55. Nós dois.

57 21 29
                                    

Narrado por Mya.

— Vai, Mya! Só faz a prova! Isso vai ser bom para você. — Larry repetia isso pela milésima vez depois de eu ter dito que não faria a prova.

— Larry, não tenho a mínima vontade de fazer! Não quero mais! — Me virei para o garoto que corria de um lado para o outro atrás de mim.

— Você não precisa colocar a pressão que ele coloca em você. Faz sem essa pressão. — Ele me encarou quase que implorando.

— Não! Por que isso é tão importante para você? — O questionei.

— Porque eu acho que você precisa disso. Acho que você vai se sentir muito bem depois disso. Faz, por favor. — Juntou as mãos uma na outra, implorando dessa vez.

— Tudo bem, Larry. Eu vou fazer a prova! Satisfeito? — Bufei. Estava comemorando por desistir da prova e ter o dia inteiro de folga da escola e aí me vem Larry com essa.

— Estou! Você vai ver só como vai se sentir. Lembre, faz sem pressão! Faz como se você não quisesse fazer. — Aconselhou.

— Então eu vou marcar tudo aleatoriamente e entregar. — Dei de ombros.

— Você entendeu o que eu quis dizer! — Declarou, me fazendo rir de sua indignação.

— Tá bom, tá bom, Larry. Agora deixa eu deitar um pouco pra minha mente funcionar nessa prova.

— Vai lá, estou indo para a faculdade também. Boa sorte irmãzinha, e lembre-se, sem pressão hein. — Fiz um joinha para ele enquanto subia as escadas. Escutei a sua risada e sorri também.

Sem pressão.

(...)

Estava me arrumando para ir a escola quando o meu celular começou a tocar em cima da cama. O peguei, lendo na tela o nome de Mike. Não estava exatamente Mike, porque ontem ele pegou o meu celular e colocou seu nome como "Meu amor", sem o meu consentimento.

Oi, gatinha. — Foi a primeira coisa que disse. — Está afim de fazer alguma coisa hoje? Estava pensando em ir a um restaurante ou....

— Estou saindo de casa agora para fazer a prova. — Suspirei.

— Decidiu ir? — Ele perguntou antes de um barulho bem alto tomar a frente na linha. — Pai?! Você vivo?

— O que aconteceu?

Meu pai caiu da escada. Estamos limpando o espaço da minha mãe, está com bastante poeira. — Disse naturalmente. Como se fosse habitual o pai cair da escada.

— Meu Deus! Ele tá bem? — Coloquei no viva voz para colocar os tênis nos pés.

Estou sim, norinha! — Mike colocou o pai na linha, me fazendo rir do jeito que ele estava alegre após cair da escada.

— Que bom que os ossos estão todos no lugar. — Brinquei.

Acho que posso ter quebrado o trapézio ou a escafóides quando usei a mão de apoio mas bem. — Me assustei ao ouvir aquilo. — Viu, ele bem! — Mike voltou ao celular da forma mais natural possível. — Então decidiu fazer mesmo a prova? Achei que não quisesse quando conversamos ontem.

— Meu irmão insistiu muito. Acho que ele não quer que eu me arrependa de não ter feito. — Quando coloquei o tênis, me levantei da ponta da cama encarando o espelho. Meu cabelo estava o verdadeiro caos, desafiando as leis da física.

Entendo. Olha, faz com calma, sem pressão. — Ele repetiu a mesma coisa que Larry. Estava começando a pensar que ele era um clone de Larry ou algo parecido. — Não leva a prova como se fosse um peso, e sim, como uma oportunidade, viu? Eu acredito em você e no seu grande potencial. — Me incentivou.

Não vou negar que adoraria ficar em casa e não ir a essa prova, mas ver o quanto eles acreditavam em mim, me fazia querer agarrar essa oportunidade de trazer orgulho a eles. Me lembro que desde do final do ano passado planejava fazer essa prova para agradar ao meu pai, por isso o motivo da minha desistência repentina. Mas por alguma razão, Larry me mostrou hoje mais cedo que eu devia fazer isso por mim, para me orgulhar de mim mesma.

— Obrigada, Mike. Mas agora tenho que ir. Os portões fecham duas horas e já são uma e meia. Vou me atrasar! — Declarei, pegando a mochila que separei para a prova.

Deixa eu te levar? Queria ficar com você hoje. — Ele perguntou. Pensei um pouco. Se Mike saísse agora, provavelmente demoraria uns vinte minutos para chegar aqui, que seria mais ou menos uma e cinquenta. Da minha casa até a escola são mais uns quinze à vinte minutos.

Não vou chegar à tempo.

Ah vai! Por favorzinho.

— Os portões vão fechar e eu vou perder a prova! — Retruquei.

Que isso? Vai virar cativa? — Brincou.

— Tentamos fazer alguma coisa mais tarde, pode ser? — Dei a opção.

Eu vou esperar. — Ele falou de uma forma tão ansiosa que me fez sorrir. Eu adorava essa vontade que tinha de querer passar a maior parte do seu tempo comigo. — Você podia vir aqui em casa, né? — Sua voz saiu de um jeito malicioso.

— Olha só, você pare de ser assim, tá me ouvido? — Dei um esporro no menino, fechando a porta de casa.

É brincadeira, amor. Só quero te mostrar a salinha da minha mãe. Acho que você vai gostar. — Declarou em meio as risadas. — Enfim, vai fazer a sua prova que mais tarde pensamos no resto. Boa sorte, eu te amo bom? — Disse por fim.

— Eu também te amo. — Eu acho que aquela foi a primeira vez que eu disse essas palavras a ele. Saiu de forma tão natural que eu só notei quando ele soltou um ar surpreso.

O que você disse? — Perguntou. Eu sei que escutou. Estava querendo ouvir novamente.

— Amo você, Mike. Eu amo muito você. — Começamos a rir igual a duas hienas, sem um motivo. — Quem começa a rir quando diz eu te amo? Meu Deus!

Nós dois.

Éramos realmente perfeitos um para o outro.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora