16 de dezembro pt. 02... (07)

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Maiara:

Não dormi naquela noite com medo de que Huff - o homem que não saia da porta do meu quarto - fizesse algo comigo. A luz estava apagada e os sons estranhos do lado de fora me assustavam.

Eu tinha medo do escuro...

O dia amanheceu e então eu levantei da cama indo tomar banho. Após terminar as higienes visto uma roupa que havia atrás da porta. Um short de um tamanho moderado, uma blusa solta de botões e uma lingerie. Sai e desci em direção a cozinha com o maldito segurança atrás de mim.

Me sentei ali na mesma cadeira do dia anterior, vendo a mesa farta. Tinha pães de diversos tipos, bolos, queijo, presunto, etc.

A loira oxigenada que disse que odiava atrasos estava atrasada.

Fiquei olhando pro nada com um tédio imenso, até escutar o barulho de seus saltos finos se aproximando. Chamando minha atenção, ela se senta me desejando bom dia, recebendo o mesmo cumprimento secamente.

Como sempre bem vestida, cabelos bem arrumados e maquiagem no rosto.

Por que tanta maquiagem?

Pra que tanta produção nove horas da manhã?

Seus lábios destacavam o vermelho do batom, acredito que para tirar a atenção de seus olhos um pouco inchados. Sua postura de alta classe não se desfez.

Ela tocou no nome da minha irmã, e eu senti um misto de emoções. Felicidade, tristeza e outros sentimentos não identificados.
Ela falava com sinceridade nos olhos. Perguntou sobre meu aniversário, o que achei estranho. Ela estava empolgada, até eu falar sobre minha mãe, sobre a minha família...

Pude ver ela engolir a seco e seus olhos se inundarem, a barreira estava se quebrando aos poucos em minha frente, e como forma de reerguer os tijolos foi grossa comigo, gritando e batendo forte na mesa. Me assustei e aos poucos fui me encolhendo, o que a mesma percebeu, logo pedindo desculpas por seus atos repentinos. A vi sair o mais rápido dali indo até o jardim.

Era uma janela enorme de vibro transparente que dava para o local onde a loira estava, então pude vê-la se sentar em uma das diversas espreguiçadeiras que haviam ali as mãos no rosto.

Quando cai na real, percebi... Ela estava chorando.

Ela não parece ser o monstro que eu montei em minha cabeça, só não quer se machucar. Assim como eu, ela montou uma espécie de iceberg em seu coração que não deixava que nada a atingisse.

Mas... Por que o iceberg foi quebrado ao ouvir minhas palavras? Eles são tão gelados, tão duros e rígidos. Como que eu a fiz chorar praticamente na minha frente?

Ela era estranha...

Em seus olhos cor de mel pude ver uma passagem fechada. Ela era transparente, mas sua dureza impedia a qualquer um que quisesse ver através de seus olhos.

Por quê?

Movida por uma força inexplicável, fui roboticamente até a mesma, e sem hesitar toquei seu ombro, escutando ela respirar fundo e passar as mãos no rosto, logo me olhando com um olhar tristonho e um sorriso nos lábios.

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