Hoje eu não havia participado de nenhuma aula. Passei a maior parte do tempo ocupada com as diversas coisas que eu deveria resolver até o fim da semana. Como essa semana era mais para se conhecer e conhecer os professores, eu não tinha perdido muita coisa.
A boa notícia é: escolhi os 5 novos membros do grêmio e organizei a ficha de todos os membros. Fiz dois formulários para os dois novos apresentadores do jornal, e por fim, fiz uma lista de todas as aulas extracurriculares para a escolha dos alunos.
Todos devem escolher as aulas de seu interesse até o fim da semana.
O total eram duas. Duas aulas extracurriculares uma vez por semana. E eu já sabia exatamente em quais entraria: aula de piano e de francês. Além disso, ainda daria monitoria para alunos com dificuldade em algumas matérias.
Ano passado eu tinha feito a aula de espanhol, e isso ajudou muito a desenvolver a língua. Então esse ano decidi testar uma língua nova. E as aulas de piano... bom, era uma aula obrigatória.
Como a escola tinha uma grande variedade de aulas extracurriculares, era um pouco impossível você não saber o que quer fazer.
Juntei as minhas coisas assim que ouvi o barulho do sinal, indicando o fim da última aula. Saí pelas portas do grêmio indo em direção ao grande mural, onde colei o papel que listava as aulas extras. Depois disso, fui em busca das salas onde aconteceriam minhas aulas extracurriculares.
— Imaginei que você apareceria cedo ou tarde. — Minha querida e amável professora de piano Margaret, uma das mais conhecidas por todo o mundo, pegou o meu papel de inscrição com um certo desgosto. Ajeitou seus óculos, e leu cada pedacinho do formulário de inscrição. — Como pode ter um currículo escolar tão perfeito e ser tão imperfeita tocando um instrumento? — Ela ainda analisava o papel. — Chega a ser ensurdecedor.
— Estou me dedicando mais, Margaret. Garanto que farei melhor esse ano. — E assim, saí de sua sala tentando engolir toda a raiva e angústia que suas palavras me fizeram sentir.
Qualquer coisa que eu dissesse a essa mulher, seria usada contra mim.
Ela, como todos ao meu redor, tinha o péssimo hábito de colocar o meu irmão na posição de um deus, enquanto eu ficava a sua sombra. Mas para Margaret, nem em sua sombra eu me encontrava. Estava em uma posição ainda mais inferior pelo simples fato de não ser tão boa quando o assunto é música.
Sempre que ouvia o meu irmão tocar para mim o grande piano em nossa sala, dizia a mim mesma que podia fazer melhor do que ele. Mas a verdade é que até agora, não cheguei nem em um terço do que ele é capaz de fazer.
Isso me desmotiva um pouco já que não importa o que eu faça, ele sempre consegue fazer melhor. Pois era perfeito em tudo e conseguia realizar seus feitos sem dificuldade alguma. Agora eu, não. Eu precisava me esforçar e me dedicar ao máximo. Pois quem não nasce com dom, vai em busca dele.
Caminhei em direção a biblioteca onde aconteceriam as monitorias, e notei a única pessoa naquela escola inteira que era capaz de saber exatamente o que eu estou sentindo sem ter que dizer. Sim, estamos falando da bibliotecária.
— Meu Deus! — Ellen caminhou em minha direção, com seus cabelos acizentados presos em um coque bem apertado, sua saia preta colada e uma blusa larga de manga longa. — Você mudou tanto nesses dois meses de férias.
— Obrigada, Ellen! — A puxei para um abraço. — Eu estava com saudades. — Passei meus braços pelas suas costas como se precisasse muito daquele abraço. Demorei cerca de 40 segundos a abraçando.
— Está tudo bem? — Perguntou, assim que nos afastamos um pouco.
— Estou. — Ela franziu um pouco as sobrancelhas. — Só está sendo um dia um pouco cansativo. Te garanto que estou bem, não se preocupe. — Assentiu, nem um pouco convencida disso.
— Você veio pegar os alunos que dará monitoria esse ano? — Confirmei com a cabeça, me sentindo um pouco aliviada por ela ter mudado de assunto.
A mulher deu a volta pelo balcão, procurando algo pelas folhas sobre ele, provavelmente a lista de alunos desse ano. Assim que ela encontrou, sorriu e me estendeu.
Analisei o papel vendo que a maioria dos alunos eram do primeiro ano, o que era o correto já que eu comecei a cursar o segundo agora, mas ao notar um aluno do segundo ano, olhei para Ellen sem entender a situação.
Mike Lewis...
Quem era esse?
Por algum motivo o sobrenome não me era estranho.
— Ellen? — Ela me encarou como se já soubesse o que eu perguntaria. — Como assim darei monitoria à um aluno do mesmo ano que estou?
— Então... eu recebi ordem do diretor de colocar esse menino na sua lista. — Suspirei, voltando o meu olhar para o nome. — Segundo ele, como estão na mesma sala, você o ajudará com as matérias.
— Inacreditável. — Sussurrei, pensando no quanto seria difícil explicar matérias nas quais ainda irei aprender, ao invés de explicar as que já tenho decoradas na cabeça. — Eu preciso mesmo fazer isso?
— Não, não precisa. Seria ótimo para o seu currículo escolar, porém, você não precisa fazer isso. Mas esse assunto deve ser resolvido com o diretor, já que as ordens vieram dele. — Tocou o meu ombro, em uma tentativa de consolo.
— Tudo bem, obrigada Ellen. — Me retirei da biblioteca, respirando fundo para não surtar. Como eu daria aula para um aluno que é da mesma série que eu? Como encontraria a melhor maneira de explicar algo que ainda estou aprendendo? E esse sobrenome? Eu tinha a certeza de que já o escutei em algum lugar.
— Mya! Te procurei por todos os lados. — Olivia andava até mim com o anjinho e a colorida ao seu lado. — O diretor está te procurando para falar do baile de boas vindas.
— Estou me matriculando nas aulas extras, vocês já fizeram isso? — Voltei a andar, vendo eles caminharem ao meu lado.
— Não sei qual eu quero fazer. — Hilary declarou, com uma expressão exausta.
— É tanta aula que parece divertida, que não tenho ideia de qual gosto mais. — Foi a vez de Noah.
— Vou me matricular em reforço de matemática e teatro. Preciso desse reforço, sou péssima em matemática. — Olivia fez uma careta, analisando os papéis em suas mão.
— Acho que vou em reforço de matemática e teatro também. Admiro muito quem sabe atuar, e bom, preciso entender matemática! — Hilary bufou, dizendo a última afirmação.
— Vou em futebol americano e reforço de matemática, já que bom, eu também não sei matemática. — Noah declarou por fim, nos fazendo rir. — e você Mya? Vai em qual?
— Piano e francês — Declarei, vendo Olivia fazer uma careta.
— De novo? Quer dizer, dessa vez é francês ao invés de espanhol, mas vai fazer as mesmas aulas pela centésima vez? — Suspirei ao ouvi-la dizer isso.
— Gosto das aulas. — Falei, não parecendo tão convincente assim.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...