Aceita que dói menos (59)

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- Sugiro que tomem seus remédios para coração. Avisando porque amo vocês : ) - Autora.


Eu sentia meu coração se quebrar, meus olhos já não seguravam tantas lágrimas, minhas mãos tremiam.

Meus olhos assistiam a pior cena: A minha Maiara com outro.
Tudo que eu mais tinha medo estava diante dos meus olhos: Outro tocando no corpo que era apenas meu.

Eu queria tirar, mas meus olhos permaneciam naquela tela. Eu queria ter certeza de que não era ela ali, certeza de que aquilo não era real.

Ele tirava suas roupas sem qualquer cuidado, enquanto a beijava com aquela barba que provavelmente estava machucando os lábios que eu tanto amo beijar.
Eu via e ouvia tudo, os xingamentos, as frases sujas, os puxões de cabelo, os tapas...

Enquanto eu tentava ser carinhosa, ela havia dormido a noite passada com um qualquer que precisou de um pau pra fazer ela gozar.

Seus gemidos ecoavam na minha cabeça, e eu só conseguia lembrar de mais uma noite virada apenas para mostrá-la tudo que sinto.

Eu pensei que ela também sentia o mesmo.

Eu pensei que talvez pudesse ter ela comigo pra sempre.

Prometemos uma a outra que nós três seríamos pra sempre.

Talvez o "pra sempre" seja sobre as memórias...

Eu não aguentava mais ver aquelas gravações, não foi só uma vez, foram todos os dias em que eu não estava em casa. Agora faz sentido o porquê dela estar ofegante quando liguei: ele estava do lado.

Desliguei aquilo tudo, e sai dali indo direto pro meu quarto, tranquei a porta e fui para o banheiro tirando os saltos enquanto tentava conter as lágrimas. Assim que entrei no banheiro, me olhei no espelho, vendo meus olhos vermelhos, a maquiagem borrada trilhando o caminho das lágrimas que desciam por ali. Respirei fundo contendo as lágrimas, enquanto tirava a maquiagem.

Tomei um banho demorado, dando espaço para os pensamentos. Após terminar, me enrolei no roupão e sai indo até o closet, vesti apenas um conjunto de pijama preto de renda, a blusa era decotada e o short mais parecia uma calcinha, mas era confortável.

Me sentei na minha cama pegando em minha bolsa a caixinha de veludo preta.

Eram duas alianças de ouro branco com os detalhes em pedrinhas de diamante.

Esse seria o presente dela... Eu pediria ela em noivado.

Que burrice a minha achar que teria chances de realmente poder chamá-la de minha. Eu olhava aquelas alianças com tanta frieza,uma raiva tão grande que me dava vontade de joga-las no vaso sanitário e dar descarga, mas preferi guarda-las na minha gaveta.

Eu a via em todo canto daquele quarto: nas fotos espalhadas, o seu cheiro doce que dominava até meus travesseiros e lençóis. Decidi trocar tudo, pondo um jogo de cama limpo e sem seu cheiro, mas não adiantou, o doce cheirinho de morango estava grudado no travesseiro e no colchão. Me joguei ali me permitindo sentir aquilo.

Bem que minha mãe dizia: "Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos."

Mas o que mais me dói é saber que me doei por inteiro, e ela nem a metade.

- Lila...

O choro novamente queria se fazer presente ao escutar sua voz, mas me contive.

O Leilão | Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora