— Você empurrou ele da cadeira?! — Olivia berrou, me fazendo repensar se deveria ter contando a elas.
— Acho muito legal da sua parte. — Foi a vez de Hilary dizer. — Se eu pudesse esfregaria a cara dele em um asfalto quente do Brasil.
— Do Brasil? — Olivia perguntou.
— Sim, dizem que lá é muito calor. — Deu de ombros, voltando sua atenção para mim. — Não se sinta mal, Mya! Ele que começou.
— Mesmo assim! Isso põe em risco a confiança que meu pai colocou em mim! — Bufei, fechando o meu armário com os materiais em mãos. — Eu vou tentar consertar isso.
— Vai me dizer que vai pedir desculpas a ele?! — Hilary bufou, não concordando nem um pouco com a ideia.
— É isso mesmo que irei fazer. Sou responsável o suficiente para reconhecer o momento em que errei. — Andei em direção a sala de aula, ouvindo elas ainda discutindo sobre o assunto.
— E onde você errou, linda? — Hilary arqueou as sobrancelhas. — Mas é cada coisa que a gente precisa escutar.
— Olha. — Olivia tocou o meu ombro, chamando minha atenção. — Se você realmente não está se sentindo bem com isso, o ideal é fazer o que vc julga ser o certo. Caso contrário, isso vai te atormentar por um bom tempo. Independente da sua escolha, vamos concordar e até te ajudar. — Hilary cruzou os braços, a encarando.
— Eu vou? — A menina perguntou.
— Vai sim. Não é, Hilary?! — Olivia lançou um olhar fulminante para a garota.
— É, é sim. — Ela bufou.
Dei um meio sorriso para as garotas e prossegui meu caminho pensando no que eu faria para resolver isso. Tenho a certeza que um simples pedido de desculpas não adiantaria. Já que o menino era convencido, ignorante e irônico. Eu precisava ser convincente.
Passei as aulas inteiras antes do intervalo, buscando em minha mente maneiras de me desculpar sem me sentir humilhada e ao mesmo tempo demonstrar arrependimento. Até que cheguei a conclusão de que o mais simples era o mais indicado.
Mas acontece que o menino não apareceu nas últimas quatro aulas.
Nem ele, nem Ethan e muito menos Noah.
Seja lá o que os três bonitos estavam fazendo, não era coisa boa. E confesso que o medo de ser algo contra mim, era grande.
— Eles não apareceram nas últimas aulas. — Olivia começou a dizer, assim que nos sentamos na mesa do refeitório.
— Tá vendo? O universo está avisando para não pedir perdão e vocês não tão vendo. — A colorida balançou a cabeça para os lados, levando um suco de caixinha até a boca.
— Fica quieta. — Olivia apertou a caixa de suco, fazendo o suco se derramar pelo o uniforme da menina.
Nossa amizade estava muito saudável.
— Só por causa disso, seu bolinho agora é meu. — Hilary pegou o bolinho na bandeja da menina e correu em direção as portas do refeitório.
— Eu vou pegar um ar antes do sinal bater novamente. — Dei uma risada e peguei a minha bandeja para levá-la de volta ao balcão.
Saí do refeitório e caminhei pelos corredores na intenção de chegar até a biblioteca, foi quando ouvi vozes no canto dos armários e algumas risadas exageradas.
— Tadinho, ele ficou com medo. — Aquela era a voz de Ethan, então me aproximei para saber o que estava acontecendo.
Ethan, Noah, Mike e mais alguns meninos, que eu julgava ser de outra turma, estavam rodeando Alex que possuía um olhar amedrontado. O menino estava caído no chão e os seus óculos, que deveriam estar no rosto, se encontrava amassado e as lentes quebradas em mil pedacinhos. Encarei aquilo, totalmente desacreditada.
Alex era um dos representantes de turma e um dos alunos mais aplicados que já vi nessa escola. Já ganhou diversos prêmios, suas notas eram excelentes e ele ainda era um dos que mais ensinava na monitoria.
Só que mesmo sendo tão incrível assim, isso não era bem visto aos alunos que não se dedicavam. Era considerado um nerd e por toda sua vida escolar, foi alvo de bullying.
— Você está praticando bullying agora? — Cruzei meus braços, vendo o semblante assustado deles ao ouvir a minha voz. O único que não parecia tão intimidado assim, era Mike. Que na verdade parecia sedento por confusão.
— Viu? Não somos tão diferentes assim. Eu pratico bullying e você também. — Ele deu um sorriso debochado e eu apenas fechei os meus olhos e respirei fundo.
— Aonde me viu praticar bullying? — Perguntei calmamente, enquanto seus amigos abandonavam o semblante de medo e sorriam como se fosse rolar uma briga.
Eu não estava em busca de brigas, na verdade, queria entrar em paz. Mas era inevitável já que ele fazia questão de mexer com a minha boca.
— Na sala, comigo. Vai dizer que aquilo não é bullying? — Levou a mão a boca, fazendo uma expressão surpresa. — Acha certo agredir um aluno por ele ser diferente de você?
ignorei completamente o garoto e fui em direção ao menino que estava caído no chão com um olhar assustado. Ele parecia muito angustiado.
Estendi minha mão e ele agarrou sem pensar duas vezes, se levantando.
— Pode ir Alex. — Sorri, tentando conforta-lo. — E denuncie, por favor. — Declarei por fim, vendo Mike sorrir.
— Vê se não se perde no meu armário da próxima vez, Alex. — Gritou para o menino, fazendo seus amigos rirem.
— Da próxima vez eu deveria esfregar a sua cara em um asfalto do Brasil, ao invés de só te derrubar da cadeira. — Disse por fim, e saí do corredor deixando os idiotas rindo sozinhos.
Eu não conseguiria ficar em paz com ele. Ele não era o tipo de pessoa que quer estar em paz. Ele gosta de confusão. Ele anseia por confusão.
Como vou lidar com uma pessoa assim? Alguém que não se importa nem com os sentimentos dos outros? Que acha normal debochar de alguém só por ele ser quem é? Como posso lidar com Mike Lewis se não conseguimos nem ao menos nos entender?
Sempre achei que podia controlar todas as situações da minha vida, até me deparar com essa.
Que foge completamente do meu controle.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...