Vendida! (03)

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Maiara:

Sábado, cinco da tarde. Minha mãe acabou de jogar em meu colchão um vestido curto no tom preto, o decote parecia vulgar, um salto preto e assessórios.

Não quis desobedecer, tentei relutar pela manhã sobre isso e ela me deu um tapa no rosto. Me senti um lixo.

Havia acabado meu banho, estava apenas de toalha olhando o que estava sobre meu colchão.

Suspirei pesado e fui até ali, peguei a pequena lingerie que também havia ali, e vesti. Era desconfortável. Muito vulgar. Após vestir a peça íntima, vesti o vestido e pus o salto, fazendo a maquiagem e pondo os assessórios. Fui até o quarto dos meus pais me olhando no enorme espelho do guarda-roupa.

- Você está extremamente atraente e bela, minha filha.

- Mamãe, eu não quero me vestir assim. É vulgar. Pareço trabalhar nas ruas.

Ela pegou forte em meu maxilar, levantando minha cabeça que, até então, estava abaixada. Ela fitou meus olhos com fúria.

- Fica quieta e apenas se comporte! Não de um "piu"!

Ela soltou meu maxilar, empurrando minha cabeça para trás. Voltei a olhar para o espelho...
Aquele sutiã fez meus seios pequenos parecerem enormes, e o decote deixava extremamente visível aquilo.

Estava extremamente desconfortável.

Eu não tenho preconceito com quem se veste assim, acho lindo em outras mulheres, mas eu não gosto de me vestir assim, não gosto de expor meu corpo dessa forma.

Minha mãe me arrastou até o carro, onde entramos e fomos até um lugar desconhecido, mas parecia ser o lugar mais movimentado de Veneza.
Paramos em frente a um enorme prédio, onde havia escrito em letras prateadas e bem visíveis "galeria de artes". O prédio era completamente de vidro. Incrível!

Saímos e entramos no local, onde os olhares se direcionaram ao meu corpo. Que desconforto.
Me olhavam com cobiça, e eu que não vejo maldade em nada, via toda maldade nos olhares dos homens mais velhos em meu corpo. Obviamente, eu parecia ter uns vinte anos com aquela roupa. Parecia uma mulher "fácil".

Ao chegar no ponto de encontro de todos, nos sentamos. Minha mãe não parava de conversar com um homem que eu arrisco dizer ser o dono do evento. Eles conversavam e me olhavam, minha mãe sussurrava coisas em seu ouvido me olhando enquanto o homem de terno e gravata olhava para meu corpo. Logo ela se sentou ao meu lado.

Aquilo estava um saco. Era um leilão. Eles vendiam objetos de alta classe. Os preços eram absurdos.

Estava brincando com meus dedos de cabeça baixa sem prestar muita atenção em volta. Escutei meu nome ser chamado no microfone por uma voz grossa, e minha mãe se levantou me puxando pelo braço.

Andando em direção ao "palco", meu coração estava disparado. Eu estava com medo. Medo do que viria pela frente.

- Bom, uma menina de quatorze anos, virgem e com o corpo intacto, como podem observar.

Disse minha mãe a todos os homens e mulheres dali.

Queria correr, sair dali. Mas ela segurava minha mão com tanta força que doia. Fechei meus olhos sentindo todos os olhares sobre mim, ou melhor, sobre meu corpo.

Após longos minutos em silêncio, minha mãe volta a falar.

- Começamos as apostas em dez milhões.

A olhei assustada.

- Onze milhões. - Disse um velho na plateia.

- Doze milhões.

As propostas começaram a aumentar junto ao meu desespero. Percebi que todos os velhos que estavam ali estavam em discussão em quanto pagariam por mim, menos um. Era alto, usava terno e gravata, relógio no pulso, sapatos e calça social, pra variar, careca e usava um óculos escuro.

Ele se mantinha quieto, as vezes fazia ligações que eram rápidas, mas nunca tirou sua atenção da minha direção. Assim, ao terminarem os lances por uma quantia exorbitante, minha mãe decide fechar em um velho asqueroso, gordo e com o pé na cova.

- Quem dá mais de vinte cinco milhões? Alguém da mais? 3... 2...

- Cinquenta milhões! - Disse o homem de terno e gravata vindo até nós. - Entrego o dinheiro em mãos nesse exato momento! - Ele abre a maleta em suas mãos, onde havia milhares de notas do mais alto valor.

- Ve-vendida!

Minha mãe gaguejou ao ver todo aquele dinheiro.

Ao escutar sua última palavra, me corroi por dentro.
Como assim "vendida"? Eu sou apenas uma adolescente, e primeiro de tudo, não se vende pessoas.

Minha mãe não hesitou em pegar a maleta pesada de notas e entregar-lhe o contrato, que logo foi assinado.
O homem me olhou não sei ao certo para qual lugar do meu corpo por seu óculos tampar minha visão de seus olhos, mas esticou sua mão pra mim. Eu imediatamente fui para trás da minha mãe, na defensiva, achando que ela poderia me proteger.

Eu estava errada...

- Vá logo, garota!

- Venha comigo, Maiara! Não vamos fazer nada com você. - Disse o homem com uma voz grossa.

- Não, eu não quero ir, não quero!

Relutei por muito tempo, mas ele me pegou pelas pernas me jogando em seu ombro e me levando em passos apressados até o carro preto, abriu a porta e me pôs ali dentro, fechando a mesma novamente. Logo entrou e pôs seu cinto, me mandando por também.
Não retruquei e coloquei, mesmo tremendo.

Ele deu partida sem falar nem uma palavra.

Eu estava destroçada.

Como minha mãe me vendeu assim? Por quê? Minha irmã pode encontrar o amor da sua vida e eu tinha que ser vendida a um maníaco de provavelmente irá se aproveitar da minha pureza, irá me maltratar e depois me largar em um lugar qualquer depois de cansar de fazer o que quer comigo.

Fui chorando calada até o carro parar em frente a enorme mansão Mendonça.

A mansão mais famosa de Veneza...

Meu Deus, ele era um Dias? Não, não, não.

Assim que o mesmo abriu a porta eu tentei correr, mas ele sem qualquer esforço, pôs a mão na frente passando por minha barriga segurando sem força minha cintura, mas suficiente para me parar. Tentei relutar em seus braços, mas ele não fazia nem um esforço, e isso me cansou rapidamente.

- Solte-a!

Escuto uma voz doce feminina e em seguida, barulhos lentos e sincronizados de seus saltos.

- Não trate sua mais nova patroa desta forma, Fernandez!

A mulher era extremamente linda...

Usava uma calça social preta e uma blusa branca quase transparente de botões com sua costura para dentro da calça, em seus pés, um salto preto e branco, seus cabelos loiros que batiam em sua cintura, estavam soltos com ondas e em sua mão havia o celular do ano.

O homem me soltou e eu fiquei parada no mesmo lugar olhando para a mulher que até então estava em frente a imensa porta da mansão, me olhando fixamente.

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