Segredos (37)

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Cheguei na empresa sendo muito bem recebida, elogiada pelos homens, e invejada pelas mulheres, que cochichavam coisas como "nossa, olha a esposa da Mendonça.", "Essa mulher deve se achar a dona de tudo, só porque a mulher dela é dona de quase todas as lojas de Goiânia."

Bom, por partes, tenho mesmo que me achar... Tenho uma mulher gostosa pra caralho dormindo ao meu lado toda noite, me tratando sempre como rainha. Por outro, odiava a falsidade de todos que estavam ali.

- Boa tarde, marquei uma reunião para hoje. Empresa M's. - A entreguei os papéis para certifica-la que estava dizendo a verdade.

- Senhora Mendonça! Estávamos à sua espera. - Sorriu falsamente. - Me siga por gentileza.

Assenti e a segui até o último andar. A mulher não parava de falar o quão eu era bonita ou o quanto eu era sortuda por ser casada com Marília.
A falsidade dela me embrulhava o estômago. Felizmente, me livrei dela, e entrando na sala de reuniões, me deparando com alguns sócios.

- Desculpem-me a demora, tive outros compromissos. Boa tarde, senhores. - Me sentei na cadeira central. Nossa... Senti o poder de poder fazer isso. Era maravilhoso.

- Boa tarde, querida. Não se preocupe.

Imediatamente senti calafrios ao escutar aquela voz.

Eu a conhecia bem... Bem até demais.

O medo me consumiu e eu implorei internamente a Deus que não fosse quem eu imaginava ser. Meu corpo inteiro tremeu e imediatamente minhas mãos se fecharam tão bruscamente que pude sentir o ardor de minhas unhas rasgando minha pele.

Em minha mente veio o que eu já havia esquecido a anos. Aquilo não me atingia mais, mas como um soco em cheio no estômago, ele voltou a me causar dor. Uma dor internamente dolorosa.

Virei minha cabeça rapidamente procurando por aquela voz, mesmo com medo de encara-lo.

E sim... Era ele.

Marco Cesar. Meu pai.

Eu tinha nojo de ter o sobrenome daquele homem. Eu tinha nojo por saber que seu sangue corria por minhas veias. Nojo por ter o nome daquele desgraçado na minha certidão de nascimento. Eu tinha nojo! NOJO!

- Por Deus gente, eu amo o Tio Cesar. É só uma história, não me xinguem ou achem que eu não gosto do tio : ( - Autora.

Sorri forçadamente, sentindo seu olhar desagradável sobre meu corpo.

- Achei que quem viria seria Mendonça. - Disse ele.

- Eu sou uma Mendonça! - Digo com firmeza. Não queria que ele soubesse que estava com medo.

- Ah claro! Quantos anos, não minha filha? - Acariciou minha mão.

Ignorei seu comentário, puxando minha mão e começando a ver os papéis.

- Ela é sua filha, Cesar? Nossa! Eu não fazia ideia. - Um dos sócios comentou.

- Claro! Minha linda filha! Estamos anos sem se ver, e eu estava morrendo de saudade.

Senti seus dedos gelados em minha coxa, o que me fez imediatamente fechar ainda mais minhas coxas.

Seu toque me arrepiou.

Amor... Eu preciso de você. Me proteja... Por favor, me proteja.

O Leilão | Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora