08. O que foi que eu fiz?

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— Então o baile acontecerá daqui algumas semanas. — O diretor afirmava para mim, enquanto discutíamos os preparativos para o baile.

Confesso que não era muito fã de bailes, só comparecia pois na maioria das vezes eu era obrigada.

— Sim. Sugiro que chame as pessoas do grêmio que ficaram especializadas em eventos. — Declarei, tentando manter a paciência.

— Claro! Pode chamá-los para mim? — Pediu e eu assenti animada por não ter mais que ficar presa em uma sala ouvindo este homem falar sem parar.

Saí de sua sala, indo direto para o grêmio. Estava disposta a resolver isso o mais rápido possível para voltar à minha casa. Como as aulas extras e as monitorias só aconteceriam na semana seguinte, a escola já estava praticamente vazia.

— Elisa. — Chamei a atenção da menina assim que entrei pelas portas. — Reúna todos os responsáveis pelos eventos da escola, o diretor está querendo dar uma palavrinha com vocês

— Está bem, estamos indo. — Ela declarou e eu me retirei do lugar indo em direção aos armários, pegar minha mochila e encerrar o dia.

— Ué. — Falei ao sentir falta de um dos meus livros importantes da escola. — Onde será que eu botei? — Revirei toda a minha mochila à procura do bendito livro. — Deve estar na sala. — Bufei, voltando todo o caminho para a sala de aula.

— Mya! Você voltou! — Uma menina que eu não fazia ideia de quem era, disse ao me notar passar pelas portas da sala. — Você pode me ajudar com uma matéria que o professor disse que vamos utilizar novamente esse ano?

— Mya! — Um garoto de óculos chamou minha atenção. — Você pode me arrumar uma vaga no grêmio?

— Mya! Seu pai é dona da empresa Campbell's, não é?! — Um outro garoto perguntou.

— Você não pode me fazer ficar mais próxima do seu irmão, não? Ele é um gato! — Foi a vez de uma menina.

— Gente eu... — Me afastei deles me sentindo encurralada de tanto que me cercavam.

— Ouvi dizer que o Larry Campbell está esperando a Mya lá do lado de fora. — Ouvi uma voz gritar do canto da sala e logo em seguida todos aqueles que me cercavam, correram para fora do lugar.

Respirei aliviada até ver que o dono da voz era Mike. Que sentava largado com um sorriso no rosto, se balançado com a cadeira.

— Então você é a popularzinha por aqui? — O menino perguntou quando eu ignorei sua presença e fui em direção a minha mesa.

— Não, eu sou a representante de turma. — Falei, pegando o livro que se encontrava embaixo dela.

— Você representa a turma, então? — Ele levantou uma das sobrancelhas, com o sorrisinho ainda no canto dos lábios, apoiei o livro na mesa, o encarando.

— Sim? — Respondi em um tom irônico.

— Você sabe que não me representa nem um pouco, não é? — Apoiou os seus pés em cima da mesa enquanto ainda balançava o seu corpo na cadeira.

— Realmente, não represento projetos de delinquentes e irresponsáveis que não tem a mínima ideia do que estão fazendo com o futuro. — Sorri de maneira debochada.

Pra que essa agressividade toda, gatinha? — Sorriu, e em um momento de raiva, caminhei em sua direção, passando por trás do garoto e puxando sua cadeira com todas as minhas forças, fazendo com que ele caísse com tudo no chão.

Ops... Foi sem querer. — Continuei o meu caminho, ignorando suas tentativas de chamar minha atenção e sua voz elevada de tanta raiva.

(...)

O que foi que eu fiz...

Eu literalmente derrubei o menino que eu deveria dar exemplo.

Estava andando em meu quarto de um lado para o outro, tentando arrumar alguma solução para o problema. Eu precisava me retratar com ele, começamos mal, muito mal. Mas como eu vou me retratar com alguém que sinto raiva? Que quero longe de mim e de maneira nenhuma quero me desculpar? Como faria isso?

Calma Mya, lembre-se que seu pai confiou isso à você. Não vai decepciona-lo agora, vai?

— E se eu fizer uma carta? — Parei de andar, sentindo ser uma boa ideia. — Assim não teria que olhar para a cara dele. — Quando estava prestes a sentar para escrever, desisti ao pensar em tudo de ruim que poderia acontecer. — E se ele amassar? Jogar no chão e pisar? Ler na frente de todo mundo? Rasgar? — Voltei a andar pelo quarto. — Ah, que raiva! Por que tinha que ser justamente esse menino? Logo o que me fez arder de ódio no primeiro dia em que nos encontramos! Como nossa relação poderia ser diferente se já começamos tão mal?

Me joguei em minha cama, sentindo o desespero bater em minha mente. Se Mike contasse qualquer coisa ao seu pai que certamente contaria ao meu, eu estaria correndo risco de desaprovação.

Precisava mudar esse cenário.

— Já sei! Mesmo odiando aquela cara horrivelmente linda e sonsa dele, vou me desculpar de maneira formal e prosseguir minha vida torcendo para que ele não conte a ninguém. — Me ajeitei na cama, encarando o teto com diversas estrelas coladas.

Me lembro o quanto era obcecada em constelações e fiz meus pais colarem as minhas favoritas no teto do quarto.

Andrômeda, Fênix, Ursa Menor e Cão maior. Eram as minhas favoritas desde a juventude. Amava passar a noite inteira no terraço de nossa casa a procura das constelação.

Me virei para a parede, encarando alguns ursinhos de pelúcia que estavam ao meu lado na cama.

— O que vocês fariam no meu lugar, hein? — Peguei um em minhas mãos, o que era o mais bonito aos meus olhos. Ele era marrom e possuía um laço vermelho na cabeça. — Tem algum conselho para mim? — Aguardei a resposta, sem obtê-la. — Acho que o jeito é esperar o que a vida tem preparado. Espero não estar fazendo nada de errado logo no início do ano.

Preciso ser tão incrível quanto ele.

E assim, abracei o urso e levei a coberta até a cintura, me aconchegando mais no colchão. Tentei esvaziar minha mente de todo pensamento negativo, até finalmente pegar no sono.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora