Reencontro (78)

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- Esse capítulo contém bastante gatilho, então preparem o coração. Não me odeiem : ( -Autora

D. Ruth | Dois anos atrás:

A cada dia eu morria mais um pouco por dentro...

Não tinha notícias, não tinha localização, não sabia se ela estava bem. Meu coração doía de saudade. Eu chorava na madrugada implorando para que Deus me desse um sinal de que ela estava bem.

Não aceitaria perder meus dois filhos...

Por que eu a mandei se esconder naquele dia? Por que a deixei só?

Eu queria protegê-la e no fim, não faço a mínima de onde ela está.

Será que meu neto está bem? Será que está vivo?

- Querida?

- Oi, querido?

- Chorando outra vez? - Perguntou suspirando.

Abaixei minha cabeça.

Mario sentia a mesma dor, mas sabia bem esconder. Mal sabe ele que sei que na madrugada ele se tranca no banheiro para chorar a falta de nossos filhos.

- Querida, já não sei o que faço para procurá-la... É impossível. Nem seu nome acho nos registros. A última coisa que achei com seu nome foi...

- Foi o que, Mario? Diga! - Tento controlar meu desespero.

- Laudo do IML...

- Como? A nossa filha... Não.

- Querida, isso já era de se esperar por mais que nós não queremos aceitar.

Ele me abraçou, e ali sua armadura caiu. Choramos juntos naquele abraço por um bom tempo.

Eu já sabia, mas não queria acreditar. Senti meu coração morrer, e logo o último pedaço que ainda havia nele, ser arrancado com as próprias mãos.

- Vou poupar dessa parte porque está doendo muito... : ( - Autora.

Ano atual:

Estava em casa, fazendo comida. Mario me ajudava. Era tudo tão estranho...

Nós não falávamos mais nada, ainda vivíamos em uma negação eterna.

O vi soltar um pequeno sorriso, e seus olhos se encheram de lágrimas.

- Por que o sorriso? - Perguntei, sem vida.

- Lembrei-me do dia em que estávamos fazendo o almoço especial pra eles... Quando eles inventaram que era o dia de relaxar, e que queriam tudo na mão. Eles corriam pela cozinha brincando de esconde-esconde enquanto Marília cantava lindamente... - Ele suspirou.

- Lembra quando Marília aprendeu a tocar piano e o João violão... Eles passavam o dia tocando, dando dor de cabeça em nós dois, mas era tão bom.

- Quando eles sentiam medo corriam pra abraçar nossas pernas e não soltavam por nada.

Apenas suspirei.

[...]

- Você não vai acreditar!

O olhei.

- Andei pesquisando sobre as empresas M's e por trás dos panos descobri quem é a dona.

- Quem Mario? - Perguntei sem interesse.

- Marília Dias Mendonça. - Ele se empolgou.

O olhei, tão triste quanto antes.

- Do que adianta? Minha filha está morta! Se eu pudesse pegar todo esse dinheiro e comprar a sua vida novamente eu compraria. Mas o dinheiro não vale de nada!

- Eu não estou falando do dinheiro, querida, e sim da nossa filha.

- O que tem?

- Ela está viva, Ruth! Nossa menina está viva!

O olhei desacreditada.

- Viva?

- Viva! Eu vou agora na empresa tentar falar com ela.

- Eu vou junto.

Peguei minha bolsa e saímos o mais rápido. Ao chegar lá, perguntamos por ela, mas ela não estava... Depois de muito implorar, nos passaram seu endereço, e novamente fomos o mais rápido.

Meu coração estava acelerado, eu estava explodindo de felicidade.

Minha filha estava viva!

Quando chegamos, um homem pediu para que nós esperassemos pois iria fala com ela.

Olhei toda a sala, parando no porta-retrato encima do reck. Peguei em minha mão vendo a foto de nós quatro. Senti as mãos de Mário passando por meus ombros e me envolvendo em seus braços, vendo também a foto.

- É realmente a nossa menina...

- É, meu amor. Ela está viva!

Suspirei aliviada.

O homem nos pediu para entrar, e assim fizemos. Quando abrimos a porta, vi uma mulher de costas, cabelos loiros longos, mãos atrás de seu corpo. Ela trajava um vestido preto colado no corpo que ia até seus joelhos, em seu pé um salto da mesma cor.

- Em que posso...

Assim que se virou com um lindo sorriso, mas ao ver-nos seu sorriso morreu.

- ...Ajudá-los. - Completou sua frase, falando lentamente como se estivesse hipnotizada.

Ela nos olhou de cima a baixo, levando suas mãos até o rosto sentindo as lágrimas caírem. Ela continuou calada, então levou uma das mãos até a mesa tentando apoiar o peso do corpo. A mesma se sentou em sua cadeira apoiando os cotovelos na mesa, entrando com seus dedos em seus cabelos.

- Impossível ser vocês... - Ela disse.

- Minha filha... - Me pronunciei, indo devagar até ela.

Ela se levantou vindo até nós, abraçando nós dois. Agora não era só ela que chorava ali...

- São vocês... Vocês estão vivos.

- Você está viva, minha filha. - Disse Mario.

- Sim, um capítulo ruim e pequeno porque meu coraçãozinho já estava doendo : ( - Autora.

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