Traumas...(40)

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Com muito custo nos levantamos, a emprestei meu hobby e me enrolei em sua camisa rasgada. Assim que subimos ela pediu pra tomar banho comigo, e óbvio que eu aceitei, mas impus uma condução: que ela dormisse comigo. Ela aceitou, e isso me deixou feliz pra caralho.

Ela partiu em direção ao banheiro, enquanto eu parei em frente ao berço, olhando pro meu filho que dormia tranquilamente agarradinho em seu ursinho. Então, escutei Maiara me chamar me trazendo de volta a realidade. Dei um beijinho de leve no meu menino e fui para o banheiro. Tomamos banho sem malícia e com muito carinho. Assim que terminamos, nos enrolamos na toalha e fomos até meu closet,vestindo apenas uma lingerie das mesmas cores e nosso pijama combinando de urso panda. Voltando pro quarto, eu peguei com todo cuidado do mundo meu filho, o colocando na cama.

- Olha ele só um minuto pra mim? Vou pegar um remédio pra nós.

Ela apenas concordou com a cabeça. Fiz o que falei que iria fazer e ao tomarmos a pílula anti-gripal, deixei o copo em cima da cômoda apenas com preguiça de levá-lo novamente para a cozinha. Me deitei abraçando meu filho e estendendo o braço para que Maiara o fizesse de travesseiro, e assim ela fez.

- Boa noite, minha pequena. - Dou um beijo em sua cabeça.

- Boa noite, mamãe. - Sua voz saiu arrastada.

Logo percebi que ela já havia dormido como um anjinho. Então, me deu conta de que tudo que eu precisava estava ali. Meu dia foi horrível. Brigar com a Mai é horrível. Mas chegar em casa e ver que nenhuma de nós guardava rancor ou seria orgulhosa demais para não pedir desculpas é uma das melhores sensações.

Sem dúvidas, o melhor final de Natal...

Eu estava tão feliz...

Instantaneamente fiz carinho nos fios ruivos da pequena, enquanto admirava meus dois anjos dormindo ali, ao meu lado.

Uma felicidade sem tamanho.

Espontaneamente, veio em minha mente como seria a "nossa família"... O Léozinho chamando nós duas de mãe, correndo pela casa e quem sabe mais algum neném sendo a cópia da minha pequena. Os finais de semana dentro do quarto curtindo um cinema com brigadeiro e pipoca em meio as brincadeiras, até às crianças dormirem e nós dessemos uma fugida pra se amar.

Aquilo era ridículo! Ridículo imaginar um futuro que não sei se me pertence, mas eu julgava ser bom. Aquilo me fazia bem.

Já era tarde demais pra tentar fugir: eu estava apaixonada por ela. Aquilo era fato! E por mais que eu não quisesse que isso acontecesse, é ela quem meu coração chama. Talvez fosse uma coisa boa, talvez fosse uma coisa ruim. Ah como eu estava feliz, e pra quem sabe que a qualquer momento pode não abrir mais os olhos assim que os mesmos de fechassem, era maravilhoso.

"Mis pequeños amores."

Agora eu entendo porque quero protegê-los, porque tenho medo de que algo aconteça com eles.

A verdade é que aqueles dois seres que estavam deitados em minha cama que nem tamanho de gente tinham direito, era como meu coração fora do peito, cada um era uma metade, e eu preciso fazer de tudo para que eles estejam bem, sem nenhum arranhado, sem uma ferida ou quaisquer coisa que possa afeta-los. E de repente, almejei naquilo pro resto da vida.

Os admirando, senti meus olhos pesarem, meu corpo ir relaxando cada vez mais.

- Eu amo vocês, meus amores. - Digo em um fio de voz.

Dei um beijo em cada um deles com extremo cuidado e carinho, assim, os deixando protegidos em meus braços, pude dormir em paz como a anos não durmo.

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