Cuidarei de você (38)

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- Mamãe... Mamãe abre aqui. - Escutei a voz de Marília, e logo batidas na porta.

Rapidamente sequei minhas lágrimas e abri a porta, ela me olhou de cima a baixo.

- O que ouve, mamãe? - Ela me abraçou, se aninhando em meu peito.

- Eu... Eu preciso de você. - Deixei transparecer minha mágoa no tom de voz.

- De... Mim? - Me olhou confusa.

Eu a puxei para dentro e então tranquei a porta, a joguei na cama e me deitei entre suas pernas, apoiando minha cabeça em sua barriga. O seu cheiro me acalmava.

Eu só queria a minha Marília...

Eu queria que ela cuidasse de mim, queria que ela visse o quão machucada eu estava por dentro e me curasse como fez no passado, colando pedacinho por pedacinho com uma cola chamada: Amor.

Ela, mesmo sem entender o motivo pelo qual eu chorava feito uma criança em sua barriga, acariciou meus cabelos.

- Está tudo bem, Cor de Mel? - Ela perguntou de forma suave e preocupada.

- Não... Não tá tudo bem. Tá tudo péssimo! Eu não aguento... Não aguento toda essa dor.

Eu desabei. Ela sempre teve o poder de arrancar de mim o que quer que fosse com uma mísera pergunta, e eu sempre dizia.

Ela levou suas mãos até a cabeça, apertando seus olhos. Mas no momento de dor e angústia eu não liguei. Me aninho mais em sua barriga chorando como um cachorrinho abandonado em uma madrugada fria e com a barriga vazia. 

- Por Deus Maiara... Cale a boca! - Ela quase gritou.

Sai do seu colo assustada ainda mais magoada. Me virei de costas pra ela na cama e escondi meu rosto no travesseiro chorando muito, enquanto sentia o colchão balançando pelos movimentos dela.

Eu não acredito que ela fez isso comigo... Não acredito que ela gritou comigo no momento que eu mais preciso dela. Por que ela fez isso?

- Aw! Droga! Droga! - Reclamou.

Eu não quis saber porquê dela estar daquela maneira, eu também sentia uma dor imensa e mesmo assim não sai gritando com as pessoas. Eu só queria seu carinhos, e ela me desprezou.

Marília:

Eu não sabia o que estava acontecendo comigo... Eu não conseguia me lembrar, não conseguia muita das vezes saber meu próprio nome. Acordar todas as manhãs com uma mulher do meu lado que eu nunca havia visto na vida era tão estranho.

Horas eu lembrava dela ser minha mãe, horas minha esposa... Isso tava tão confuso pra mim. Tinha um menino que sempre dizia ser meu filho, que horas eu achava ser meu irmão, e uma menina... Quem é ela?

Cor de Mel... É a única coisa que eu me lembro de tudo isso. E essa tal moça ao meu lado sempre disse que ela era a minha Cor de Mel. Mas... Ela está falando a verdade?

Era tanta confusão que eu já nem sabia quem era a tal Marília que eles sempre chamavam.

Agora, ela chorava.

Eu não sabia o porquê, mas me doía ver minha mamãe chorar.

Perguntei o que havia acontecido, se estava tudo bem, e ela, dominada pelo choro, negou. De repente, me veio uma dor na cabeça horrível, meus olhos doeram como se estivessem arrancando eles.

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