No último minuto (70)

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- Maraisa, por favor, tire-a daqui. - Disse Marília.

- NÃO! - Digo alto, fazendo ecoar pela igreja.

Marília me olhou assustada.

- É mesmo esse futuro que você quer? 

- Mai...

- Marília, você sabe quem ama, e não é esse idiota. Foda-se as ameaças. Se ele encostar um dedo em mim ou no Léo eu mato ele com as próprias mãos. Não deixa ele estragar isso que a gente sente.

Ela abaixou a cabeça mexendo em suas unhas.

- Você sabe quem ama, sabe quem seu corpo e seu coração chama. É por mim. Porra Marília, eu te amo! Eu cansei de me enganar. Ficar com aquele idiota foi a pior coisa que eu fiz na vida. Deixar você ir embora dos meus braços me matou por dentro.

Ela me olhou nos olhos novamente... Ela já não segurava as lágrimas.

- Eu não menti quando te chamei de "Amor". E eu sei que você não mentiu naquela mensagem. - Me aproximei ainda mais. - Me da uma chance. Eu prometo fazer tudo certo dessa vez. Me dá mais uma chance de te fazer feliz.

Ela nada respondia. A vi levar seu dedo até a aliança que já se encontrava em uma de suas mãos. Suas bochechas já estavam molhadas pelas lágrimas. Todos ali olhavam pra ela, inclusive Murilo, que a olhava com um ódio mortal.

- Olha pro seu dedo agora, e jogue essa aliança fora. Eu sei bem quem você ama, é a mim que você chama, na saúde, na tristeza, na alegria e na cama.

Ela olhou para seu dedo girando a aliança ali. Quando vi, Murilo pegou forte em sua mão a virando com brutalidade para o Padre.

- Continue Padre! - Disse Murilo.

- Marília...

Ela virou sua cabeça para trás negando enquanto mordia o lábio com os olhos tomados por uma tristeza indecifrável.

Abaixei minha cabeça e comecei a chorar ali mesmo, e logo minha irmã me puxou dali me levando para o lado de fora, quando vi já estava dentro de um carro junto a Lua e Luisa que dirigia.

- Por que eu fui escutar você? Por que caralhos eu fui ouvir o que sai da porra da sua boca Maraisa? - Me alterei enquanto chorava como uma desesperada.

- Olha a minha filha aqui, Maiara! E calma, você precisa respirar.

- Ela vai se casar com ele... Ele vai casar com o amor da minha vida.

- Irmã...

Encostei a cabeça no banco com as mãos nos olhos chorando desesperada.

- Eu... Eu só queria voltar no tempo e não ter deixado ela ir embora.

- Ei Mai, vai ficar tudo bem. - Disse Luísa.

- Não, não vai! Nada fica bem se ela não estiver aqui. Por que caralhos eu fui me meter com outra pessoa? Por que eu fiz isso? Como eu não percebi antes?

Eu estava tão desesperada, sentido tanta dor, que cheguei ao ponto de puxar meus próprios cabelos como um bebê na tentativa de sentir alguma dor física para realmente ter motivos para chorar. Eu socava minha coxa, enquanto via minha irmã nervosa sem saber o fazer.

De tanto me esmurrar e puxar meus próprios cabelos, eu apenas me entreguei, encostando a cabeça ali no banco da frente e agora chorando em silêncio. Minha irmã me abraçou fazendo carinho em meus cabelos.

- Eu amo ela... - Sussurrei, por já estar sem voz.

- Ela também te ama.

- Do que adianta? Nesse momento ela já está assinando os papéis...

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