Perfume de Lavanda (31)

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Luísa:

Três meses...

Três meses desde o pior dia da minha vida. Da pior dor que posso sentir. Como mãe, eu morri por dentro e nada mais pode me fazer reviver novamente.

Eu não sou inteira sem a minha metade...

Me encontro na praia. A nossa praia favorita. Aquela praia que sempre vínhamos fugidas da Isa, ou quando ela estava brava com a gente por um motivo besta, como a TPM. Ainda não consegui voltar a jogar bola, afinal, ela era a minha parceira de campo. Ainda não consegui me reconciliar com Maraisa para dar sua tão sonhada irmã. Para falar a verdade, nem sei onde a mesma está.

Nesse tempo, tentei de tudo para esquecer um pouco da minha dor, mas nada ajudou. Tive a oportunidade de me deitar com outras, mas não consegui. Tive a certeza de que minha vida se tornou as memórias.

Fiquei ali por muito tempo.

Comecei a escrever seu nome na areia como costumávamos fazer, e então passou o carrinho de picolé. Chamei o moço e então pedi dois, um de coco e outro de chocolate, e então quando ele saiu, eu olhei para o lado para lhe entregar seu picolé...

- Que tolice a minha... Você não está mais aqui comigo pra eu comprar os nossos sabores favoritos. - Me deitei na areia fechando meus olhos enquanto tentava segurar o choro preso na garganta. Em minha mente tinha seu lindo sorriso com a boca suja de chocolate.

Mais tarde...

Fui até a casa de Maraisa. Queria saber como ela estava já que a última vez que a vi foi no velório da nossa filha. Levei seus chocolates favoritos e uma flor. O que eu pudesse fazer pra tentar amenizar um pouco seu sofrimento, eu faria.

Apenas faço o que queria que fizessem comigo.

Toquei a campainha e um tempo depois ela me atendeu. A olhei por inteiro e então tive uma... Surpresa.

- M-Maraisa... - Olhei para sua barriga.

- Oi? - Desviou seu olhar.

A olhei novamente, vendo ela morder o lábio por puro nervosismo. Sem reação, a abracei forte, me permitindo chorar. Ela ficou quieta, sem me tocar.

- Você... Está linda. - Me afastei novamente, a vendo assentir com a cabeça. - É... Eu trouxe pra você. Queria alegrar um pouco seu dia. - Digo entregando a flor e os chocolates. Ela pegou sorrindo fraco e me deu espaço para entrar, assim fiz.

- Obrigada, mas... Eu não ando comendo muito. - Colocou os chocolates na mesinha. - Mas agradeço.

- Maraisa... - A olhei nos olhos. - Está de quantos meses?

- Cinco meses. - Diz num suspiro carregado de cansaço e nervosismo.

- Ainda estávamos...

- Juntas... Você e a Lua me pediram uma bebê, e então eu quis fazer uma surpresa pra vocês, mas tudo aconteceu e eu esqueci. Descobri mês passado. Eu iria tirar, mas o bebê não tem culpa, foi eu que o coloquei aqui dentro.

- O nosso... O nosso bebê. - Me aproximei para tocar em sua barriga, mas ela segurou meu pulso.

- O meu bebê. - Disse baixo, com seus olhos brilhando pela quantidade de lágrimas que segurava.

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