direção. Stella observa meus movimentos do mesmo modo que eu observo os dela. Suas íris castanhas sempre serão um ótimo alvo. Consigo prender sua atenção a mim. Assim fica mais fácil de conversar e de nós dois entendermos o ponto de vista um do outro.

— Quero que compartilha suas coisas comigo, do mesmo modo que compartilho as minhas com você — digo as palavras com calma e ela só presta atenção. — Fazemos isso naturalmente desde o início do nosso namoro, mas agora está acontecendo só apenas a metade.

— Sempre quando me pergunta como foi meu dia, eu digo.

— Só as coisas boas.

— Juro que sempre quero te dizer o que acontece comigo.

Seus lábios são reprimidos logo quando me diz. Consigo perceber a convicção, mas tem algo fervendo em meu cérebro, para que eu esclareço a pequena confusão que estou desde quando ela negou.

—E por que não diz? — pergunto e sua feição se fragiliza. Ficamos nos olhando por tempo demais, como se essa pergunta fosse a mais difícil que ela já ouviu. Um suspiro bem longo é soltado. Ela desvia e suas íris estão por toda parte, menos em meus olhos.

— As vezes acho que me pareço com uma criança querendo chamar atenção.

Me levanto e ela também faz o mesmo. Stella entendeu o que quero fazer. Pego nas laterais do seu rosto e tento deixar o meu alinhado com o dela.

— Stella, sempre sei quando você não está tão bem. Não precisa fingir pra mim. — Fixo o olhar. — Mas prefiro ouvir isso da sua boca. Quero saber até das coisas não legais.

— Quase não dá para esconder as coisas de você — diz rindo e revirando os olhos. Claramente sem achar tanta graça assim.

— Conheço bem a minha namorada.

Beijo seu nariz e ela solta uma risadinha fraca. Agora percebo uma ponta de sinceridade na risada. Stella sobe as mãos até meu peito.

— Ainda estou tentando fazer o diálogo ser um dos meus pontos fortes. — Seu tom é baixo. — Quero muito contar para você sobre o que penso em não querer fazer terapia. Mas... — Olha para os lados. Soca meu ombro, suspirando. — Vimos para Forks pra esquecermos um pouco das nossas coisas de Boston. — Ergue os olhos para mim. Seu semblante mostrando não estar mais fragilizado como antes. — O que vamos fazer?

Como esqueci a carteira no quarto, ela paga a conta, deixando o dinheiro no envelope. Conversamos um pouco sobre como o café estava bom, enquanto andamos de mãos dadas até o estacionamento. Vamos para lados opostos do carro que aluguei para nos locomovermos enquanto estamos nas férias.

Te Irrito porque te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora