44. O maluco é bonito.

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— Muito obrigada. — Sorri, assim que chegamos na entrada de minha casa. Depositei um beijo em sua bochecha, ainda segurando sua mão.

— Não foi muito esforço. — Seus olhos estavam pequenininhos de tão cansados. Mais um pouco, e ele caía no jardim e dormia ali mesmo. — Antes de ir, deixa eu te perguntar uma coisa. — O olhei atentamente, esperando que continuasse. — Quer ir ao baile comigo?

— Eu estava esperando você pedir! — Abri um sorriso tão grande, que mesmo cansado foi capaz de fazê-lo sorrir também. O abracei e nos despedimos. Entrei para dentro de casa e observei o lado de fora da janela, notando ele seguir o seu caminho ainda com o sorrisinho no rosto.

Passei pela sala de estar, sorrindo ao lembrar que ele pediu para ir ao baile comigo. Era incrível a facilidade que ele tinha de me fazer sorrir.

— Que sorrisinho é esse? — Tomei um susto ao ver Larry sentado me encarando.

— Vem cá, você não tem quarto, não? Ta sempre jogado na sala. — Levei a mão ao peito, me aproximando do garoto para sentar ao seu lado.

— Eu subo quando você chega. — Empurrou o meu ombro com um sorrisinho sarcástico nos lábios. — Me fala, quem era o garoto? — De repente o seu semblante alegre, se tornou em um sério.

— Agora você vai dar uma de irmão ciumento, é? — Dessa vez eu que empurrei o seu ombro.

— Eu conheço? Ele tem quantos anos? Estuda com você? Ele é dedicado? Tem perspectiva de vida? Como é a família dele? —  a cada pergunta  ele fechava mais e mais a cara, aguardando uma resposta. Mas eu sabia que aquilo tudo não passava de uma brincadeira, pois ele segurou tanto a risada que agora estava com uma careta no rosto.

— Isso é um interrogatório? — Arqueei uma das sobrancelhas.

— Talvez. — Seu olhar focou-se em qualquer outro ponto que não fosse meu rosto. Ele parecia pensativo. — Olha, seja quem for o garoto, se ele te faz bem eu aceito.

— E você precisa aceitar, é?

— Claro, você é minha irmã mais nova. Acha mesmo que vou deixar na mão de qualquer cara? — Ele se ergueu do sofá, desligou a televisão e tomou seu cobertor.  — E olha, caso o papai venha intervir no seu "relacionamentozinho", pode me chamar. Não vou deixar ele fazer o mesmo com você. — Enrolou o cobertor pelo ombro e estava prestes a subir, quando eu o parei.

— Como assim "o mesmo com você"? O que ele fez contigo, Larry? — O encarei com os olhos assustados quando o menino abriu um sorriso triste.

— Mandou ela e toda sua família para outro país. — Respirou fundo. — Acho que foi a primeira garota que eu gostei antes de Anne. Ela era linda, charmosa, inteligente e muito gentil, mas infelizmente não beneficiava meu pai de forma alguma. Ter ela no caminho, era quebrar a proposta de casamento com a família de Anne. Então ele me falou sobre isso, falou que eu já era prometido e que minha vida inteira já estava decidida. Eu não podia desperdiçar a minha vida inteira com uma "garota qualquer". —  Ele balançou a cabeça negativamente. — Me recusei a afasta-la. Nós encontrávamos quando ninguém estava por perto. Mas ele descobriu. Ficou tão furioso que olhou nos meus olhos e disse "seu moleque, você vai aprender que jamais deve me desrespeitar". E ofereceu uma proposta aos pais para outro país, como uma oferta agradável. — Eu levei a mão a boca, surpresa com a história. — Ele fez eu me aproximar de Anne, mesmo não querendo. No início eu me obrigava a tratá-la mal, mas Anne não tinha culpa de tudo aquilo, estávamos no mesmo barco. E quanto começamos a nos conhecer melhor, descobri que muitos dos meus interesses, eram interesses dela também, e acabei me apaixonando involuntariamente. Até que... aconteceu o ocorrido. — Bufou, como se aquela história ainda o magoasse. — Bom, espero que ele não mande Lewis para o outro lado do mundo. — Ele riu e eu de repente arregalei os olhos. — Não, não. Calma! Eu estava brincando.

— Como sabe que é Lewis?

— A beleza da família dele é tão única quanto a nossa. O maluco é bonito. — Ele voltou a subir as escada, indignado com a beleza de Mike. O que me fez rir ainda com uma pitada de preocupação.

E se caso meu pai resolvesse fazer o mesmo comigo? E se caso ele fizesse algum mal a Mike? Aquilo martelou a noite inteira em minha cabeça, até que amanheceu e eu percebi que não havia dormido nadinha.

(...)

— Bom dia, gatinha! — Mike me puxou para um abraço mas eu estava cansada demais para reagir. — O que foi? Por que parece tão... cabisbaixa?

— Não sabia que você conhecia essa palavra. — Brinquei, o vendo rir.

— Estou ampliando o meu vocabulário. Como a minha professora mandou. — Tomou a minha mochila e os meus livros pela mão, carregando os meus e o dele. — Deixa eu te perguntar. Ta afim de sair após as aulas?

Eu estava, estava muito afim de um descanso e de ficar apenas do lado dele. Aproveitando a paz que ele transmitia.

— Não posso. Hoje é mais uma maratona de estudos. A prova já é na próxima semana, após o baile. Não posso me dar ao luxo de confiar somente no que sei. Preciso saber mais. As pessoas que fazem essa prova possuem um nível de inteligência tão grande que eu me preocupo. — Suspirei, cansada daquilo tudo.

— Você não acha que precisa de um descanso? — O encarei. Mike carregava um semblante preocupado. Ele me olhava como se sentisse o meu cansaço. — As vezes você se esforça tanto que esquece das pausas. — Piscou, e eu entendi a sua piada.

— Você é tão bobo. — O empurrei. — Faz tempo que eu não esqueço das pausas, ok? Meu excelente professor de piano me ensinou muito bem.

— Ele é tão excelente assim? — Assenti com a cabeça. — Deve ser bom mesmo.

— MYA! MIKE! — Olivia, com Hilary e Noah, gritou ao nos ver caminhando em direção a sala. — Quem chegar por último vai pagar o lanche! — Eles começaram a correr e eu notei a cara de indignação que Mike fez ao ver que não poderia correr com um monte de livros nas mãos.

— Sinto muito, mas é você quem vai pagar hoje. — Sorri e corri na direção deles, deixando Mike para trás.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora