A maldita audiência pt. 02 (51)

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De volta a minha cadeira inicial, via Bete me encarando nervosa, enquanto ouvia a acusação falar.

- Qual a sua relação com a réu, Srt. Elizabeth?

- A menina me considera como sua segunda mãe.

- E podemos saber o por quê?

- Seus pais trabalhavam muito e nunca ficavam muito em casa, então eu que cuidei, eduquei e sempre dei todo o meu amor tanto para a menina Marília quando para seu falecido irmão.

- Estava com a réu quando o menino foi supostamente sequestrado?

Supostamente? Ele foi sequestrado!

Que vontade de apenas sair correndo dali, já não aquentava mais toda essa tortura. Apenas abaixei novamente minha cabeça e fiquei ali escutando Bete falar toda a história enquanto tinha a certeza de que não teria meu filho por um simples fato: minha família. A acusação fazia questão de lembrar isso ao juíz e as testemunhas. Quando Martini tentava protestar, era negado. Uma de suas mãos estavam pousadas em minha coxa, apertando e as vezes até passando "sem querer" na minha intimidade.

Eu só queria que tudo aquilo acabasse logo...

Então, chamaram minha ruivinha.

Calma! A ruiva? Puta que pariu!

- Srt. Henrique, vejo que é bem próxima da réu, certo?

- Correto!

- Desde quando se conhecem?

- Desde o mês passado.

- E por que a Srt. mora com a Srt. Marília?

Engoli a seco. Perante juramento, não desconfio que Maiara conte a verdade. E se ela disser que temos um caso? Ou que comprei ela? Ótimo, daqui é direto pra prisão.

- Marília me conheceu em uma das festas que minha mãe frequentava, mas por um motivo desconhecido por mim, minha mãe me entregou aos seus cuidados e então Marília me levou para morar com ela.

Eu te amo, ruivinha!

Parece que tanto a acusação quanto as testemunhas acreditaram naquilo, pois não tocaram mais no assunto.

- E qual é sua relação com a réu?

- Bom, posso dizer que melhores amigas. - Ela me olhou.

Melhores amigas o caralho! Você ainda vai ser minha mulher.

Foco Marília!

- Por acaso melhores amigas dormem juntas?

Maiara se calou na mesma hora, me olhando um pouco desesperada e eu do mesmo jeito. Minhas mãos voltaram a tremer, então para disfarçar, mexi nos cabelos e olhei para Martini.

- A acusação tem provas disso? - Perguntou o Juíz.

Ele jogou a maldita pasta em frente a Maiara e tirou algumas fotos, uma deixou em frente a Maiara, outra em frente as testemunhas. 

Eu aqui tentando pegar a guarda do meu filho e vou sair daqui algemada e indo direto para trás das grades por pedofilia. Eu sou uma idiota!

Maiara me olhou e agora parecia tranquila, porém não entendi o motivo da tranquilidade. Ela sussurrou algo como: "Está tudo bem". Preferi acreditar antes que caísse dura no chão.

Bom, do chão não passa, certo?

- Na casa da Marília sempre tem muitos atentados, por isso, eu tenho medo. Como melhor amiga e quase irmã,  Marília me protege. Dormimos juntas porque o abraço dela me conforta e me tira o medo.

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