Seus lábios ou seus olhos?(24)

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*TOC TOC*

- Pode entrar. - Disse focada no trabalho.

Não percebeu quando uma pequena ruiva entrou pela porta com a bandeja nas mãos, mas ao inalar o cheiro adocicado de morango que pairava por todo seu escritório, imediatamente tirou os olhos da tela e se direcionou a ela.

- Pedi para que te chamassem para almoçar, mas você não foi... - Disse se aproximando.

- Estou com muito trabalho, Cor de Mel. - A menina sorri.

- Eu trouxe pra gente comer aqui então. - Disse pondo a bandeja em cima da mesa.

- Querida... - Ela olhou para a bandeja.

- Vamos comer sim, nem que eu dê na sua boca.

Ela dribla a imensa mesa e afasta a cadeira da mais velha, se sentando em seu colo, com uma perna de cada lado.

- Desde quando dei essa liberdade?

- Desde que eu coloquei o pé nessa casa. - Marília sorriu feito uma criança.

- Tem razão.

- Agora vem, vamos comer.

A ruiva tenta se levantar, mas Marília a preciosa em seu colo.

- A gente tem que conversar sobre ontem... - Disse a mais velha, parecendo seria.

- Por quê? Não foi bom pra você? Tem algo errado com isso?

- Na verdade não só sobre ontem, sobre nós. - Ela olha dentro dos olhos da mais nova. - Que isso não saia de nós, ok? Cor de Mel, eu realmente preciso que você não conte nada sobre nós pra ninguém.

- Mas eu...

- Por favor. Isso vai acabar comigo. Tem as audiências e sei que vão jogar tudo na mesa, se descobrirem de nós, vão por isso como pedófila e aí sim eu nunca vou tê-lo de novo. Sem contar que vai destruir os meus negócios...

- Marília, isso quer dizer que se realmente isso for para frente, você não vai me assumir? - Ela se levantou de seu colo.

- Não Cor de Mel, não entenda assim... - Tentou de defender.

- Não entender assim? Marília, o que nós somos? - Disse seriamente, parando em frente a mais velha de braços cruzados.

Marília procurava uma resposta, com os olhos perdidos e mente com mil respostas diferentes, mesmo que nenhuma fosse valida. Abria a boca para falar, mas logo fechava ao perceber que não tinha o que falar.

E realmente, o que responderia?

Afinal, estavam namorando? Não, não havia tido nenhum pedido da parte de ambas para isso acontecer.

"Estamos ficando" não existia no vocabulário da mais velha, por isso seu desespero.

- Cor de Mel... - Ela se levantou, tentando de aproximar.

- Me responde Marília! - Disse alto. - Nós transamos, estamos dormindo juntas, nos tratando como... - Ela para e respira fundo. - Isso pra você não é nada, né?

- Não pense assim... É complicado. Para eu poder assumir você, preciso que tenha pelo menos seus dezoito anos...

- Ficou louca? Até lá ficaremos como? Nos escondendo? 

- Mai... Deixa eu te lembrar uma coisa: Você tem quatorze anos. Ainda haverá muitas pessoas que passaram na sua vida, e talvez por uma dessas você se interesse. E pra falar a verdade, nem deveríamos discutir isso agora. Só quero deixar claro que isso não pode sair de nós duas, isso vai acabar com a minha vida, e garanto, vai respingar em você também.

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