Marília:
Bom, eu estava vestindo o maldito vestido branco tão sonhado por tantas mulheres. Ele era rodado e cheio de brilho, sem decote e mangas longas.
Quem havia escolhido aquilo foi Murilo.
Eu odiava o fato de ter que usar aquilo. Eu queria que fosse outra pessoa; queria que fosse a minha moranguinho.
Falando nela, eu morro de saudade todos os dias. Não sei se ela se casou ou se separou. Não sei se está feliz ou não. Não sei se seguiu a vida. Eu tinha ela guardada em minha mente, cada detalhe, mas não tinha ela comigo. Isso doía tanto...
Eu fui obrigada a parar de falar com ela quando Murilo descobriu que tínhamos um "relacionamento". Ele me fez bloquear ela e apagar seu número. Seu celular está conectado no meu só para ter certeza de que eu não falo com ela.
Eu e o Léo sentimos uma baita falta...
Já nem sei o que é dormir já que viro as noites enchendo a cara pra não magoar ainda mais meu filho, por isso bebia em horários em que eu não pudesse encontrá-lo.
Não aguentei segurar toda aquela paixão só pra mim, eu precisei deixar claro a ela que a amo, por isso, embreagada no meio da madrugada eu peguei o celular de Léo e mandei mensagem pra ela tentando resumir o que eu sentia. Eu queria ligar, queria ouvir sua voz mais de perto, queria ver se havia amor e saudade no seu tom de voz, mas a única coisa que fiz foi bloquea-la e apagar seu contato assim que terminei de falar metado do que eu queria que ela soubesse.
Eu esperava do fundo do meu pobre coração que ela estivesse lá, mesmo sabendo que isso seria impossível.
Maquiagem e cabelos arrumados, unhas feitas e saltos. Me olhando no espelho eu não me sentia feliz, meus olhos não brilhavam se não fossem as lágrimas de tanta angústia que eu sentia.
- Como você está linda. - Disse Murilo, atrás de mim.
Apenas abaixei minha cabeça suspirando pesado.
E veio até mim pegando em meu maxilar levantando meu rosto.
- Nem adianta pensar naquela idiota, daqui uma hora terá meu nome, e eu serei dono de todas as suas empresas. Já aquelazinha vai continuar nas mãos daquele filho da puta.
- Você se acha tão esperto... - Rio debochada. - Todas as minhas empresas nunca estiveram no meu nome, estão todas no nome da Maiara.
Ao falar aquilo recebi um belo tapa na cara, mas o sorriso satisfeito se fez em meus lábios.
- Você vai fazer ela passar tudo pro teu nome, se não eu acabo com a vida desses dois pirralhos na sua frente.
Fiquei calada.
[...]
Estava andando pelo maldito tapete vermelho, com um sorriso forçado e em uma das mãos um buquê de flores brancas. As únicas lágrimas que desciam eram de tristeza, enquanto todos ali achavam que era felicidade. Ao chegar no altar, vi Maraisa me olhando tão triste, mas com um sorriso. A perguntei discretamente sobre Maiara, e ela disse que não sabia.
Não ouvia nada do que o padre falava, meus olhos estavam em Murilo enquanto minha mente estava na minha ruiva. Eu tentava de todas as formas trazê-la o mais perto de mim, sentindo todo meu corpo se arrepiar ao lembrar de seu sorriso, sorriso esse que me fazia sorrir feito besta. Murilo estava com um sorriso satisfeito achando que aquele sorriso era pra ele, quando na verdade por debaixo daquele enorme vestido eu estava de pernas cruzadas e respiração acelerada.
Maiara:
Mais uma noite mal dormida, eu perambulava pelos bares na esperança de que estivesse aberto, mas sem chances. Quando finalmente as seis da manhã uma padaria abriu eu fui até ela pedindo um café, me sentei ali no balcão entrando com meus dedos por meus fios desesperada.
Quando finalmente aquele café chegou, eu tomei um gole. Mesmo tão quente e amargo, nada me fazia acordar, nem mesmo o amargo ou a fumaça que saia e podia queimar meu rosto.
Passei aquele dia miserável rondando as ruas como uma bêbada, sem destino certo, já que o destino que eu queria mesmo já não havia mais como ir: Seus braços.
Vi a chuva cair, molhando meus cabelos e minhas roupas, vi o céu escurecendo juntamente com as estrelas que iam aparecendo, o sinal se abrir e se fechar diversas vezes, e a cada minuto a garrafa ia ficando mais fazia, me trazendo apenas uma coisa na cabeça: O endereço da bendita igreja.
Continuei andando sem rumo, e quando vi, estava em frente aquela igreja.
Me sentei nos degraus e comecei a chorar de um jeito inexplicável. O tanto que aquilo estava doendo era impossível descrever. Minha vontade era de me jogar na frente de um daqueles carros para não vê-la com outro.
Eu não estava tão bêbada para não saber o que eu estava fazendo, mas estava bêbada o suficiente para não ter rumo.
Sem muito pensar, eu joguei aquela maldita garrafa no meio da rua, me levantando e indo em direção ao interior da igreja, andando em passos largos e rápidos. Os seguranças olharam para a minha cara mas foi eu apenas confirmar que era uma das convidadas que estavam atrasadas que eles me deixaram entrar.
Parei ali no início do tapete vermelho, vendo ela de costas com um lindo véu brilhante, assim como seu vestido, de mãos dadas com aquele cafajeste. O Padre falava e falava, todos prestavam atenção.
Passei meus olhos por todo aquele lugar.
Bem decorado com flores brancas. Ela odeia branco! Nem pra isso ele serve.
O caminho para o altar era decorado com diversões vasos transparentes de vidro com flores brancas, luzes vermelhas fracas e pétalas espalhadas pelo tapete.
Agindo pelo impulso e pela dor, joguei o primeiro vaso que vi no chão chutando aqueles cacos e comecei a fazer o mesmo com todos que via, descontando um pouco da minha imensa dor. Mas com isso chamei a atenção de todos pra mim, que agora me taxavam de louca.
Eu tive seus olhos em mim, e por um instante parei tudo que eu estava fazendo para olhar em seus lindos olhos sem brilho.
Ela soltou a mão dequele homem...
- Moranguinho... - Ela sussurrou.
- Não faz isso.
Vi Maraisa vir lentamente até mim.
- Maiara, para. Vamos lá pra fora. - Ela pegou em meu braço.
- Não! - Puxei meu braço indo até Marília.
Marília me olhava de cima a baixo mordendo o canto do lábio com seus olhos perdidos. Ela estava tão nervosa quanto eu...
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O Leilão | Mailila
FanfictionMaiara, uma menina de quatorze anos, doce e muito carinhosa. vem de uma família pobre e rigorosa, porém muito maldosa. Após a venda de sua irmã mais velha, Maraisa, a mesma ficou so em casa com seus país. Sua inocência a fez acreditar que a irmã s...