Maiara:
Estava na sala, resolvendo umas coisas do meu aniversário com a decoradora, enquanto Maraísa me ajudava também.
Depois de conversar muito sobre a festa, fui conversar com o arquiteto. Disse como queria o meu quarto, mas o mínimo porque não gosto de gastar muito e me incomodo com tudo isso.Agora, eu estava aqui sem fazer nada, eu e Maraísa jogadas no sofá vendo série e comendo pipoca. Estava uma tarde meio chuvosa e fria, então estava muito gostoso.
Eu só queria a Lila aqui...
Já são seis da tarde e ela não aparece, já estou ficando aflita.
A imensa porta da casa foi aberta, e logo pude ouvir sua voz reclamando.
- Me solta, eu consigo andar sozinha!
- Senhora... - O detetive tenta falar algo.
- Depois eu lhe mando o dinheiro, pode ir embora!
Corri até ela a dando um abraço apertado. Que saudade!
Mas ela não retribuiu, continuou parada ali como uma estátua. Então a senti respirar fundo e me afastar de seu corpo.- Está tudo bem? - Pergunto preocupada ao vê-la com a pulseira do hospital.
A loira apenas olhou nos meus olhos. Seu gesto de negação com sua cabeça foi quase imperceptível. Ela abaixou a cabeça e saiu dali, subindo as escadas e desaparecendo na imensa casa. Olhei confusa para o detetive, que suspirou.
- Tiraram ele dela mais uma vez, e ela passou mal. Senhora Henrique, por favor, cuide dela. A médica disse que ela não anda comendo direito, apenas bebendo. Percebi que você é o ponto fraco dela, usa isso para ajuda-la, eu lhe peço.
Apenas assenti e o levei até a porta, me despedindo e fechando a porta. Respirei fundo e subi, parando em frente ao seu quarto. Bati três vezes na porta, e ela não me atendeu, então resolvi entrar. Não vendo ela no quarto fui até o closet. Nada. Abri a porta do banheiro vendo logo de cara ela sentada no chão do box, abraçada em suas pernas com a água fervente caindo sobre suas costas, a deixando vermelha.
Fui até a mesma meio desesperada e desliguei o registro. Aquilo estava queimando ela...Me abaixei em sua altura vendo de seus braços escorrer sangue.
- Lila...
Demorou um tempo para que ela respondesse...
- Ele é tão lindo... Aqueles bracinhos tão pequenos me agarrando me fez sentir a mulher mais feliz do mundo. Ele me chamou de mamãe... Ele me pediu pra não deixar ele e eu deixei. Tiraram ele de novo de mim. - Ela disse chorando.
Sem me importar se me malharia ou não, eu a abracei forte, sentindo ela retribuir aquele abraço e desabar. Então, quando olhei o chão do banheiro vi a lâmina ao seu lado, completamente ensanguentada.
- Eu estou aqui, mamãe. - A apertei mais em meus braços.
- Maldito nome! Maldito passado! O que eu fiz pra merecer isso? Que me punicem de qualquer forma, mas não tirando ele de mim. Quando senti ele nos meus braços senti meu coração quase explodir de felicidade e quando arrancaram ele de mim... - Ela para de falar por alguns segundos - Foi como se arrancassem meu coração sem qualquer anestesia com as próprias mãos, deixando só a porra do meu corpo.
- Você vai conseguir ele de novo, eu prometo! Agora vem, levanta, vamos limpar esses braços, estão sangrando muito.
Me levantei e a ajudei a levantar também. Mas ela escondia seus braços, deixando eles cruzados por cima de seu peito, com a sua cabeça baixa. O sangue escorria por sua barriga, enquanto as lágrimas caiam em seu braço.
Estava me doendo tanto vê-la daquela forma.
- Do que adianta ter todo esse luxo? Eu posso ter tudo que quero a hora que quero, posso comprar o que quiser, mas não tenho o que eu mais almejo ter.
- Você precisa urgente de um psicólogo! Mas eu procuro um depois, vamos sair, vem. - Ela me olha.
Sua face estava vermelha, assim como seus olhos, rosto inchado, a maquiagem completamente borrada. Seu rimel me dava a ideia do caminho que suas lágrimas traçaram, o batom falhado, cabelos mal arrumados.
Ela estava irreconhecível.
Me aproximei, passando meu polegar limpando um pouco da maquiagem borrada, sentindo as lágrimas molharem meus dedos.
- Vai ficar tudo bem. - Sussurrei encostando meus lábios nos dela.
- Promete? - Disse de olhos fechados.
- Eu prometo!
Sem mais delongas, consegui tira-la do banheiro, a sentei na cama sem se importar se iria molhar, peguei a toalha e quando fui enrola-la vi seu peito sujo pelo sangue.
- Me deixa ver seus braços, estão sangrando muito.
- Me perdoa... - Ela esconde os pulsos.
- Está tudo bem, me deixa cuidar de você.
Então ela abaixou a guarda, me mostrando seus braços. Suspirei e fui a procura de um kit de primeiros socorros, que logo encontrei, então voltei até ela, pegando um de seus braços e limpando cuidadosamente com uma gase molhada com soro. Ela resmungava um pouco por conta da ardência, mas não retrucava. Assim que terminei, passei uma pomada e enfaixei para estancar o sangramento. E assim fiz com seu outro braço.
Limpei seus seios sem malícia, sequei seus cabelos e os peteei, retirei o resto da maquiagem borrada, e fui até seu closet, pegando um pijama quentinho, voltando até a mesma que cantarolava uma música linda.
- Que música bonita! De quem é? - Pergunto me aproximando dela.
- É... - Ela abaixa a cabeça - Eu que fiz pro meu Léozinho. - Suspira.
- Aposto que se você cantar pra ele ele irá amar!
- Eu não sei se... - Cortei sua frase com um selinho.
- Ira ter diversas oportunidades pra isso. Agora vamos se vestir.
A ajudei a se vestir já que ela estava reclamando de dor nos braços. Após vesti-la, me sentei em sua cama quase deitada, a puxando para meu peito, fazendo carinho em seus cabelos. Ela estava calada, com seus olhos fechados, mas sua respiração estava falha, pesada.
- Você quer conversar sobre o que aconteceu? - A olhei continuando com os carinhos.
Ela apenas negou com a cabeça e continuou do mesmo jeito.
- Tudo bem... Que tal vermos um filme?
Sem dar respostas, ela deita seu corpo sobre o meu, escondendo seu rosto em meu pescoço, inalando meu cheiro. Parece que aquilo acalmou ela um pouco.
- Ok, sem filmes... - Digo para mim mesma.
Suspirei e continuei ali fazendo carinho em seus cabelos.
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O Leilão | Mailila
Fiksi PenggemarMaiara, uma menina de quatorze anos, doce e muito carinhosa. vem de uma família pobre e rigorosa, porém muito maldosa. Após a venda de sua irmã mais velha, Maraisa, a mesma ficou so em casa com seus país. Sua inocência a fez acreditar que a irmã s...