Atentados...(10)

3.7K 334 74
                                    

Maiara:

Estava deitada em minha cama, olhando para o teto pensando em muitas coisas. Entre elas, a que mais me intrigava era o jeito que Mendonça me olhava a cada roupa que eu vestia.

Um olhar indecifrável e completamente intenso.

Aquilo era estranho e completamente "abusivo". Mendonça era muito mais velha que eu. Mas eu achei legal o jeito que ela tinha de me admirar. Ninguém nunca fez isso.

De qualquer forma, ainda habitava um medo muito grande dentro de mim. Medo de que ela fizesse o mesmo que fez com o marido da minha irmã. Medo de que ela fizesse o mesmo que todos dizem que a família faz. Agora, a minha vida, da minha irmã e do meu sobrinho (a) estava em jogo.

Mendonça havia dito qual seria o quarto de Maraisa, e seria ao lado do meu, o que me facilitou.

Agora, eu olhava para tantas sacolas que haviam pelo imenso tapete de veludo que cobria os pisos. Marília comprou tudo que podia e o que não podia tambem.
Realmente ela (quase) comprou o shopping inteiro!
Comprou celulares para nós três, o recém lançado de alta tecnologia, além de roupas, sapatos, acessórios, e outras coisas bem úteis.

Eu estava viajando e não vi que a porta do quarto foi aberta. Senti o colchão ao meu lado afundar e logo seus dedos acariciarem meus cabelos. Me assustei internamente, mas amei seus carinhos. Apenas fechei meus olhos para que pudesse sentir ainda mais aquela sensação gostosa que era seus dedos brincando com os fios ruivos dos meus cabelos. Então, por um momento pude escutar sua voz suave ao chamar por meu mais novo "nome".

- Ruiva?

- Hm?

- Podemos conversar?

- Cla-claro. - Gaguejei e olhei para a mesma.

- Você já pensou se vai querer fazer algo no seu aniversário?

Silêncio.

- Posso te dizer uma coisa?

Rspondi apenas assentindo com a cabeça.

- Seus olhos brilham quando eu falo do seu aniversário. É nítido que você quer algo. Não tenha medo, pode pedir.

Respirei fundo e me deixar levar. Afinal, qual mal traria isso?

- É... Então... Eu... - Eu não sabia formular uma frase.

- Pode confiar, ruivinha. Me conta tudo que quer que começamos a ajeitar hoje mesmo. Temos só três semanas hein.

- Eles poderiam vir? - Perguntei abaixando minha cabeça, brincando com meus dedos.

- Eles? - Ela perguntou confusa.

- Meus pais. Quero eles comigo...

Ela suspirou.

- A festa será sua, querida. Os convidados serão seus. Diga-me como queres. - Ela disse pegando seu celular.

- É... Bela e a Fera? - Digo meio confusa.

Ela apenas me olhou de canto e não respondeu. Puxou seu corpo para cima encostando suas costas na cabeceira e respirou fundo.

O Leilão | Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora